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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

PONTO CEGO: QUANDO VOCÊ TEM QUE SE TORNAR UM LORPA

O que vou escrever aqui é produto de uma reflexão. Ou melhor de uma explosão. Algo interno. De dentro para fora. Incontrolável. E com uma razão. A coisa começou assim: alguém me fez uma pergunta que eu a principio não soube responder. E quando eu não consigo responder, em se tratando de um assunto que milito, que na verdade vivo vinte e quatro horas do meu dia, como os cavalos de corrida, choca-me. Só que esta pergunta me foi feita há mais de três anos, durante uma entrevista dada a uma revista australiana e só agora tive o ensejo de explodir. na verdade quando tive tempo de voltar a ela, refletir e novamente não achar uma resposta que pudesse me fazer certeza, que tinha atingido o objetivo. A não ser a que honestamente dei naquela oportunidade.

A pergunta era simples e direta. A razão de meu sucesso em relação a ter selecionado a Gloria de Campeão. E este, simplesmente ter ganho a prova de maior dotação do turfe mundial. A Dubai Cup.

Confesso que na hora me deu um branco. Mas daqueles brancos que lhe tiram seus pés do chão. Arracam suas raízes. O deixam completamente perdido. Orfão de tudo. Até de si mesmo. Era uma pergunta previzível, já que aquela era a única razão pela qual um grupo australiano havia se interessado em me ouvir. Mas, mesmo assim, eu não estava ainda preparado para ela, principalmente por que aqueles que me entrevistavam, tinham me descoberto, graças a um gentil artigo escrito por Tony Morris, que até que se possa provar ao contrário, é o papa de nossa atividade escrita.

O certo é que os que me entrevistavam, não haviam feito seu dever de casa. Não possuíam a menor ideia quem eu era. O que poderia dizer. Contribuir. Somar. E assim, tateavam a procura de descobrir quem eu poderia ser e um ângulo, onde melhor poderiam explorar aquilo que teriam que escrever, para um publico que me desconhecia e mais do que isto, desconhecia até o que era o cavalo brasileiro. E do outro lado, eu, que embora estivesse faceiro com o interesse deles, também não entendia o por que do interesse. Mesmo tendo o artigo de Tony Morris me colocado nas alturas.  Afinal, mesmo sabedor que nós brasileiros ainda somos um mistério para outros mercados, dai a haver um interesse, existia um longo e tenebroso inverno. Resumindo, era como se fosse aquele encontro arrumado por amigos, um blind date, onde ambas as partes são colocadas juntas sem saber por que ali estão. E passam a entrar num processo de descobrimento mutuo.

Na hora, o que me veio a cabeça, foi um conceito que sempre tive em mente. "Sucesso para mim, é um acidente de percurso". Esta foi a minha resposta. Você faz uma coisa, repete-a várias vezes. Esmera-se. Melhora. Evolui e quando menos espera, a coisa acontece. Muitas vezes até o pega de surpresa, embora seja o alvo de seu tiro. E no caso de Gloria de Campeão, onde menos esperava-se, principalmente para aqueles que estão fora de sintonia com o projeto, aconteceu.

Sim, eu disse projeto, pois, Gloria de Campeão  era parte de um projeto. Explico-me. O Stefan Friborg, quando veio a mim, foi claro. Ele queria ganhar a Dubai Cup, não só por ser uma carreira importante, como também por preencher parte de um plano seu de colocar seus pés em Dubai, e no convivio de certas pessoas, que lhe pareciam importantes, dentro de sua linha de trabalho, o petróleo.

Fiz ver a ele, que não seria simples, mas longe de poder ser considerado impossível. Na verdade era uma questão de tempo e organização, e que a trilha por ele escolhida, com cavalos e profissionais brasileiros, era a mais dificil a ser percorrida, pois genéticamente eramos inferiores, os cavalos evidentemente... Mas ele topou e eu comecei a ir a Brasil, examinar mais de 1000 potros e comprar de dez a quinze por geração. Por que não passava deste número, já que não haviam limitações financeiras? Por que, desculpem, mas não existem mais elementos brasileiros à um nivel internacional, em uma geração. Paralelamente montei um esquema de levar os escolhidos, depois de estreados e provados em pistas brasileiras, com uma antecedência de vários meses, para a França, onde um esquema próprio foi montado, lá aclimata-los e então convenientemente prepara-los para chegar ao Carnival em ponto de competição.

Tignon Boy, foi o que sobressaiu do primeiro grupo, mas infelizmente mesmo classificado para a final, mancou na manhã da carreira. Punch Punch, ganhou duas preparatórias, mas chegou a final sem o mesmo elã. E ai veio Gloria de Campeão, que foi uma vez segundo, e a seguir ganhou. E o projeto que era estimado para dez anos, consagrou-se e cristalizou-se em apenas quatro. E mesmo quando aconteceu, não acreditei.

Hoje não existem mais cavalos brasileiros, sequer chegando a uma final. logo, querendo os lorpas ou não, era um projeto, que não só funcionou como atingiu aos objetivos, a ele propostos.

Na hora senti da parte daqueles que me entrevistaram uma certa frustação. Esperavam por uma história rocambólica de sucesso e eu lhes brindava a definição daquele sucesso, como um acidente de percurso. Repaginando, não apenas aquele sucesso. Eu generalizara. Todo e qualquer tipo de sucesso rm toda e qualquer atividade. Mas falemos dos lorpas.

Nelson Rodrigues uma vez disse que o maior feito da humanidade foi a ascenção do idiota. Quando nossa civilização, deixou que o idiota emitisse sua opinião, as coisas começaram a desgringolar. Vieram as revoluções, os novos sistemas de governo e a completa intolerância. Vide, a revolução francesa, o regime implantado por Lenin, a ditadura implantada pela familia castro e até a ascenção do PT no Brasil. E infelizmente no turfe, e me atenho ao nosso, o idiota tem uma posição impar, pois, nada tem a perder. Os valores de nosso mercado são ínfimos. Nunca haverão grandes perdas., em um mal passo. Agora imaginem quando você faz seu cliente colocar em seu bolso mais de seis milhões de dolares, como produto de apenas uma corrida, com um cavalo de pedigree médio, criado por estabelecimento de cria sem expressão internacional, e adquirido a um preço um pouco maior de uma cocada e duas mariolas? Os lorpas irritaram-se.

Para os australianos, que já vinham condicionados, ter sido a vitória de Gloria de Campeão mais produto de sorte ou acaso, do que propriamente um projeto, criado e dirigido com apenas um alvo, foram pegos de surpresa. E ainda com aquela definição de sucesso, ser um acidente de percalço, os deixou ainda mais cegos. E num quarto escuro, com balas zunindo no ar...

Quando me refiro a ascenção dos idiotas em comunicar-se, houve um tempo que eles seguiam ordens, pois, a única forma de comunicação eram as cartas e poucos deles sabiam escrever. Hoje com o evento da internet, todos podem emitir opiniões. E o mais perigoso de tudo: na maioria das vezes defendidos por não se saber suas verdadeiras identidades. 

Hoje eu explodi com a resposta, dirigindo meu carro do aeroporto à minha casa. Realmente foi um acidente de percurso. Mas o fato de estar na direção certa, os conceiros certos e dentro da montagem certa, não só acelerou o processo com induziu a coisa a cristalizar-se. Aliás ela tinha que acontecer. o Stefan não mediu esforços para consegui-lo, embora tenha limitado em muito as opções, quando determinou que o cavalo deveria ser brasileiro. Outrossim, me deu a oportunidade de voltar a fazer aquilo, que uma dia tinha feito para o TNT, e que lhe trouxe entre outros na época, e num um exíguo espaço de tempo, algo como Much Better. Ver tudo e separar os melhores. Explico-me.

Quando você vai a uma venda. Tudo fica limitado a uma amostragem. Tão somente, aquilo que lhe é ofertado, naquele momento. Você no máximo elege o melhor de um reduzido grupo. Quando você inspeciona 2/3 de uma geração, você passa a poder se utilizar de um muito maior efeito comparativo. Ai seu olho, somado a existência de algo e por que não dizer do fator sorte, irão fazer a diferença. E foi o que aconteceu. E se o treinador contratado pelo Stefan tivesse deixado de lado aqueles dogmas usuais, próprios de sua atividade, ele teria ganho a sua segunda Dubai Cup com o Einstein, que, para mim era muito mais cavalo que o Gloria de Campeão. Sem termos de comparação.

Hoje teria exposto aos colegas australianos, não só o processo de montagem, mas também como havia sido o de seleção. E creio que ele teriam entendido melhor, as razões de um cavalo brasileiro ter conseguido um feito que eles australianos, ainda não o haviam conseguido, mesmo tendo uma melhor genética. Mas para complicar mais ainda a situação, no final eles me perguntaram qual teriam sido os melhores dez cavalos a que eu estivera associado como selecionador. Não precisei pensar e iniciei, Much better, Da Hoss, cara Rafaela e assim fui. E quando cheguei ao décimo, eles vieram com a pergunta fatal. "Mas e o Glória de Campeão, não faria parte destes?" Na omissão do mesmo formou-se um ponto cego bem na minha testa!  Minha única saída, foi, tornar-me um lorpa e aumentar a lista para onze...