Não tenho consciência de ter visto ou ouvido da parte de vó Adelina, ter ela lido um livro sequer. Sua cultura, como a de quase todos brasileiro, era oral. Uma característica que vinha desde os tempos dos Tupinambás. O discurso veemente fala mais ao brasileiro que o texto consiso. O jornal nacional é mais visto, do que o jornal o Globo é lido. Por isto os Brizolas, os Lacerdas, os Getúlios e os Lulas da vida alcançam maior notoriedade que os Machado de Assis e os Jorge Amados.
Alguém, deve perguntar, então porque escrevo? Com tanta intensidade e quase todos os dias? E eu respondo, que exatamente não sei. O que sei, é que com o passar do tempo, o conhecimento se confunde com sua memória. O que torna mais dificil, de se projetar algo novo, ou dizer alguma coisa que realmente reflita seu espírito inovativo. Einstein, tinha para ele, que a imaginação era mais importante que o saber. Concordo, mas reflito que não existe imaginação, sem um minimo de sabedoria, pois, só quem tem treinamento mental é capaz de visualizar o novo, o não ainda explorado.
NÃO SEI SE ESTAS COISAS
QUE ESCREVI FUNCIONAM NO BRASIL.
SOMOS ABERTOS PARA ALGUMAS COISAS
E FECHADO PARA OUTRAS.
O Brasil não é como nos Estados Unidos, onde se você trabalhar forte por 20 anos, vivera os 20 seguintes como um rei. No Brasil, evidentemente com exceções, você precisa dar uma tacada, para poder viver que nem um rei. E para dar esta tacada, é necessária imaginação.
O turfe é tradicional. Criadores muitas vezes preferem reprodutores testados a inéditos. Importados a nacionais. Éguas clássicas a perdedoras. Resumindo o certo pelo incerto. Logo, qualquer processo iniciativo, de cara já é mal visto. Temido. Aqui desconfia-se mais do que em qualquer outro lugar. E eu acho que não deveria ser assim, pois, quando o dinheiro é pouco, a imaginação e a inventiva deveriam imperar.
Quando me atenho a imaginação nas montagens de um pedigree, lembro imediatamente de Indail um produto de Xasco e Teiga, resumindo, nada com porra nenhuma. Outrossim, Xasco era neto de Zula e Teiga sua bisneta. Quem era Zula? Acreditem em mim, não muita coisa. Porque a coisa aconteceu? Não sei, o que suponho é que de alguma forma esta duplicação pode ter funcionado positivamente. Um processo imaginativo que se foi abonado pela sorte, pelo menos merecia. E Indaial, foi um dos melhores milheiros que tive o ensejo de ver correr.
Poi bem, onde o dinheiro é curto e as opções poucas a imaginação tem que funcionar. O que vou relatar agora aconteceu há duas semanas no Uruguay. Descocado venceu os 2,000m do Assemblea de la Florida (Gr.2). O que isto tem de importante? Aparentemente nad. Todavia, olhando o pedigree de Descocado ntaremos que ele se trata de um filho do argentino Demostrado, um ganhador de cinco carreiras em seu pai de origem, e Dille uma não ganhadora. Logo, a história se repete. Um nada com uma porra nenhuma. Mas tanto Descocado (seu bisneto) quanto Dille (sua tataraneta) são descendentes de uma mesma égua, Desalmada. Que foi Desalmada? Ninguém soube me explicar, mas o que mais me impressiona, é que ela tinha dois imbreeds, em dois chefes de raça que há meu ver já foram extintos, The Tetrach 5x5x5 - o rei dos sprinters - e Son-in-Law 5x4 - o rei dos stayers.