Isto não a faz um especializada na distância, mas uma ganhadora na mesma. É aquela velha situação que digo sempre por aqui. Nas carreiras brasileiras, muitas vezes, alguém tem que ganhar. Não será na maioria das vezes aquele que mais corre, mas certamente aquele que menos cansa.
Para quem não é versado no assunto, a stamina, é um dom que alguns cavalos tem de chegar a distância. É algo que nasce com o cavalo. Ou melhor, que fica estabelecido em seu código genético quando o útero é fecundado. Funciona como uma solitária árvore no meio de uma planicie.
Alguns treinadores tem a capacidade de extrair de seu pupilo a plenitude desta stamina. Outros não. Isto faz parte da profissão. Penso que treinar um cavalo de velocidade é uma coisa bastante dificil, mas fazê-lo com um staminado, é uma arte. Não é se trabalhando a distância e obtendo-se no relógio o tempo proposto que você prepara um cavalo para a milha e meia. é sabendo ensinar a ele um pace, que faça que o mesmo tenha reservas e apresente na pista, uma aceleração final.
Alguns o fazem de ponta. Outros vindo do meio do pelotão. Você não consegue fazer o cavalo exercer sua stamina nos metros derradeiros, apenas dando-lhe um pace ameno, daqueles que correm de trás e atropelam no final. Para isto o cavalo tem que ter estas características. Explico-me melhor. Não é contendo durante a carreira seu pupilo, que haverá garantia de aceleração final. As vezes o esforço que ele tem que fazer saindo de uma má posição o cobra exatamente nos metros finais se ele não tiver aquilo que chamamos de stamina. Ele vem e cansa.
No Rio de Janeiro, a gente pode tirar a competência de certos treinadores para a milha e meia, contando o número de GPs. Brasil, que cada um ganhou. Pesquisando-se chega-se a conclusão, que apenas dois treinadores, ganharam mais que uma vez, esta carreira de 2000 para cá. Isto é, neste século que completa 16 anos de disputas. E o mais impressionante, é que o Guignoni ganhou cinco e o Vanâncio quatro. Isto representa uma percentual de quase 57%. Garanto-lhes que é excepcional.
Logo, até que me possam provar ao contrário, de alguma forma, eles tem a "formula" de preparar um cavalo para esta distância. Ou acharam o caminho tortuoso das pedras, que os outros ainda estão a procura. O que isto sugere? Que deverá haver um perfeito casamento no elemento staminado se ele cair nas mãos daquele que o treina de maneira correta. Em outras palavras, muito cavalo staminado não encontra o treinador certo e numa visão maior, muito cavalo não staminado acaba levando a melhor, por ser treinado por alguém que sabe como chegar lá.
O cavalo não é escravo de seu pedigree. Mas em que proporção? Eu diria que pequena. Ghadeer, talvez o melhor reprodutor que serviu aqui no Brasil, nestes últimos tempos, precisava de ajuda da mãe para chegar a milha e meia de alto nivel. Se não me engano, teve um ganhador do Brasil e um do derby carioca. Pouco para a sua magnitude no breeding-shed. Logo, ele não trasmitia stamina para a sua prole, embora classicismo não lhe faltassem. Clackson, por sua vez era o inverso. O que determina, que o pedigree é um mapa, que na maioria das vezes lhe faz encontrar o tesouro, mas cada um destes tesouros terá uma forma definida, por aqueles que formam o seu pedigree.