Dizem os antigos, principalmente os mais tementes a Deus, que ELE escreve certo por linhas tortas. Eu nunca entendi bem, o que isto representava até cair de cabeça no turfe. E aqueles que militam nesta atividade, sabem melhor do que ninguém, que se cai de cabeça, ou se quebra a cara, bonitinho.
Vou contar o porque desta introdução. Anos atrás, vim ao Rio de Janeiro, com dois clientes norte-americanos. Era para adquirir Durban Thunder, a nas cercanias de qualquer preço. Para encurtar a história, nadamos, nadamos e morremos na praia, o Stud Raça levou por preço recorde o filho do Royal Academy. Pois bem, nestas vendas dei de cara com uma potranca que me agradou muito e mostrei aos clientes que para não perderem a viagem, aceitaram adquiri-la. Seu nome Dancing Chris.
Dancing Chris ganhou apenas uma carreira em doze apresentações e acabou no haras Zenabre e eu confesso a vocês que nunca engoli aquela mediocridade apresentada em pista. Era um dos maiores erros que havia cometedi em termos de seleção. Mas como diria a sabia Adelina Gameiro, bom cabrito não berra. Espera a hora de pastar!
Anos depois, o haras Zenabre liquidou e lá estava Dancing Chris. Eu tinha sido recentemente incumbido de comprar éguas para um recem incorporado reprodutor, Acteon Man. E toda aquela classe que Dancing Chris inspirara a mim, voltou imediatamente a minha mente. E afinal, em meu conceito, ela nunca deixou de ser uma descendente direta de Skyle, filha de Roi Normand em mãe Ghadeer. O que em outras palavras me fazia crer que a classe sempre esteve lá, mas por razões, que a própria razão desconhece, não aflorara.
Expliquei ao Aluizio Merlin Ribeiro e ele comprou-a e sou a ele eternamente grato de ter confiado em um taco, que havia errado a caçapa da primeira vez. Ela já não era uma mocinha, era uma senhora que produzira três produtos de Hard Buck que somados contribuiram com apenas uma vitória. Pois bem, a seguir nasceu uma Nedawi, daquelas que correm pouco e finalmente o primeiro filho de Acteon Man. Lindo e perfeito, mas que morreu de causa nunca explicada, com dias de vida.
Logo, aquilo que eu considerava uma injustiça divina, na verdade começava a desenha-ser como um buraco negro de largas proporções. E nós estavamos entrando nele, por livre e expontanea vontade. Mas, como último refúgio, lembrei daquela velha frase: Deus escreve certo por linhas tortas. E o produto seguinte, Famous Acteon, ganhou o Derby.
E quando pensavamos que as linhas tortas haviam se acertado, Famous Acteon, se fratura na semana do GP. Brasil, que tinhamos como favas contadas. Favas contadas? Como se no turfe não existem favas a serem contadas? Corrido o páreo, com Como Quieras sendo terceiro, não tivemos mais dúvidas, que as favas teriam sido contadas, caso ele viesse a correr...
Este fim de semana Famous Acteon volta - em sua segunda tentativa - e com eles as esperanças que as linhas voltem a se acertar, pois, quando ainda tortas, cumpriram seus propositos.
SE VOCÊ NÃO GOSTA DE TURFE, PROCURE OUTRO BLOG. A IDÉIA AQUI NÃO É A DE SE LAVAR A ROUPA SUJA E FAZER POLITICA TURFISTICA. A IDÉIA AQUI É DE SE DISCUTIR TEORIAS QUE POSSAM MELHORAR A CRIAÇÃO E O DESEMPENHO DO CAVALO DE CORRIDA. ESTAMOS ABERTOS AS CRITICAS E AS TEORIAS QUE QUALQUER UM POSSA TER. ENTRE EM NOSSA AERONAVE, APERTEM OS CINTOS E VISITEM CONOSCO, O INCRIVEL MUNDO DO CAVALO DE CORRIDA, ONDE QUERENDO OU NÃO, TUDO É PRETO NO BRANCO!