Logo, o que vou dizer, nada tem a ver com qualquer tipo de bairrismo. É apenas a luz dos fatos - principalmente os númericos - que emolduram nossos resultados no mercado de cavalos de corrida. Dito, isto, vamos a eles.
Tornei publico, aqui mesmo, minha admiração para com Roderic O´Connor, mesmo sendo considerado por muitos, um animal pequeno. Eu já o tinha em grande valia dentro de minhas predileções, afinal um cavalo que dos que habitam este planeta, foi o que chegou o mais perto de Frankel, merece todo o meu respeito e admiração.
Pois bem, ele veio para o Brasil, e mesmo não servindo baseado nos grandes criadores da época de Bagé, deixou uma geração, e consegue seu quarto ganhador de grupo. Enquanto isto em São Paulo, outro descendente de Northern Dancer, igualmente de baixa estatura, foi trazido. Seu nome Holy Roman Emperor. Com um detalhe recebeu o apoio de quase todo e qualquer criador paulista.
Holy Roman Emperor teve 107 filhos registrados, enquanto Roderic O´Connor apenas 93, sendo que Holy teve até aqui apenas dois ganhadores de grupo. Logo seus percentuais de aproveitamente clássico diferem. Enquanto Roderic apresenta um percentual de 4,30% enquanto o de Holy é de apenas1,86%. Porque o diferencial neste aproveitamento?
Sem bairrismo acredito que Bagé, por ter melhores resultados clássicos, que São Paulo, hoje "ajuda" mais um reprodutor a se lançar, levando-se consideração, pastagens, lida, meio ambiente, profissionais e éguas de cria. Faço questão de frisar que esta observação é feita, analisando-se estes percentuais de uma forma fria e sem nenhum respaldo técnico. É apenas uma observação de quem vê as coisas de fora.
Mas pelo que Holy Roman Emperor e Roderic O´Connor produziram no hemisfério norte, ficava pressuposto que Holy deveria ter mais sucesso do que Roderic. Mas não é o que parece estar acontecendo. E porque não?
A criação de cavalos de corrida tem sua base na mei das probabilidades. Num cruzamento lúcido as chances são maiores. Não existem certezas. Mas discordo veementemente do aleatório. Se com planejamento você tem 20% de chance de êxito, imagine se depender do aleatório? 1%?
Destesto aquele chavão popular que tudo é uma questão de sorte. Sorte ajuda, mas não resolve. Abomino, que os defendores da tese que tudo seja uma questão de pastagem e aveia, venham a vencer. E me apovara, mais do que tudo aquele que não dá valor a um projeto e indiferenã em relação ao meio ambiente.
Eu acho que a criação paulista tem um antes e depois do Posto de Monta. Quando existia, trazia reprodutores de bom nivel e criavam opções, principalmente para os criadores locais, de formarem seus planteis, inclusive uma vez com um leilão de éguas importadas pelo próprio Jockey Club. Por lá passaram entre outros Coaraze, Zenabre, Breeders Dream, Henri le Balafré e Executioner para se citar, os cinco, que a meu ver, obtiveram maior sucesso.
Problemas de valorização imobiliaria, inviabilizaram a continuação do Posto de Monta. E parece que o dinheiro de sua venda, não solucionou em nada a situação financeira que hoje se encontra atualmente. Numa prova inequivoca, que vender patrimônio, pode apagar uma fogueira, mas nunca um incêndio.
Acho que a venda do Posto de Monta do jockey Club de São Paulo foi o primeiro passo para o retrocesso levado a efeito na criação de cavalos de corrida paulista. A falta de renovação, no quadro de criadores, foi outro. A valorização das terras paulistas, corou este quadro de desterro. Tenho saudades dos Almeida Prados, dos Von Leitner, dos Vidigal, dos Assumpção, entre outros, que criavam e corriam no estado de São Paulo.