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sexta-feira, 12 de maio de 2017

PONTO CEGO: O SORRISO DA SORTE

No que se parecem Deus e o futebol? Segundo o escritor uruguaio Eduardo Galleano, se parecem na devoção que tem por eles, muitos crentes e a desconfiança que geram em muitos intelectuais. Como não sou intelectual, gosto de futebol e penso ser ele o perfil de uma sociedade. Quanto a religião, não tenho tanta certeza assim.

Muita gente vai pelo que o mercado diz. Dizem as ferinas linguas que Charles Engelhard, ia para Keeneland, sentava-se bem na frente e pedia ao receptor de lances para sempre o acordar, quando um lote ultrapasse a marca de lance X. E dormia. Ou melhor roncava. Para ele, magnata da prata, se o mercado respondia favoravelmente a algo, é por este algo tinha real valor. Então para que perder tempo? Imaginem ele sentado no Tattersall de Cidade Jardim ou Gávea? Seria um depósito de matungos.

Always Dreaming, recente ganhador dos Florida e Kentucky derbies, custou US$350,000 aos cofres de seus atuais proprietarios. Seu pai vendeu bem e foi na época o meu eleito para se investir naquelas vendas. Se houverem duvidas sobre isto, perguntem a turma da Black Opal. mas quiz o destino - sempre ele - e o mercado que seus filhos, com pouquissima exceções, viessem a vender muito bem. Mas se a gente notar, no campo da mais importante carreiras para três anos nos Estados Unidos, houveram pelo menos sete casos, de elementos que custaram medios cinco digitos. Partindo-se do principio, que os três ultimos preços tecordes das vendas da Gávea, fizeram seus proprietarios gastar mais de US$70,000 - se bem que em quinze suaves prestações - não seria melhor ter seus olhos direcionados igualmente para Keeneland?

Só tive o ensejo de adquirir um animal para a corrida em Keeneland que custou a meu cliente, mais de US$70,000. Foi Cara Rafaela. E vejam no lucro que ela veio a dar, não só na pista, como no breeding-shed. Das duas umas: Ou os prelos dos cavalos estão caindo vertiginosamente em Keeneland, ou nossos leilões estão tremendamente supervalorisados. Eu, por expeiência própria, não acredito que seja a primeira opção.

Hoje correr o Kentucky Derby, não é mais um bicho de sete cabeças. O mercado de corridas norte-americano, é o mais democrático da face da terra. Por isto é tão popular e sólido. Viver apenas, daqueles que mais investem, não me parece saudável. Ainda mais, que como sempre afirmo aqui, se saldo bancário e investimentos favorecesse a aqueles mais abonados, Sheikh Mohammed ganharia todos os páreos, e o Palmeiras pelo menos iria a final de um campeonato estadual.

Acho que tanto Sheikh Mohammed quanto o Palmeiras, vão ganhar aquilo que lhes é de direito, mas não pela força do dinheiro, e sim pela habilidade de consegui-lo e o eterno merecimento de quem investe.

Evidentemente que existe um abismo, no mercado de vendas brasileiro, do mais alto preço, ao menor. Mas este abismo acontece em qualquer parte do mundo. Sea Girl, que conseguiu a grande façanha de ganhar dois 25 de Mayos na Argentina, custou-me apenas US$1,000. Então não há porque chiar. Aqueles que investem tem que ser mais profissionais e não apenas acreditar na força do dinheiro. Porque alguns ganham mais que outros?  Quiromancia? Conhecimento e Imaginação, ainda são os dois maiores indutos para que a sorte venha a sorrir.