Este, que vou descrever, é um assunto que me entristesse. Mas se a gente contornar tudo aquilo que nos constrange, nunca cresceremos como seres humanos. Se em dez anos, apenas o Abel Braga conseguiu ficar mais de um ano empregado no Internacional, e para isto teve que ser campeão do mundo contra o Barcelona de Ronaldinho Gaúcho, é que alguma coisa não está certa no reino colorado. Se nos úlrimos 12 meses, este mesmo Inter, assumiu esta semana seu sexto treinador, é que na realidade muita coisa não está certa no reino colorado. Agora, se você no desespero de ser rebaixado pela primeira vez para a segunda divisão, apela para documentação adulterada para eliminar um time co-irmão, já não é mais caso de inconpetência. É o inferno terrestre! O número de coisas erradas extrapola a sandice humana. Desculpe, mas é o insulto para qualquer inteligência se pensar ao contrário.
O leitor Marcel, me mandou um pensamento de Pablo Neruda, que por muito tempo tem sido, a base do que escrevo e conduzi na minha vida profissional. Neruda foi sábio ao escrever que "você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequencias". Quando se defende teses ou se seleciona para alguém um cavalo de corrida, você tem que ter muita responsabilidade em suas escolhas. Se em suas atitudes, você age de forma irresponsavel, incosequencias serão seguidas, como seu treinador fingir ter sido agredido no jogo com o Caxias, ou perde-se seu campeonato estadual em final contra um clube de serie C ou D. Sei lá! Nada se encaixa, sem planejamento e execução.
O Marcel está certo, quando afirma que este pensamento se aplica como uma luva no turfe brasileiro. As inconsequências que cometemos estão acima que qualquer irracionalidade que possa passar na cabeça de um tarado mental. E eu me dou o direito de perguntar: Raul, que país é este?
Tenho aqui levantado muitas bandeiras. Entre as últimas, a fragilidade de nossas importações de reprodutores, que querendo ou não, em todos as industrias mundiais, é o seu principal pilar de sustentação do mercado. Ninguém é mais defensor das linhas maternas e das estruturas genéticas que eu. Todavia, sei que sem um reprodutor que transmita aquilo que ele foi em pista, você não chegará a lugar nenhum. Taçvez ao Irajá. Mas.aqui entre nós, quem quer chegar ao Irajá?
Nosso turfe é ainda calcado sobre o perfil europeu. Grama, retas longas e miha e meia. Ponto. E um paragrafo se torna necessário.
Você pode pensar diferente, mas esta é a norma adotada. E o Grande Premio Brasil, a ser corrido, numa questão de dias, são juntamente com o GP. São Paulo e os Derbies os alvos principais a serem atingidos. O resto é troco. Desculpem, mas é isto que consigo visualizar profissionalmente.
Não sei como expor o que vou dizer, mas tentarei. Se uma coisa não funcionou no primeiro mundo, muita gente acredita que pode funcionar no segundo. Aceito, mas com sérias ressalvas. Meu avô era italiano. Ele profissionalmente não funcionou na Europa e quando veio ao Brasil, não funcionou no Brasil. O que sugere que ele não funcionaria em lugar algum. Talvez na Bolivia ou no Senegal, quem sabe... Outrossim, um elemento que funcionou a contento no primeiro mundo, não necessáriamente terá um lugar garantido no Hall of Fame do segundo. Pois, para o segundo caso existe algo chamado adaptação.
Spend a Buck e Executioner se adaptaram ao sistema de criação brasileiro, mas será que todo fracassado irá se adaptar, também. Quantos, como eles, foram importados e nada deixaram de legado?Pelo que tenho visto, nestas últimas décadas eles ainda são das poucas andorinhas, a voar neste cáustico verão.
Eu pesquiso, analiso e chego - de vez em quando - a algumas conclusões. Se elas são certas ou erradas, cada um que tenha a sua opinião. Eu as acho certas, mas talvez não seja a pessoa mais adequada a opinar, este item. Para se pesquisar, é necessário se montar um universo. Como é de conhecimento publico, levanto, anualmente, os resultados dos ganhadores de grupo em 28 distintos paises, porém vou da Inglaterra a Mumbai, e das provas de grupo 1 a grupo 3. Contudo, quando entro na seára de perfis aptitudinais tento enxugar todas as arestas e passo a analisar apenas os resultados de provas de grupo 1, europeias, norte-americanas, dos emirados, chinesas e japoneses. E divido minha pesquisa, em classicos (ganhadores em 2,400 e 2,500m), meio fundo (1,800 a 2,000m), milheiros (1,600m a 1,700m), sprinters/flyers (1,000 a 1,400m) e precoces (2 anos).
São 21 carreiras disputadas de graduação máxima, nos centros de maior impacto dentro do mercado internacional, disputadas na milha e meia em pista de grama do hemisfério norte. Algumas como os classicos europeus devem ser analisados com um maior espaço de tempo e assim pode-se traçar um perfil em termos de tribos, familias e equações genéticas. Aqui está o grupo, daquelas que considero as provas clássicas do hemisfério norte.
Sei que nem sempre o cavalo de corrida é aquilo que seu pedigree diz. Isto em termos de competência e aproveitamente em pista. Muitos tem régio pedigrees. Porém poucos são aqueles que realmente fazem a diferença. Outrossim, de uma coisa tenho certeza: em 90% eles o são, em termos de perfil aptitudinal. E quando estou do lado dos 90%, me sinto mais seguro do que estar ao lado dos 10%.