Existe uma gama imensa de gente ligada a aventura. O ex-presidente Lula talvez seja um deles. Mas aventura não o liberta para falcatruas. São os rebeldes por excelência, que fazem o mundo ir para frente, e os adeptos da falcatrua, para trás. Admiro os rebeldes sem falcatruas. Volto a repetir, os admiro, sejam eles James Dean, Marlon Brando, Paulo Francis, Nelson Rodrigues, Romario, Edmundo, Rolling Stones, The Doors, Wagner, Beethoven, Einstein, Dali, Senna ou Usein Bolt. Todos, em minha maneira de encarar a realidade, sem exceção, elementos que a desafiaram os limites e por este fato, obtiveram imenso sucesso. dentro de suas naturais rebeldias. São os batmans. mas existem os Pinguins...
Mas em termos de analises de pedigree, fui recentemente considerado um rebelde, quando um leitor me escreveu que era risco demais dizer que do bom, com o bom, nem sempre surgirá o melhor. Pois, eu afirmo e reafirmo. E que os catadores de coquinho no deserto decidam sobre o meu destino. Contudo isto não quer dizer que eu não gostaria de ver Zenyatta coberta um dia por Arrogate. Ou quem sabe, Zarkava por Galileo. O problema é que não tenho Zenyatta e muito menos Zarkava e dificilmente terei acesso a usar Arrogate ou Galileo. O que em outras palavras quero afiançar, é que não tendo um cão, tenho que me contentar em improvisar um gato que faça o mesmo trabalho, na caça de meus sonhos.
Um parêmteses se torna necessário e por isto o abrirei. Trabalho com um reprodutor chamado Acteon Man, tremendamente criticado pelo senhor LuiZ em seu inicio - que com menos de 50 produtos registrados foi capaz de gerar a um ganhador do Brasil e a outro do Derby. Isto é recorde. que nem grandes cavalos como Ghadeer, Clackson e Roi Normand, o conseguirm com tão limitada produção em seus primeiros 50 produtos. Outrossim, existe, pelo menos para mim, um recorde ainda maior. Estes dois filhos de Acteon Man - que tive o ensejo de conhecer com cinco filhos, produto de duas gerações já nascidas - Belo Acteon e Famous Acteon, estão sendo aproveitados reprodutivamente. O primeiro com uma geração inicial de quase 20 produtos a serem registrados e o segundo que deverá cobrir no minimo este mesmo nímero de éguas. Para mim isto é um avanço. Fecho parênteses.
Quando você não conseguir trazer o real cavalo importado com boa participação na pista e nem fracassado no breeding-shed, me parece melhor, se usar o bom cavalo nacional, que tenha fisico, pedigree e principalmente campanha.
E que para isto aconteça, você tem que dar traços a bola e tirar água de pedra, para poder chegar com chances minimas, a uma prova internacional. O que posso fazer? Se por ventura tivesse nascido na Irlanda, quem sabe não seria o gênio da Coolmore? Mas nasci no Brasil, e todos os dias dou graças a Deus ter me propiciado as ferramentas necessárias para equipar-me e chegar a ganhar uma Dubai Cup, uma Breeders Cup, um Santa Anita Handicap, e chegar muito perto de conquistar aquele que teria sido para mim, o trofeu maior, o King George VI and Queen Elizabeth Stakes. Um trofeu dificil, mas que com sorte um dia conquistarei...
Hoje o Brasil, como um todo está em baixa. Tanto na economia, quanto na politica, na segurança, na educação, no saneamento básico, nas artes e principalmente em nosso turfe. Só o nosso futebol é que parece emergir deste rio negro e profundo, que a mais de 15 anos, transborda nossas margens. E tudo isto porque? Porque foi colocada a pessoa certa no lugar certo e condições foram criadas em seu entorno, para que a coisa fluisse e desabrochasse num horizonte que hoje podemos visualizar. Viva o Tite.
Cidade Jardim, vive um longo e tenebroso inverno. Mas agora parece que passos foram dados, para pelo menos se encontrar a trilha certa. Isto aconteceu na Gavea, e esta que tinha muito jogo clandestino e resultados de carreiras pré-fabricados, acertou o seu passo com a gestão do Dr. José Carlos Fragoso Pires. E o primeiro passo foi a colocar a pessoa certa no centro nevráugico de toda a situação, a comissão de carreiras. O Afonso Burlamaqui, aportou e saneou a atividade e a partir dai, e mesmo havendo percalços, a Gávea os venceu, e hoje vive um decente momento no turfe.
Eu acredito que estamos muito bem representados em nossa Associação, outrossim, não vejo a criação de normas, que possam melhorar o desempenho de nossa criação. Lembro aos navegantes que toda atividade onde tem mais gente que saindo, do que entrando, sempre haverá uma não pequena chance dela se extinguir.
Eu não sou industrial e muito menos economista, outrossim, penso que a base de qualquer industria está sedimentada em dois pinaculos: mão de obra especializada e materia prima.
Pelo que conheço, em minhas visitas ao Brasil, estamos bem servidos de mão de obra nos haras que tenho visitado e procuro selecionar para meus clientes, aquele que será seu equipamento de guerra, o cavalo de corrida. Logo, em meu parecer precisamos apenas de manter a qualidade de nossa materia prima, aqui representada nas matrizes e reprodutores.
Tanto a Alemanha, quanto a Itália, paises que estão hoje um ou dois degraus abaixo do trinômio França, Imglaterra e Irlanda, tiveram a base de seu crescimento com planos governamentais de auxilio ao criador, principalmente no tocante da inclusão de matrizes e reprodutores. Eu vivi e vi, ninguém me contou, estes dois paises citados estarem a três e quatro degraus abaixo. Hoje se não estão no mesmo patamar, estão no subsequente. E tanta Australia, Africa do Sul e Japão, passaram por processos semelhantes. No Brasil, ao contrário não existem incentivos. Existem si, taxas de importação, já que a materia prima básica de nossa atividade, é vista por nosso governo, como um bem de consumo, como um carro, uma lancha, um trator ou uma bolsa da Louis Vitton.
Falo por mim, mas sei que não fui o único. Tenho conciência que importantes familias foram importadas para nosso criatório. Muitas delas de grande valia genética, a nivel mundial. E a grande maioria deu e ainda está dando frutos com suas respectivas descendências. Todavia pergunto, por quantas gerações elas se manterão ativas, em um mesmo nivel de aproveitamento, se não for renovado nosso patrimônio genético com novas importações? Eu arriscaria a afirmar que não mais de duas gerações.
Contamos com o infortunio de não ter acesso aos grandes reprodutores internacionais. Defendo a tese da utilização do grande cavalo nacional - grande em pedigree, campanha e atributos fisicos - pois, sei que o que tem aportado por aqui, nem de longe pode ser comparado com importações de outras épocas. E assim, um gato selvagem, poderá ser de mais valia que um puddle cheiroso. E como temos importado puddles cheirosos...
Houve época que as nossas associações enchiam cargueiros de éguas de cria e depois as leiloavam publicamente para criadores brasileiros. Sei tratar-se de outros tempos, mas igualmente lembraria, que existia também uma outra mentalidade entre nossos criadores. Eram mais rebeldes e não temiam aquilo que para muitos, soava como uma grande aventura.
Senhores o turfe não é hobby e muito menos pode ser tratado como uma troca de figurinhas. Lembro a João Arthur deste fato. Trata-se de uma atividade de alta competitividade, onde o mais barato pode ganhar do mais caro e que o conhecimento e a imaginação, ainda se sobrepoem ao saldo bancário. Logo, por que não conhecermos melhor nossa atividade e dota-la de grande imaginação?