No turfe de primeiro mundo você tem todo o direito de se tornar um pobre ator a dar cambalhotas. Porém se isto acontecer, sua saída do palco será rápida. No Brasil, não. Muita gente age como um polichinelo e mesmo assim se mantém por uma eternidade na atividade, principalmente se ela for narrada por um idiota. Um antigo turfista, que perdi o contato, um vez me disse que o turfe brasileiro era uma grande vaca, que amamentada uma grande maioria de gente que morreria de fome, sem ela., a vaca ...
Anteriormente enumerei alguns comentarios que você é obrigado a ouvir, quando tem interesse em algum lote de uma venda organizada aqui no Brasil. E me esqueci da que mais me impressionou. Chegou-se a dizer que ela era uma Sky Mesa perfeita. Evidente que quem assim o afirmou, nunca teve a oportunidade de examinar Sky Mesa. Sky Mesa nada tinha a ver com fisicamente, com a figura em questão. Mas o fato de omitir ser ela talvez advinda do único veio no Brasil que remonta a excepcional Lalun, é demonstrar no minimo, total falta de conhecimento. O que estas pessoas pensam que somos? Polichinelos no picadeiro do turfe?
Com assessoramento como estes, eu preferiria esta subjugado a Louis XVI e Maria Antonieta.
Como então se evitar a se tornar a um polichinelo no picadeiro do turfe? Com evidências inquestionaveis, do nivel de Galileo, Tapit, Medaglia d'Oro e Dubawi? A Darley, que agora desandou a mudar seu esquema técnico, prova que nem assim, você garante sucesso. O turfe é uma eterna ânsia da procura das verdades. E estas verdades, na maioria das vezes, são temporais. Ou alguém ainda discute Tourbillon e Hyperion?
Mas porque comento isto? Recebi um email que publico abaixo, que prova que a gente de vez em quando acha que todo mundo está entendendo tudo o que você esta dizendo. E não é bem assim. Um blog, não é uma palestra, onde os que comparecem, sabem do assunto e lá estão para tentar melhorar seu conhecimento.
Boa noite!
Antecipadamente agradeço a atenção por ler este e-mail.
Observando sei que o senhor tem um alto conhecimento sobre pedigree.
Gostaria de saber sua opinião dos dados de um pedigre que segue abaixo.
Perfil de dosagem: 5 5 14 0 0
Índice de Dosagem: 2.43
Centro de Distribuição: +0,63
Imbreeding
Northern Dancer: 3S X 5D
Raise A Native: 4S X 5D
Native Dancer: 5S X 5S
Bold Ruler: 5D X 5D
O que seria perfil de dosagem???
Índice de Dosagem???
Centro de Distribuição???
E nos imbreeding estes números com letras???
Qual sua opinião de um animal com este pedigree???
Peço desculpas por estar ocupando seu tempo, e mais uma vez agradeço pela atenção.
Atenciosamente.
Marcelo
Eu acho que qualquer teoria é válida, pois, alguém pensou, a testou e a colocou em prática. Porém, abdico de qualquer uma que não me convença. Com isto não quero ter a pretenção de afirmar que ela não é valida. Apenas que não me convence. Porue as dosagens não me convencem? Por quatro motivos: Primeiro que foi baseada em apenas os vencedoras de uma prova de grupo de 2,000 metros no dirt, norte-americano. Segundo, que este metodo não leva em conta as éguas. E terceiro que numa teoria que Danehill e Storm cat não são considerados chefes de raça, me preocupa.
Na questão dos chefes de raça, entendo que aqueles que implantaram este sistema, consideram chefes de raça, apenas os animais que transmitem um certa tendência. Cavalos como Danehill e Storm Cat, transmitem tudo. Do sprinter ao stayer. Mas eles não influenciariam na equação final, que para mim, é o quarto problema, já que a genética não é uma ciência exata?
Marcelo, eu não tento ensinar aquilo que não acredito, porisso, passo batido pelas dosagens. No tocante aos imbreeds - teoria que acredito e adoto - o número representa a geração dentro do pedigree (terceira, quarta ou quinta) e a letra S, é sire (reprodutor) e M, é mare (reprodutora).
A grande verdade é que em um turfe insipiente como o nosso, muitos se aproveitam do desconhecimento alheio. Desconhecer não é desmerito algum. Não nasci sabendo o que sei. Aliás nem português eu sabia. Mas você tem que ter muito cuidado com quem vai aprender. Fiz por tentar aprender com quem sabia e não com os orangotangos que sobreviviam em minha época de aprendizado, pois, estes enriqueceram com suas barraquinhas de bananas.