Em jantar recente aqui no Rio de Janeiro, fui perguntado se quando falo em inadimplência estou me referindo especificamente a alguns casos. Afirmo que não. A inadimplência sempre existiu no turfe brasileiro, carente de compradores. Assim, quando um se sente acima da carne seca, por comprar o maior número ou mesmo aqueles mais caros do mercado, se dá ao direito de criar suas próprias regras de pagamento. Entre eles não pagar ou pagar no dia que lhe der na telha. E muitos criadores aceitam, na falta de outra opção. Por isto acho importante, em qualquer atividade, onde exista uma compra e uma venda, que existam forças interessadas. Aquece o mercado e o faz mais honesto.
Sanada a inadimplência, existe uma chance de melhoria do mercado, pois, sempre quando houver uma compensação, sempre existirá aluguem afim de obtê-la. O mesmo acontece com a premiação de proprietários nos hipódromos. Em Keeneland, se alguém não paga, perde o credito e imediatamente é acionado. Mas o vendedor recebe, pois, Keeneland funciona como expecte de fiador.
Porque muitos migram para Maronas? Prêmios melhores, pagos em dia e em moeda forte. E com a vantagem de ter uma disputa - a meu ver - abaixo da Gávea. Por menor que esta melhoria possa ser, não se dá um terceiro passo, sem o segundo e este sem o primeiro. Outrossim, tenho plena ciência, que existem outros problemas que fazem nosso mercado estar cada dia mais cambaleante.
A organização dos leilóes é um deles.
Não falei muito sobre este assunto, mas sempre evitei tocar num ponto, por mexer em calos que não devem ser pisados. Vou dar um exemplo, que para mim elucida a questão. Keeneland, tinha dois leilões de potros. Um em Julho e outro em Setembro. Em Julho o chamado de seleção, eram colocados elementos de grandes pedigrees, examinados por julgadores escolhidos por Keeneland. Em Setembro eram posicionados os restantes. Porque Keeneland abriu mão das vendas de Julho e da tal inspeção? Porque os cavalos mais importantes estavam saindo das vendas de Setembro? Hoje temos uma só leilão, sem inspeção. Quem quiser pagar naus caros por pedigrees mais eloquentes se farta nos dois primeiros catálogos.
Acho que nenhuma forma de venda deve ser impingida e ser imposta ao mercado. Ele é em minha opinião soberano. Ele cria as médias e os averages. E a pista comprova se o mercado estava certo ou errado. Se aluguem precisa da opinião profissional de alguém, que contrate aquele nome que é de seu maior agrado e depois dos resultados, mantenha sua escolha, ou determine outro nome.
O que me surpreende como profissional é ver um elemento contratado ir a um haras e selecionar 20 lotes. Eu que examino todos os anos mais de 700 lotes entre os que vão ser vendidos, nunca consegui achar em minha lista final mais de seis elementos em determinado haras. Na realidade, tirada uma ou outra exceção, normalmente em minha lista há um no máximo dois de um mesmo haras.
E não credito que com isto tente vender a idéia que sou criterioso ao extremo. Mas achar 20 em um mesmo haras e 10 em vários outros me parece um desperdício de dinheiro que não motiva comprador algum a ficar seduzido por uma opinião. Com raríssimas exceções, os compradores já não se deixam mais se enganar por estes "engabelamentos".
Examino o que estará a venda e em alguns outros casos até reservados, pois, acima de tudo respeito a competição e tenho que ter noção do tipo de cavalo que tenho que adquirir para poder fazer frente a este ou aquele adversário. E a pista se encarregará de dar o veredicto final.
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