Uma da mulheres mais deslumbrantes que tive o prazer de conhecer, foi Kathlyn Bigelow. Sentei ao lado dela num vôo de New York para Los Angeles, décadas atrás, e embora não tenha o hábito de conversar com quem quer que seja em um vôo, para ela fiz uma exceção. Pois bem, só ai descobri que ela era uma cineasta e que anos depois veio a ser a primeira mulher a vencer o Oscar como diretora.
Pois bem, este ano, passeando pelo meu amado Greenwhich Village, em New York, deparei com algo chamado C. O. BIGELOW. O nome me fez estancar. Seria possível???? Entrei e me vi numa farmácia que depois vim a descobrir ter sido fundada em 1838, e talvez seja a mais antiga ainda em atividade num mundo dominado pelas Wallgreens, Reeds e CVSs da vida, como outros conglomerados anti-sépticos.
Tinha classe e principalmente caráter. Algo me fez comprar uma sabonete, pois, se tornou necessário para mim, de alguma forma ter algo em mãos que provasse a mim mesmo que ali havia estado.
Tanto Kathryn como a C. O. tem duas coisas em comum, além do mesmo sobrenome: classe e uma forma de cativar profunda admiração de quem deles se aproxima. E isto que você exige de um cavalo de corrida para considera-lo extra-classe: uma profunda admiração.
O bom cavalo é aquele que lhe tira o fôlego. Que o faz sonhar com coisas grandes. Que lhe trás o prazer de ir a um hipódromo. Ele é só sentimento. E, existem sentimentos que não se compram e um deles é admiração. Você a tem ou não. Impossível compra-la ou vende-la.
Tenho admiração por cavalos que não vi correr, mas que li e me emocionei: Ribot, Nearco, Hyperion, St. Simon, Hurry On, Bayardo, Ormonde, Pretty Polly, Fairway e Mumtaz Mahal, são os dez que imediatamente vem à minha cabeça. Haverão certamente outros, outrossim estes fizeram história e fazem parte de minha história.
De Nijinsky para cá, outro grupo de cavalos surgiu e nomes como Secretariat, Seattle Slew, Dancing Brave, Justify, Frankel, Zarkava, Enable são alguns nomes, que mais me chamaram a atenção, pelos mais diversos motivos. Para mim não existe uma formula básica que defina-os. Existe algo que você tem que ter e identificar, nem que seja em sua primeira carreira, na forma em que se movimento durante o esforço maior. Afinal, eles se movem de maneira distinta.
Escolher um inédito apenas o examinando e o vendo andar, é um desafio. Vendo-o correndo em uma carreira, é muito mais simples do que alguém possa imaginar.
O Brasil produziu cavalos extraordinários. Cavalos como Much Better, Itajara, Immendity, Bal a Bali, Duplex, Einstein, Pico Central, Riboletta, Grão de Bico, Boticão de Ouro, Quari Bravo, Cacique Negro, Siphon, Sandpit e mais alguns outros, dentro dos que vi correr. Eles igualmente se movimentavam de forma distinta. E certamente por isto foram aquilo que foram.
Sinto por aqueles que não os possam distinguir. Acreditem, é uma sensação impar. Singular. As vezes eles o enganam. Faz parte do jogo. Tem a forma, mas falta-lhes a vontade de competir e até de vencer. Mas quando confirmam aquilo que você viu, o prazer é inigualável. E como sentar na poltrona e a seu lado estar Kathryn Bigelow.