segunda-feira, 6 de maio de 2024

COLUNA DA SEGUNDA

 

Os 2.000 Guinéus em Newmarket e outras palhetadas


Neste momento acompanho as carreiras da Gávea assistindo ao Haras Santa Maria de Araras tirar mais uma foto com uma pupila da casa. Amanhã teremos live com o veterinário responsável por toda a operação do haras. Espero que seja uma hora bem aproveitada pela nossa audiência. 

Bem, tivemos um fim de semana de luxo no turfe mundial. Programas bem formados e disputas muito boas desde sexta-feira até a manhã de domingo com os 1.000 Guinéus ingleses que nos brindaram com a primeira vitória do Silvestre de Sousa em um Classic britânico. Condução milimétrica e uma volta por cima após suspensão que não poderia ser melhor! Que 2024 continue brilhante para ele. 

Enquanto me recupero do smorgasbord de carreiras que vi, tento dar um sentido para o que aconteceu com City of Troy nos 2.000 Guinéus em um lindo dia de sábado em Newmarket, onde o tapete verde poderia ser palco de consagração do "troiano". Talvez essa tal consagração não tenha ocorrido pelo filho de Justify não ser de fato um Frankel. Desde os primeiros alertas sobre esse 2 anos, tenho tentado juntamente com minha esposa, enxergar o que era dito sobre ele nas pistas. Na nossa visão ele e Frankel são animais distintos, fisicamente e em termos de volúpia em pista. A patroa inclusive ousou dizer que não via City of Troy com a fome de chão que Frankel tinha em pista. Não cheguei a tanto, mas a facilidade demonstrada aos 2 anos por City me fez alertar para a necessidade de evolução na virada de idade e alertei que, se fossem confirmadas as expectativas, o craque da Coolmore superaria a Frankel, já que aparentemente seus pulmões e físico não tinham limite conhecido. Ontem descobrimos seus limites, por hora. Outra coisa que me preocupou com relação ao animal era de ter havido muita conversa por parte dos representantes de Ballydoyle e talvez uma falta de atenção na tarefa que eles iriam enfrentar. Falar em ganhar o Belmont Stakes, logo depois dizer que o potrinho era perfeito para vencer também o Travers Stakes sem que nem os Guinéus tivessem sido superados, me parecia uma extravagância grande. Entretanto estávamos falando de O’Brien, Moore e Ballydoyle, senhores de pelo menos “metade do universo” conhecido. Ontem o animal (através da tv) não parecia estar no mesmo pique que se apresentou em 2023. Recebemos comentários diretamente de Newmarket que classificaram City of Troy como pequeno, leviano e sem porte másculo, chegando a ser classificado como “eguinha”. Deixo claro que essa é uma impressão de outrem, mas alguém que se encontrava muito próximo do animal ontem. Durante a carreira ele nunca deu impressão de poder fazer algo. Exatamente da última posição, muito bem trazido por William Buick, surgindo no último quarto de milha, NOTABLE SPEECH veio, viu e venceu com muita superioridade. 

Treinado pelo não menos brilhante Charlie Appleby, ele teve campanha de 3 vitórias até ontem, todas na pista sintética e havia tido muito destaque em sua última vitória pela explosiva aceleração final. As questões respondidas ontem foram a adaptação à pista de grama e ao conhecido obstáculo "the deep" de Newmarket e a turma dura que era enfrentada pela primeira vez. O filho de Dubawi passou com louvor em seu batismo de fogo. Chegaram a seguir o bom Rosallion e o ganhador do Craven, Haatem. Aliás, o jóquei de Haatem procurava os adversários no fundo do lote, esnobando o filho de Justify. O Craven, que é a preparatória mais próxima do 2.000 Guinéus, não faz um ganhador desse Classic desde 2004 com Haafhd. Enfim, uma prova de grupo 1 que embaralhou o que imaginávamos que fosse uma geração com um líder sublime. Agora vamos aguardar as explicações oficiais pelo fracasso de City of Troy, se é que elas existem e vamos nos concentrar no caminho do Derby.

Umas palhetadas rápidas sobre o que ocorreu além-mares. Chegada sensacional do Kentucky Derby em que Sierra Leone deveria ser desclassificado em favor do japonês Forever Young, que demonstra ser um cavalo de ferro. Em uma entrevista à tv japonesa, o treinador Yahagi expressou raiva, lamentou a forma como a corrida se desenrolou e estava muito revoltado com as interferências sofridas durante a reta. E pelo menos no youtube, a mídia japonesa demonstrou revolta pela confirmação do resultado na ordem de chegada. Polêmicas à parte, para nós a vitória de MYSTIC DAN tem um toque de samba, afinal Itajara e Siphon estão presentes na linha materna do campeão, através da vovó LADY SIPHONICA. O nosso caro Lineu de Paula Machado, destacou pra mim toda a sua torcida pelo pupilo de Kenny McPeek. Ponto para nossas linhas maternas e nossos haras. De uma forma geral o Derby foi um evento de tremendo sucesso. 

Viajando "um pouco" mais longe, no Japão os animais de 3 anos se enfrentaram em uma milha de grupo 1 (NHK Mile) onde os bons elementos JANTAR MANTAR e a potranca Ascoli Piceno dominaram os demais com muita superioridade. O detalhe da prova fica para o reaparecimento do líder Christophe Lemaire após recuperação de uma queda muito feia em Dubai. Talvez ele não esteja totalmente recuperado, pois durante a reta perdeu o controle de sua pilotada e quase causa um acidente triplo onde estariam envolvidos Take e Demuro. Seria um escândalo caso acontecesse a queda em plena reta final. Resumo da ópera foi apenas uma multa para o francês, fato que tem deixado os japoneses incrédulos com a leniência da punição. 

Finalizando o fim de semana foi da Godolphin, que teve seus dois crioulos passando na frente na terra do Rei Charles e da vitoriosa dupla Kenny McPeek e Brian Hernandez, Jr (direção brilhante, aliás) que fizeram um double Oaks/Derby, que é raríssimo. 

Que a semana seja muito proveitosa para todos, que as chuvas deem um alívio aos gaúchos e até uma próxima oportunidade.

Abs, Baronius