segunda-feira, 7 de julho de 2025

NA LUPA DO BARONIUS

Bom dia, meus amigos do turfe. Enquanto os brasileiros se apegam à essa Copa da FIFA e eu me revolto com a entrada criminosa do goleiro do PSG no meia no Bayern, falemos de turfe. 

Semana mais calma nos hipódromos mundiais e locais. Tivemos duas provas de grande relevância, uma em Sandown (UK) e outra em Deauville (FR). Aspectos diferentes, uma em meio-fundo e outra, um confronto em reta que compara os chamados flyers, categoria um pouco esquecida nos dias de hoje. Antes de seguir com as duas provas, vou lançar um desafio para o leitor: O que existe em comum entre Wings of Eagles, Workforce, Masar, Harzand e Golden Horn??? Pensem, reflitam e logo mais volto com a resposta. 

Para começar, o qualificadíssimo Eclipse Stakes, em 2.000 metros, com chegada em subida e campo de 6 excelentes competidores, sendo 5 já ganhadores de G1. Não havia bobo na grama de Sandown. O plano da Coolmore para DELACROIX (Dubawi), após seu fracasso em Epsom, era trazê-lo para a vanguarda e brigar contra tudo e contra todos para vencer a prova. O objetivo final foi atingido, mas o enredo da carreira foi completamente diferente. Nas palavras de Ryan Moore (novamente genial): “Tive que mudar meus planos ao menos 4 vezes.” Após a partida, sem contar com favores alheios, a montada de Moore ficou para último, em uma dupla fila indiana, que era liderada por Sosie e Hotazhell. Em um ritmo de corrida para fazer os adversários dormirem, a prova foi morosamente chegando à seta do quilômetro com o tempo de 64 segundos. Uma eternidade! Tudo mudou na segunda metade da disputa quando a aceleração foi a tônica! O filho de Dubawi ficou encerrado boa parte da reta, contudo, quando Ryan Moore conseguiu passagem livre, o castanho, enfurecido, acelerou como um carro de F1, sacando pescoço de vantagem sobre o favorito Ombudsman. Seiscentos metros finais percorridos em 36,25 segundos e DELACROIX desfez uma vantagem de aproximadamente 2 corpos em duzentos metros. Mais uma obra magna de seu treinador, Aidan O’Brien, que vem se notabilizando por fracassos inexplicáveis e ressurreições que fazem a mais bela fênix corar. Indo para a ficha do animal, temos seu pai Dubawi, excepcional reprodutor, e a mamãe Tepin, craque das pistas. Ela foi uma excelente milheira, ganhadora de G1 em Royal Ascot e produtora de 2 ganhadores de G1 em 4 produtos. Dubawi tem 2.220 animais registrados, com 14% de ganhadores clássicos e AEI de 2,50. Líder entre os ativos na Europa. Bernstein como avô materno tem 2.672 netos registrados, com 4% de produção black-type e AEI de 1,35. Fica algumas prateleiras abaixo do topo da categoria, mas é um avô bem acima da média. Como era esperado de um cruzamento entre reprodutores que habitavam ambientes distintos, só houve um produto, o vencedor do Eclipse Stakes. E vamos agora de ponte aérea para a cidade costeira de Deauville, França.


Em um páreo eletrizante, com final escamado e 4 animais dando impressão de que poderiam passar na frente, tivemos a vitória de WOODSHAUNA (Wooded) também vindo de último (excelente percurso), caçando uma passagem com o belga Christophe Soumillon, que foi firme e preciso na direção. Um detalhe interessante do percurso foi que Soumillon e Moore andaram roçando as botinas nas duas provas. Fiquei curioso para saber como foi o papo na sala de pesagem entre eles, que são muito experientes e não dão sopa para ninguém. Moore sentiu o perfume do belga nas duas retas. A mamãe Tosen Shauna, uma irlandesa colocada em prova clássica, tem 3 produtos registrados, sendo WOODSAHUNA seu primeiro produto. Os demais são machos, um por Hello Youmzain e outro por The Grey Gatsby. Wooded é um jovem garanhão filho de Wooton Bassett e conta com 212 filhos em idade de corrida, sendo o vencedor seu primeiro animal de black-type. Ainda é muito cedo para avaliarmos seus números. O vovô materno é Alhebayeb que tem 20 netos registrados e WOODSAHUNA é seu único destaque. Como era de se esperar para reprodutores com tão poucos animais, esse é o único produto registrado do cruzamento, logo nada podemos avaliar em termos estatísticos. Fechando nosso bate-papo semanal vale registrar que Almanzor, filho da primeira geração de Wooton Bassett, é papai do ganhador do Magyar Derby (Hungria), BARSSIO. Este garanhão apresenta números baixos de desempenho e provavelmente ficará neste patamar. Tirando um ganhador de grupo aqui, outro acolá, afinal de contas quem custou 50 milhões de euros foi seu pai que caminha a passos largos para estabelecer uma nova dominância na Europa. 

Ah, quase ia me esquecendo do quiz inicial. Nossos bravos citados no parágrafo inicial são todos ganhadores do Derby em Epsom e se encontram hoje servindo como National Hunt Stallions, ou seja, eles são usados pelos haras de animais de corridas com obstáculos. Além dos cinco, existem mais 4 ganhadores de Derby (Epsom ou Curragh) que estão na mesma situação. Perfil geral dos garanhões do National Hunt apresenta 9 filhos de Sea the Stars e 13 de Galieo. Criador cuidado com suas escolhas, pois você poderá ter em seu haras ótimas fontes de resistência (stamina) e pouca produção de velocidade através da distância e quem sabe um reprodutor com 2% de produção black-type e AEI de 1,13, números de Almanzor. Até breve.

 Abs, Baronius