segunda-feira, 2 de março de 2009

A PROXIMIDADE COM O CHEFE DE RAÇA


Até quando seria válida a premissa que devamos nos manter mais próximo ao chefe de raça a qualquer custo?

Eu me reservo ao direito de duvidar deste posicionamento. Acredito que não devamos nos afastar do chefe de raça, mas ao mesmo tempo não creio que deveriamos pagar um preço proibitivo para que isto não venha a acontecer. Vou tentar esclarecer este ponto exemplificando algumas situações.

No primeiro semestre de atividades no nosso criatório, para o século XX e mesmo durante a década que se seguiu a II Guerra, nossos criadores trouxeram inúmeros filhos de Blandford, Hyperion (foto de abertura) , Nearco (segunda foto), Bois Rousell e Tourbillon (terceira foto). E apenas alguns filhos dos dois últimos funcionaram. Porque? Porque enquanto importamos verdadeiras anomalias locomotoras dos três primeiros, dos dois últimos adentraram em nosso território alguns de reservada classe.

Vamos e venhamos. Não se pode comparar cavalos como Coaraze, Fort Napoleon, Swallow Tail e Royal Forest, por exemplo, com High Sherrif e Angelico. Mesmo levando-se em consideração que o primeiro era um filho direto de Hyperion, com um Rasmussen Factor em Canterbury Pilgrim e cuja quarta mãe chamava-se Pretty Polly e o segundo um filho direto de Nearco, igualmente com um Rasmussen Factor em Canterbury Pilgrim e cuja terceira mãe era Orlass. Quem o fizer deverá caminhar de cabeça erguida para a guilhotina. Pois, no frigir dos ovos este dois filhos dos mais importantes chefes de raça da época não passaram de dois elementos bonitinhos e ordinários em pista e conseqüentemente depois, quando fora delas. Não se podia esperar outra coisa.

Evidentemente que isto é apenas minha opinião pessoal.

Outrossim, a história se repete e creio que estaremos cometendo o mesmo erro conceitual, se trouxermos filhos de Storm Cat, Sadler’s Wells ou Danehill que não tenham tido campanhas condizente em pista. Quando digo condizentes, me refiro a pelo menos honestas. Apenas pedigree bonitinhos, não nos levará a nada. Como nunca nos levou.

E porque isto afirmo? Porque primeiramente depois dos exemplos que tivemos em nossa história veremos que mais vale a pena trazer um bom cavalo de fundo como um Waldmeister ou um Henri Le Balafre, ou que tenha fracassado reprodutivamente no centro mais adiantado como Spend a Buck ou Point Given, do que aqueles que fatalmente entram como Greta Garbo, mas acabam morrendo no Irajá, como Nalanda.

Nalanda era um matungo da mais categoria estratosférica, de não muito fidedigno físico, mas que além de ser um filho direto de Nasrullah, era igualmente descendente materno de um forte linha materna, a 4-m e além disto possuía em seu pedigree a duplicação do efetivo nick Phalaris-Chaucer, por Pharos (avô de Nasrullah) e Sickle pai de Reaping Reward, o avô materno de Nalanda. Porém, em nosso criatório e mais do que isto, em um dos mais conceituados haras que tínhamos naquele momento, produziu apenas dois ganhadores de grupo: Singa e Zaibo.

Os detratores de óbvio bradarão, escorrendo babas pelos canos de suas bocas. Mas era o final da era Lorena!

Concordo. Mas foi igualmente nesta fase que se não me engano Waldmeister produziu em sua primeira ou talvez segunda, mas diminuta geração, a Mani e a Macar. Respondida a alegação? Creio que sim. Então voltemos aos trilhos.

Singa, para mim a melhor dos dois, trazia em seu pedigree o Rasmussen Factor em Malva, já que seu filho Blenheim era o avô de Nasrullah e seu outro filho King Salmon foi pastor chefe do Mondesir por vários anos.

Não tenho como calcular, pois, não possuo os dados básicos para fazê-lo, nem o devido saco para levantá-los, mas acredito que Nalanda tenha vindo a cobrir muitas éguas do Mondesir com King Salmon em seus pedigrees, evidenciando um número significativo de Rasmussen Factors em Malva nos produtos de Nalanda. Mas apenas Singa vingou. Para mim isto foi muito pouco. Ou melhor, quase perto do nada.

Quem estuda a história do desenvolvimento criatório no Brasil, sabe que o que eu estou falando aconteceu, acontece e continuará a acontecer. Sempre haverá a exceção para provar que as regras não são infalíveis. Contudo, reservo-me ao direito de repetir outro dito de vó Adelina: "quem brinca com criança amanhece urinado" e traria para o "ambito turfistico afirmando, "quem importa reprodutores filhos de chefes de raça, mas sem campanha, acaba trumbicado".

Lembro a meus leitores que quando se trabalha com percentuais a seu favor de 99%, existe muita chance de você estar mais perto da verdade do que aqueles que assim não o pensam e preferem arriscar no 1%.

Mas cada um tem o nariz que merece.