Prezado Renato,
Seu leitor, chamado Gabriel, colocou muito bem o nome de vários cavalos que vc teve algo a ver com eles , tendo vc estado ligado a eles, de diversos modos, ou foi proprietário, ou sócio, ou indicou, ou atuou profissionalmente com eles, ou mais de uma situação em alguns casos, mas ele esqueceu um muito importante e pelo qual eu vejo e referendo sua defesa sobre ele, pois como cavalo foi espetacular e nem os destratores do óbvio podem deixar de enxergar que ele já é um garanhão para ter seu nome perpetuado, pois em seu início já tem um ganhador do Grande Premio Brasil e muitos estão ai a nos e não tem e dificilmente vão ter, então HARD BUCK não pode ser esquecido em qualquer coisa citem nomes de cavalos Brasileiros ligados a vc ou não...
UMA HISTÓRIA PARA SEUS LEITORES E VERDADEIRA, NÃO TENHO A FOTO DO PEIXE, como fazem os PESCADORES, MAS TENHO AS PROVAS E AS TESTEMUNHAS QUE LÁ ESTAVAM COMIGO:
Aprecio muito suas historias e uma é de seu relacionamento com o “MUCH BETTER”, cavalo que para mim foi o maior craque que eu estive proximo a comprar, dei o lance perdedor, mas eu o acompanhei em sua carreira toda e entre outras coisas fui vê-lo treinar na Serra carioca, onde fui recebido pelo falecido J Maciel seu treinador, e fui também vê-lo correr no Arco do Triunfo e inclusive abaixo anexei a entrada a Champs Elysee, no dia do Arco dele, onde foi uma das maiores aventuras turfísticas que eu participei, tendo viajado só para isso e assistido ao lado do Dr. Jael e outros companheiros e posso dizer sem erro que ele foi o maior dos cavalos que existiram no Brasil, e as estatísticas provam, pois ele foi o único que ganhou tudo, GP Brasil, GP São Paulo, GP Carlos Pelegrini, GP conseguiu isso. Mas nunca sitei a vc que eu estava no Leilão em que ele foi arrematado e foi meu o lance anterior ao do arremate, não sei se iriam mais se eu continuasse, mas eu desisti por ele não ser a minha 1ª opção, que eram dois outros cavalos que eu havia anotado desde o dia em que o Dr. Jael de Barros, fez a apresentação dos potros em seu haras e eu vi todos inclusive o MUCH BETTER, e gostei muito dele, pois ele era lindo e foi o nº 1 do leilão, mas preferi outro, pois a mãe do MUCH BETTER era BRAC e eu estudei a filiação e preferi um que se chamava MESSERCHIMIT, também filho de Baynoun, tão lindo quanto ele, mas sua mãe era neta do RIBOT, então na escolha para quem era metido a entender de pedigree (Herança do meu pai que era entendido no assunto, tanto que eu cresci dentro do Haras Valente vendo meu pai discutir, pedigree com o Dr Luiz Gurgel do Amaral Valente, ou vendo o Dernah fazer monta nas eguas que vinham do Brasil inteiro para ele e o Paulo Soledade estar por lá, pelo que eu me lembro curando um problema de pulmão que ele tinha e em Porto Amazonas da época era mais propicio para a cura do que o Rio de Janeiro) e inclusive saiu mais caro que o MUCH BETTER, que por sua vez não saiu caro e vc devem lembrar-se disso e ainda para adoçar a “HISTÓRIA” eu comprei outro potro que também saiu mais caro que o MUCH BETTER e como ele neto do Brac só que em vez de ter como mãe a Charming Doll, era filho da Exotic Doll e se chamava Mano Veio, filho de Bereber, veja como são as coisas, no TURFE. Eu encarei como não sendo para ser meu esse cavalo e acredito que foi melhor para ele, pois com certeza eu teria tido a condição de fazer por ele o que seu grande proprietário o Sr. Gonçalo Torrealba fez por ele, comigo certamente ele seria um grande cavalo, pois ele era e mostrai de qualquer forma, mas talvez eu não tivesse tido a mesma condição de dar o melhor como seu proprietário deu para ele poder alcançar a grandeza que alcançou então eu tratei de torcer para ele da mesma forma que torceria se de fato fosse meu, pois não sou egoísta e torço pelo cavalo, pela minha terra e por quem é daqui.
VEJA COMO É O DESTINO O MESSERCHIMIDT E O MANO VEIO NUNCA CHEGARAM A CORRER. Estava comigo no leilão que foi realizado no Haras XARÁ do Edson Mauad, onde era antigamente em uma tenda de circo armado lá e no terreno onde foi o leilão, hoje esta a fabrica da Wolkswagen / Audi, em São José dos Pinhais, Estado do Paraná. Minhas Testemunhas são o Dr. Jael de Barros, o meu sempre amigo e companheiro Nei Farracha e a propriedade dos cavalos citados que estão em nome do meu “STUD BONI”.
Veja nessa estivemos próximos sem saber...
Em anexo o Bilhete de Transito no HIPPODROME DE LONGCHAMP, EM CHAMPS ELYSÉES...
Abraços de seu leitor assíduo...
Paulo Bonilauri
Paulo,
Para lhe dizer a verdade, eu até hoje não entendi porque o Much Better saiu tão barato. Coisa de US$3,000. Para mim ele destoava dos demais, embora para lhe ser franco, diria que fui ao leilão apenas pelo churrasco. Não tinha comprador e já havia cumprida minha tarefa para o Gonçalo, aqui no Brasil.
Estava dcurtindo meus últimos dias no Brasil e nada mais tinha para fazer. O Leonidio Ribeiro me convidou para uma visita em seu haras, no Paraná. Naquela época ele era bastante ligado ao Gonçalo e este último estava comprando no Brasil apenas machos, pois, as fêmeas eu selecionava para ele nos Estados Unidos. Não sei nem mesmo porque, mas acabei dando no Haras Xará para filar o churrasco do leilão do Xará-J. B. Barros. O veterinário Fernando Perche - neste época trabalhando par o Haras Tijucas do Sul - nos acompanhou. Acho que foi até dele a ideia de irmos ao leilão.
Pouco antes do inicio do leilão, fui ao banheiro, que estava afastado uns 20 metros da tenda montada. E quando tentei voltar ao ambiente das vendas, caiu uma tromba de água. O céu veio abaixo. Tive que esperar alguns minutos, foi quando o Much Better foi tirado de sua cocheira a poucos metros de mim. Ele parou, soltou um relincho e olhou para mim como eu fosse um mísero ninguém. Meu coração quase sai pela boca. Mas na verdade fui eu que sai na chuva e fui examiná-lo. Estraguei um bom par de Ferragamos, mas encontrei o cavalo de minha vida.
Um dos grandes mestres que tive nesta vida uma vez me disse: Cavalo bom te compra. Anos depois outro grande mestre que tive, Alejandro Lilienfeld me disse algo em outras palavras que tinha o mesmo sentido: Quando o cavalo lhe tira imediatamente do normal, lhe perdoe as faltas que possa ter. Siga seu instinto. E foi o que fiz.
Quando voltei a mesa, falei ao Fernando e ao Leonidio. Vou comprar o melhor cavalo que comprei em minha vida. Eles perguntaram quem era e eu não sabia sequer dizer quem era. Recusei-me a sequer abrir o catálogo. Talvez se o fizesse, não o tivesse comprado... Quando Much Better entrou eu apontei e disse baixinho para meus dois acompanhantes: é este. Comprei-o e imediatamente o Leonidio disse: Avisa para o Gonçalo que 20% é meu. E eu nem sabia se o Gonçalo iria ficar ou não.
Segundos depois alguém me abraçou por trás. Era o João Carlindo, para mim um dos maiores experts brasileiros em cavalos de corrida que tive o privilégio de conviver. Ele disse em meu ouvido: - Tua sorte guri é que estou pelado, porque se tivesse com a grana este tu não levava. Difícil de se ver cavalos como ele.
Beijou minha cabeça e voltou a sua mesa.
Outro dia contarei outra história que eu o Carlindo vivemos juntos com o Energia Sky e quase com a Preta do Mangeirão.
Quando cheguei de volta ao Rio de Janeiro, o Gonçalo já sabia da história pelo Leonidio e acabou ficando com o Much Better. O cavalo foi para o seu centro de treinamento no vale da Boa Esperança e lembro-me muito bem, que semanas depois, o veterinário que trabalhava para o Gonçalo, achou que Much Better era bambo. Quando a história chegou a meus ouvidos, telefonei dos Estados Unidos imediatamente para o João. E este me deixou tranquilo, afirmando que bambo era o veterinário, o cavalo seria encrenca de primeira.
O resto da história você, e grande parte do Brasil, já conhecem.
Much Better foi juntamente com Sea Girl, um dos dois melhores cavalos de fundo a quem estive profissionalmente atrelado. Assim como Hard Buck o foi entre os de meia distância e Da Hoss entre os milheiros. Nas femeas não consigo destacar uma. Indian Hope, Sea-Girl, Little Baby Bear e Cara Rafaela equiparavam-se em suas distintas opções de correr. Embora tenha sido Baby Victory, a mais querida de todas.
Outrossim, com certeza, juntamente com Hard Buck, Much Better e Da Hoss foram os elementos que mais alegrias e sensações me trouxeram. O Marcos Rizzon estava presente em Churchill, quando o Da Hoss ganhou sua segunda Breeders Cup e fotografou-me no exato momento em que o cavalo, já visivelmente manco, reagia e ganhava a sua segunda Breeders Cup Mile.
Much Better tinha um outro atributo. Ele era lindo. Uma pintura. Era tão impressionante a forma com o qual se impunha, que você deve se lembrar que naquela tarde em Longchamp, ele foi eleito o cavalo mais bonito da carreira. E de longe o melhor apresentado. O João era um craque e o Gonçalo não lhe deixou faltar absolutamente nada. Mas não tivemos sorte, e os erros cometidos com a viagem dele, me ajudaram a não serem cometidos com Hard Buck e futuramente no planejamento para se chegar a Dubai, que um dia culminou em algo chamado Glória de Campeão.
Existem coisas que devem ser ditas. Tudo é uma questão de momento. Seja um romance ou uma vitória profissional. Não sei se por questões astrológicas ou não, tudo funciona bem. Como em um script de Hollywood. Creio que Much Better participou de um momento destes, mágico, onde o Gonçalo, o João, o Ricardinho e eu, formamos uma ligadura de aço, blindando a chance dos demais de nos ganhar. Foram dois ou três anos de vitórias e conquistas, uma atrás das outras. E nisto, creio que o maior mérito deva ser dado ao Gonçalo que nos dava carta branca e nos deixava trabalhar.
Apenas para terminar. Muitos acreditam que Farwell ou mesmo Itajara tenham sido melhores que Much Better. Eu para falar a verdade, acredito que apenas Duplex era de seu nível locomotor, mas ai entra o lado sentimental e eu posso estar apelando. O que sei é que ele foi o único a ganhar o Pellegrini, o Brasil, o São Paulo e dois Latino Americanos, sendo um dos mesmos na areia, contra dois especialistas, um chileno e Romarin. E se o Ricardinho não bobeia, teríamos metido outro Pellegrini e mais um Brasil.
Vou guardar com muito carinho a cópia deste ticket.
Um fato curioso. Lembro-me que na noite do dia primeiro para o dia dois, fui a uma pequena ponte - cerca da Ile de St. Luis - onde a Sonia Lins (ex-Andrade) me contou que Napoleão sempre comparecia, antes de seguir para uma batalha. E que a única vez que não cumpriu seu ritual, foi as vesperas de Waterloo. Não funcionou para mim. No dia seguinte a disputa do Arco, comemorei meu aniversário com um jantar ofertado pelo Gonçalo, no Hotel em que ele estava hospedado e ouvi duas frase do João que me deixaram aturdidos.
A primeira: - Sei onde errei. Se houver returno, ano que vem voltamos aqui, e lhe garanto que destes que ele correu hoje não perde para nenhum.
E a segunda: - Acho que vamos correr semana que vem com ele a ANPC...
Estavamos em Paris. Acabara de correr a mais importante prova do planeta. O cavalo embarcava naquele dia e a ANPC seria disputada numa questão de dias. Much Better perdeu no photochard para record...Este era o tipo de cavalo que ele era.
No dia seguinte partimos todos para Los Angeles, de forma que o Gonçalo e o João pudessem conhecer no centro de treinamento de Lukas, aquela que eu disse a ambos ser a melhor égua que já havia comprado. Uma tal de Cara Rafaela. Adquirida um mês antes em Keeneland. E igualmente para visitar Little Baby Bear que acabara de aterrar em terras norte-americanas.
Mas isto são outras histórias...Tenho um leilão segunda feira, e muito trabalho e frio me esperam.
Obrigado Paulo, por suas palavras e lembranças.