
Recentemente me perguntaram, porque não mantinha meu blog apenas informativo, deixando de lado as análises, pois, isto me tomava um tempo absurdo. Para falar a verdade eu nunca havia parado para pensar sobre o assunto. A pergunta foi feita por alguém que acompanha de perto meu trabalho e sabe quantas são as dificuldades de tocar um blog sozinho.
Ai me lembrei de um pensador que um vez escreveu algo que me calou fundo. “Pior que uma mentira que se possa inventar é uma verdade dita pela metade”. Não me lembro onde li, nem mesmo quem escreveu. Desculpem a falha técnica, mas o importante é que esta linha de pensamento está certa.
A informação turfística sem análise, é uma meia verdade. Uma empada sem azeitona. Quando há uma análise, cabe aos leitores decidir se está acurada, exagerada, falha ou correta. Sem ela a coisa fica perdida. Não têm valor algum. Exagero meu. Tem algum valor, mas que se dissipa da mente do leitor no dia seguinte.
Uma vez o grande jóquei Gary Stevens (foto) me disse que era viciado no Daily Racing Form, no tocante a análise dos páreos, pois, delas tirava sempre um insumo que poderia usar a seu favor quando sobre um cavalo. Discuti-as com seu manager, antes de traçar uma estratégia para este ou aquele cavalo em uma prova importante. Confessou-me ter lido que Hard Buck era um cavalo que dominava seus adversários mas gostava de se manter em luta com os mesmos. Por isto, esperou até o último segundo para atropelar em Dubai e garantir que o craque brasileiro não reagiria. Funcionou. Estava certo, pois, metros depois do disco, Hard Buck havia voltado e passado por ele. Quanto lhe valeu este detalhe?
Mas tenho muitas vezes bastante receio de certas informações publicadas em sites e blogs. Muitos destes criados com fito politico. Muita coisa é escrita para enaltecer este ou aquele cavalo ou criador. Toda observação tem que ser levada em conta, mas analisada antes de digerida.
A omissão dos problemas é um ação, a meu ver, ainda mais critica. Quando se trabalha sob a luz estatística, como tento fazer, se determinam universos de carreiras de um mesmo nível de um determinado pais, continente ou hemisfério, e com os resultados tenta-se descobrir, por intermédio de percentuais, em que direção o mercado está indo. Esta direção pode ser até que não seja aquela que você quer seguir, mas pelo menos, o leitor toma conhecimento da mesma.
Ninguém pode tirar uma conclusão por apenas uma corrida. Você necessita do conjunto das mesmas. A análise individual do pedigree de um determinado elemento, é valida. Mas a série histórica montada sobre a mesma, mais importante ainda.
Foi-se o tempo em que as teorias sobre cruzamento e seleção de cavalos de corrida, era levada a efeito debaixo de total sigilo. Mistérios que garantiam para este ou para aquele, uma pretensa supremacia no mercado. Acabou-se. Hoje tudo roda pela net, pelas prateleiras das bibliotecas e mesmo nas páginas dos informativos especializados. Isto se chama modernidade. Cada vez que escrevo, exponho-me. Alguém, que você nunca ouviu falar lê e tira a sua conclusão. Este alguém o passa com o tempo a conhecê-lo por dentro. E você não tem a mínima noção nem de como ele é por fora. Isto é a vida de quem escreve.
Desculpem, mas isto não é um surto psicótico de uma maníaco depressivo ou de uma esquizofrenia que tenha que ser tratada a eletrochoques. Trata-se apenas a constatação de uma realidade.