
Após quatro anos consecutivos como finalista do Eclipse Award, o peruano Edgard Prado finalmente em 2006 teve seu trabalho reconhecido, ganhando este prêmio, que por direito já deveria a ele ser dado desde 1997, quando liderou nacionalmente as estatísticas de jóquei, com o assombroso número de 536 vitórias em uma só temporada.
Há de se reforçar o fato que o jóquei de origem latina em muito contribuiu para o progresso da atividade turfística nos Estados Unidos. Teve e tem sua capacidade profissional reconhecida e premiada. Para se ter uma idéia da veracidade desta afirmativa, só em relação ao Panamá foram indultados ao Hall of Fame, nada menos que cinco jóqueis:
Bráulio Baeza, Jacinto Vazquez, Manuel Ycaza, Jorge Velásquez e Laffite Pincay Jr. De Porto Rico tivemos, Angel Cordero Jr. e até de Cuba, Avelino Gómez. Mas da América do Sul, somente, o chileno José Santos o foi. No ano de 2007.
Cada dia me parece estar mais perto esta indução em relação a Edgard Prado, que como meu amigo José Santos, é também meu visinho. Ambos moram em Hollywood, a algumas quadras de mim. Foi um prazer em Gulfstream ter sentado com Prado na sala reservada aos jóqueis e levado a efeito esta entrevista. Aquele profissional paciente e cuidadoso em cima de um cavalo, demonstrou o ser igualmente fora do mesmo.
RG - Edgard, a primeira coisa que eu gostaria de saber, como era Edgard Prado no Peru, antes de vir para os Estados Unidos?
EP – Eu sempre estive envolvido com os cavalos. Meu pai foi groom e assistent trainer. Seu sonho era ser jóquei, mas para seu desespero, o peso tornou isto impossível. Tenho dois irmãos que foram jóqueis em Lima e um que está em atividade em Maryland. Talvez por isto apaixonei-me pela profissão. Sempre estive presente desde pequeno a Monterrico e por volta dos 14 anos iniciei minha profissão. Na verdade fiquei pouco em meu pais. Ganhei as estatísticas de jóqueis e imediatamente veio o convite...
RG – Creio que pelo treinador Manuel Azpurua?
EP – ... exatamente. Foi em 1986. Vim dar aqui na Flórida. E assim tudo começou. Não foi fácil, pois, não conhecia a língua, desconhecia os costumes. Na verdade não conhecia ninguém. Mas este sempre fora meu sonho. Vir para os Estados Unidos.
RG - E foi na Flórida que você ganhou a carreira de número 5,000 e anos depois a de numero 6,000.

EP – Ambas em Gulfstream. Mas, creio que sonhar grande, acaba lhe proporcionando grandes resultados. Sempre pensei grande. Trabalhei muito na Flórida e ai tentei Boston e a seguir Maryland...
RG - A convite de John Kimmel?
EP – Exatamente, para substituir Richard Migliori. Não me faltou força de vontade. Em Laurel e Pimlico acabei me estabilizando e dando o salto que precisava em minha carreira. Sou bastante grato a Maryland.
Sinto quado falo com Prado uma calma incomum nos jóqueis, muita vezes elementos assoberbados de energia e sempre dispersos em termos de atenção. Prado é calmo, atento em seus movimentos, atencioso com quem interage e pensa antes de falar. Mede suas palavras, como o faz em cima de uma cavalo. Mas quando responde demonstra aquela sua mesma convicção demonstrada na reta de chegada.
Continuamos amanhã.