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quarta-feira, 29 de julho de 2009

PAPO DE BOTEQUIM - Julho 29 - Notívago Calejado


Renato,

Você acha que o GP. Brasil é o mesmo dos dias que você iniciou no turfe?

Carlos Alberto Correia de Araujo Lima - Recife

Não, meu caro Carlos Alberto. E não é de hoje.

Vivi o final dos anos 60 e todos os 70 no Rio de Janeiro. E foi nestas décadas que passei a amar o turfe. Mas foi também o ocaso de uma capital, que se transformou em cidade e hoje vive qual um conglomerado, cercado de favelas e violência por todos os lados. Outrossim, no meu tempo de juventude, Ipanema era uma aldeia, Leblon não mais do que uma vila e a Barra da Tijuca uma viagem ao desconhecido. Tijuca era Marte, Copacabana entrara em decadência e atravessar o túnel, era inconcebível, a não ser em dia de clássico no Maracanã. O verdadeiro Rio de Janeiro era pequeno. Tinha suas fronteiras na zona sul da cidade. Iniciava no túnel da Princesa Isabel e terminava na subida da Avenida Niermayer e talvez por isto, quase todos se conheciam, pois, os lugares freqüentados, eram sempre os mesmos.

Jangadeiro, Veloso, Zeppelin, Bar da Lagoa, Varanda, Mau Cheiro, também conhecido como Morte Lenta e para culminar o Castelinho, que fez o Mau Cheiro comporta-se, desistir e virar Barril 1800 era o top. Todos bares. Sim todos eram bares, uma cultura estabelecida desde os tempos do Império. Numa cidade balneário, monopolizada pela cultura e política em um país ainda em formação que se discutia. Mas o que os cariocas faziam nos bares, pensarão alguns? Primeiramente diria que não seriam apenas os cariocas. Como capital que foi, o Rio de Janeiro atraía gente de tudo que era estado. Mineiros, capixabas, nordestinos. E em seu bojo a intelectualidade de todos os quatro cantos do Brasil, pois, naquela época, além de político, era o centro cultural de uma nação. Os assuntos gerais eram: conversar fiado, falar mal do governo, discutir o que acontecia em Paris, comentar o trabalho dos colegas, verem as menininhas graciosas e cheias de graça irem a caminho do mar e por mais estranho que possa parecer, o turfe. Sim na época de meu pai, o turfe era discutido da sofisticada Confeitaria Colombo ao Vermelhinho, este um barzinho no centro que até as três horas da tarde recebia funcionários públicos que ali vinham saciar sua fome. E depois das cinco era freqüentado por artistas que saciavam suas necessidades intelectuais. Mas estas duas casas não eram as únicas. O tempo desenvolveu outras. Entre as quais as citadas no inicio deste parágrafo.

O Jangadeiro era o ponto do Hugo Bidet, do Fernando Sabino, do Rubem Braga, do Sergio Cabral, do Albino Pinheiro. O Veloso (que hoje tem o nome nojento de Garota de Ipanema) era o porto de Vinicius de Moraes, de Antonio Carlos Jobim e da turma do Pasquim, o Jaguar, o Millor, o Tarso de Castro, o Ziraldo e até o sofisticado Paulo Francis. O Zeppelin pertencia a turba intelectuóide do cinema novo. O bar da Lagoa, do João Saldanha, Sandro Moreira, Roniquito e alguns elementos do clube do cafajeste, os únicos a igualmente freqüentarem Copacabana durante o dia. Eram viciados pela piscina do Copa, nos fins de semana. Lá se encontravam com o Ibrahim Suede, o Carlinhos Niemayer, o Baby Pignatali e outros. O Antônios, era o refugio do Carlinhos de Oliveira, do Nelson Rodrigues, do Chico e de todo aquele que tinha intimidade de pendurar suas contas como o Manolo.

Ai em Setembro de 64, seis meses depois da redentora, nasceu o Castelinho (o bar, não o jornalista). O primeiro barzinho de qualidade em frente da praia e com direito a placa de trânsito colocada pelo coronel Fontenelle, alertando aos motoristas que diminuíssem sua marcha, pois, os bêbados atravessavam a rua. Há de se aceitar, que o intelectual carioca nunca foi chegado ao sol, mas ali muitos passaram a se reunir, principalmente no final da tarde para ver as musas do Arpoador voltarem do banho de mar (era assim que se dizia de alguém que ia a praia): Odete Lara, Normal Benguel, Duda Cavalcanti, Rose Rondelli, Ionita Guinle, e outras. Rio de Janeiro era sinônimo de mulher bonita.

Copacabana para nós, que a pouco nascíamos para a vida, só a noite, pois, era lá que ainda estavam as boates, o Bateau, Black Horse, Regine's, o Jirau, antigo e novo, o Zum Zum Zum, os restaurantes como o Lucas e o Alcazar (pontos de encontro de Augusto Frederico Smith, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos, o Castelinho e outros intelectuais), os caríssimos mais badaladérrimos, Au Bon Gourmet, o Bife de Ouro, Le Rond Point, onde os círculos da alta sociedade demonstravam sua pujança, os menos badalados, todavia, freqüentados pela turma da madrugada do beco das Garrafas e dos inferninhos do Lido, que seriam o Fiorentina que virou Sorrento, ou ao contrário, não me recordo mais, e o bar do Cervantes, que existe até hoje, com o melhor sanduíche de pernil da face da terra.

Existia uma peculiaridade. Os donos e os garçons destes bares e restaurantes nos chamavam pelo nome. Havia uma intimidade e um respeito até no ato de colocar a conta no prego. Na praia, cada um tinha seu vendedor de mate e limãozinho. Eles montavam clientela e contas, pois, levar todo dia dinheiro para praia, no Rio de Janeiro, sempre foi sinal de insanidade mental. E não adiantava ter a força do dinheiro para conseguir esta intimidade. O carioca embora louco por todo e qualquer gringo, não o era por puro bairrismo, tão civilizado para com o paulista. Naquela época vir no fim de semana advindo da terra da garoa, era passaporte para a inelegibilidade. Puro e idiota bairrismo, refletido muito no turfe.

Havia o Jockey Clube e seu hipódromo da Gávea, que não era símbolo apenas de corridas de cavalos, era igualmente um must social, quando do GP. Brasil. Tinha o mesmo status do Country Club, das boates de conde Hubert de Caste freqüentada pela geração pão com cocada, batizada pelo colunista Ibrahim Suede. O homem que para mim inventou Ipanema. Ele e o Sergio Dourado. Era necessário planos de trânsito para que as ruas pudessem funcionar em condições mínimas em dia da festa máxima de nosso turfe. Até presidente comparecia. Hoje ele manda um representante, geralmente aquele que está de castigo ou em regime de aviso prévio. Para se fazer planos de trânsito atualmente, naquela região da Gávea e Jardim Botânico, tão somente quando o Suvaco de Cristo desfila.

Logo, perdemos terreno em todas as esferas. O turfe foi pouco a pouco sendo abandonado e não culpem a internet e todas as outras modernidades, pois, elas existem em ainda maior peso no hemisfério norte. E não atrapalham o desenvolvimento do turfe. As praias se mantém cheias, a noite também e até o futebol pode encher um estádio com 60,000 pessoas em seus grandes dias. Nós, do esporte dos reis, perdemos gradativamente nosso terreno, pois, achamos que devíamos manter nosso esporte no estágio elitista e que nada era preciso para fomentá-lo. As pessoas eternamente viriam aos hipódromos. O clube esqueceu de se transformar em empresa. Moral, sambamos. São Paulo é hoje uma potencia como metrópole e nós cariocas apenas sobrevivemos as intempéries e barbaridades das turmas do morro. Mas no turfe, acredito que estejamos no mesmo quarto em luz.

E falando em sambando, uma coisa era necessário para se entender Ipanema. Era necessário ver a banda passar, embora ninguém em Ipanema o fizesse, pois, passava com ela. Lembro-me do José Carlos Oliveira uma vez contando que explicava a uma amiga da necessidade de ver a Banda de Ipanema e ela para justificar-se em seu desinteresse, não sei exatamente porque, explicou que nascera e crescera em São Paulo... antes que se perdesse muito tempo, o José Carlos de Oliveira aquiesceu: Compreendo sua situação. Eu também passei já passei 15 minutos em São Paulo e até hoje não me refiz completamente.

Pois é, da mesma forma que o avanço imobiliário invadiu São Paulo, a intelectualidade moveu-se para o Leblon e lá cresceram o Degrau, o La Mole, o Alvaro’s, o Luna, o Antônio’s e uma série de pequenos lugares. Igualmente nasceu o final do Leblon e acreditem ou não, muitos se mudaram para a Barra.

O turfe mingou. O hipódromo da Gávea foi esquecido e entregue as traças. Hoje há uma pista de grama. Mas pouca gente para vê-la. Perdemos o status de prova internacional, anualmente visitada por argentinos, chilenos, peruanos e uruguaios. Dividimo-nos com a ostentação de um bairrismo inútil que não se restringiu apenas as fronteiras nacionais. Perdemos aquela unidade nacional inicial, que chegou a ser continental. E talvez seja por ai que devamos tentar recomeçar. Vendo o velho Atlântico a minha frente, sinto-me, como meu turfe, um notívago calejado.

Um bom Grande Prêmio Brasil para todos.