Mas não eram apenas os Seabras que conheciam e respeitavam o turfe paranaense. Paulo Lara mandou Guaraz pilotado pelo Omámio Reichel e Goleiro por seu irmão Otílio Reichel. E eles fizeram a dobradinha, com vantagem para o primeiro. O Dr. Francisco Eduardo de Paula Machado uma vez compareceu com Iguassú montado pelo bridão chileno Ramon Pacheco. O Stud Vice Rei por exemplo por dois anos seguidos trouxe o argentino filho de Guatan, Panter. O Haras São Luiz não se furtou a vir com o importado britânico Pewter Platter. Os Almeida Prados em três oportunidades venceram. Uma com o argentino Ferino montado por Olavo Rosa, outra com Messidor com G. Silva e finalmente com Masteréu, corrido com as cores do haras Tamandaré, e sob o comando de Isao Hoya. O próprio Torpedo, anos depois pai do ganhador do GP. Brasil Fenomenal - que operei antes dele conseguir seu maior feito - correu duas vezes o GP. Paraná. Não eram apenas os treinadores brasileiros que gostavam de comparecer ao GP. Paraná. Ramon Rojas, treinador radicado em São Paulo, mas uruguaio de nascimento, trouxe Zonzo (o mesmo que bateu a Swallow Tail no GP. São Paulo) e o filho de Felicitation, Garimpeiro. Pelo menos dois que me lembro.
Guaraz (Sargento – Caama por Helium) foi igualmente ganhador dos 3,800m do GP. Derby Club de 1949 batendo naquela oportunidade a Jabuti. Em seu pedigree o cruzamento do nacional Sargento com a igualmente nacional Caama detonavam para época uma certa fragilidade genética. Outrossim, a se notar no raro pedigree de Guaraz é o fato dele possuir um duplo imbreeding num dos mais profícuos nicks montados pelo Haras Ojo de Água na Argentina; Cyllene/Gay Hermit e um triplo em outro importante nick de cunho internacional Isonomy/Hermit, por mim descrito no meu livro Tesio, Realidade ou Mito? (nota do autor). Em seqüência o pedigree de Guaraz.
GUARAZ, macho, castanho, 10/08/1944
Criador: ND
LORENZO (GB), CAS, 1909
PRINTER (GB), CAS, 1922—————————————+
| IONIA (GB), CAS, 1915
SARGENTO, TOR, 1931————————————————————+
| RETRECHERO(ARG), CAS, 1911
MATTEIRA, TOR, 1925—————————————————+
GAROPA II, TOR, 1919
HUNTER'S MOON (GB), CAS, 1926
HELIUM (ARG), CAS, 1931—————————————+
| CLAQUE(ARG), CAS, 1924
CAAMA, CAS, 1940———————————————————————+
| CHARLESTON (FR), CAS, 1923
URUA, CAS, 1930—————————————————————+
ROCA, CAS, 1923
Fonte – Stud Book Brasileiro
Detalhes que não podem passar a desapercebido. O companheiro de Guaraz, Goleiro (Helium - Silenciosa por Printer), sempre lhe foi inferior, mas possuía o mesmo triplo imbreeding no nick Isonomy/Hermit, já que era um cruzamento de forma inversa; Helium em uma égua filha do pai de Sargento. Conceituações de pedigree muito respeitadas em uma época em que a maioria dos criadores usavam os serviços de profissionais europeus. Para se ter uma idéia do que acontecia, Iguassú (Formasterus - Riri por Thermogene), tinha um pedigree substanciado na força do grande reprodutor Formasterus, mas não estava isento de possuir um duplo imbreeding em outro nick de reconhecimento ainda mais forte em termos internacionais; Ben Or/Macaroni.
Panther (Guatan - Nagoya por Pelito) originalmente conhecido na Argentina por Nativo, foi duas vezes segundo colocado no GP. Brasil e no GP. São Paulo ambos na temporada de 1952 para seu conterrâneo Gualicho (The Druid – Golconda por Congreve), sendo que nas duas carreiras o francês Fort Napoleon (Tourbillon - Roquebrune por Motrico) chegou na terceira colocação. É importante se ressaltar que o grande quádruplo coroado argentino Yatasto, perdeu sua invencibilidade no GP. São Paulo, chegando na quarta colocação com Leguisamo. Como era de praxe, em seu pedigree Panther possuía também um duplo imbreeding, desta feita no nick Jardy/Orbit estabelecido no National French Stud e muitas vezes repetido pelo grande criador francês Edmond Blanc (nota do autor). Em seqüência o pedigree de Panther.
PANTHER (ARG), macho, castanho, 07/09/1947
Criador:
RICO (ARG), CAS, 1919
FLORETISTA(ARG), ALA, 1933——————————+
| FLORELLE(ARG), CAS, 1923
GUATAN(ARG), CAS, 1941—————————————————+
| CABALISTA(ARG), CAS, 1924
GUAYACA(ARG), CAS, 1931—————————————+
PARTIDA FALSA(ARG), CAS, 1927
HIJO MIO (ARG), CAS, 1918
PELITO (ARG), CAS, 1929—————————————+
| ONDINA (ARG), ALA, 1920
NAGOYA (ARG), CAS, 1941————————————————+
| PANTERA (GB), ALA, 1923
NANITA (ARG), CAS, 1936—————————————+
NANNY (ARG), CAS, 1931
Fonte – Stud Book Brasileiro
A trinca dos Almeida Prado era constituída por o argentino Ferino (Full Sail – Felina por Macon) que possuía o RF na égua britânica Sunrise, por suas filhas Cherry (avó de Phalaris) e Lindal (mãe de Sandal) e os brasileiros Messidor (Caporal – Dybarine por Burphan) e Masteréu (Adil - Scottish Dilemma por Scottish Union). Messidor tinha em seu pedigree a duplicação do nick básico de Lord Derby; Phalaris/Chaucer que foi dissecado em meu livro Lord Derby, de Canterbury Pilgrim a Alycidon. Masteréu possuía o Rasmussen Factor na britânica Sirenia, mãe de Cellini e de Electra, esta a segunda mãe de Epigram (pai de Adil). Logo no haras Jahu, havia consciência já naquele tempo da necessidade do uso destas ferramentas indispensáveis para o sucesso.
Torpedo (Sargento – Barcarola por Helium) foi um grande fundista, que como Guaraz tinha o cruzamento consubstanciado em Sargento numa mãe Helium. Logo possuía os mesmos atributos (BIsonomy/Hermit e Bend Or/Macaroni) todavia ainda mais reforçados, já que sua avó Silenciosa era também filha de Printer. Torpedo ganhou 15 carreiras, estando entre suas vitórias os 3,200m do GP. General Couto Magalhães, os 2,400m do GP. 14 de Março e sua segunda colocação no St. Leger carioca, O GP. Distrito Federal em 3,000m (nota do autor).
TORPEDO, macho, castanho, 08/08/1946
Criador: HARAS RIACHUELO
LORENZO (GB), CAS, 1909
PRINTER (GB), CAS, 1922—————————————+
| IONIA (GB), CAS, 1915
SARGENTO, TOR, 1931————————————————————+
| RETRECHERO(ARG), CAS, 1911
MATTEIRA, TOR, 1925—————————————————+
GAROPA II, TOR, 1919
HUNTER'S MOON (GB), CAS, 1926
HELIUM (ARG), CAS, 1931—————————————+
| CLAQUE(ARG), CAS, 1924
BARCAROLA, CAS, 1939———————————————————+
| PRINTER (GB), CAS, 1922
SILENCIOSA, ALA, 1931———————————————+
JESSICA(FR), ALA, 1925
Fonte – Stud Book Brasileiro
Entre os grandes vedetes masculinas trazidas por Atílio Irulegui, não gostaria de deixar de mencionar Gualicho (ganhador de dois GPs. São Paulo e dois GPs. Brasil) e Ferino, ambos de propriedade da família Almeida Prado.
Gualicho foi sem dúvida alguma o cavalo que mais me impressionou em toda a minha vivência de homem do turfe. Era de uma superioridade alarmante. Não parecia dar a mínima bola a seus adversários. Corria a sua corrida como estivesse trabalhando pela manhã. Tinha um galão longo e parecia deslizar, enquanto seu adversários se esforçavam em acompanhá-lo.
Não me considero um saudosista em se tratando de analisar a qualidade de animais. Arrisco, inclusive a dizer, que creio que os cavalos evoluíram no Brasil, todavia vejo Gualicho e Farwell como os dois únicos que seriam excepcionais em qualquer época em que tivessem nascido. Deles falarei mais a frente com maior vagar. Pois, foram elementos tão superiores a tudo que vi antes e depois dos mesmos, que merecem uma consideração especial.
E acabou-se o que era doce. Quem comeu, regalou-se! O resto só quando eu conseguir patrocínio e conseguir publicar este livro.
E acabou-se o que era doce. Quem comeu, regalou-se! O resto só quando eu conseguir patrocínio e conseguir publicar este livro.