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terça-feira, 13 de julho de 2010

PEQUENO PAPO DE BOTEQUIM: OS FATOS SULAMERICANOS

Dizem os antigos - inclusive minha vó Adelina - que uma fotografia vale por mil palavras. Ai, me pergunto: e um dado estatístico?

Este fim de semana em nossa América do Sul, vieram a ser disputadas cinco provas de grupo entre Argentina, Brasil, Chile e Venezuela e por coincidência ou não, de seus seis vencedores, cinco descendiam de linhagens maternas consideradas entre as 15 melhores do mundo - três das quais entre as primeiras dez -, todos com 15 ou mais chefes de raça em suas primeiras cinco gerações e pasmem, quatro deles com pedigrees consubstânciados em imbreed. Um, até com Rasmussen Factor. Isto não parece a Europa?

Justamente tudo o que venho pregando por aqui, semana após semana, aconteceu neste fim de semana. E onde menos poderia se esperar: na América do Sul. Sei que não é sempre, mas há de se convir que o número de pedigrees, que possamos considerar modernos, correndo em pistas sul-americanas ainda é ínfimo, quase desprezível, o que torna o que aconteceu, perante aos olhos mais observadores, um feito ainda mais espetacular. Cada um tem o direito de fazer o que quiser como criador ou proprietário. Outrossim, profissionais, principalmente aqueles que se julgam agentes e indicam elementos para seus clientes não deveriam se sujeitar a subumanização de servir, meramente vendendo mão-de-obra, sem a mínima partilha dos benefícios de seu conhecimento. Se houver falta de aferição no que este profissional possa transmitir, que o contratante exija. Ele paga e tem o direito de saber o que está levando para a sua casa. Pergunte, de vazão a sua curiosidade. teste o verdadeiro conhecimento daquele que o serve. Observe se este, que lhe vende serviços está apenas inventando uma linguagem de criatividade meramente estética, que encanta pessoalmente, mas que não traduz a veracidade dos fatos.

A luz divina que cegou Paulo na estrada de Damascus, não deve cegar a nossos criadores e proprietários. estes, não se deve se enclausurar na ignorância da ignóbil defesa.  Se não sabem, pois, não tiveram tempo de pesquisar, perguntem. Exijam justificativas daqueles que o servem. Só assim o joio pode ser separado do trigo em todo e qualquer segmento desta atividade.  Entre os criadores que interajo, existe um, o Newton Simões ue sempre inquire sobre possibilidades. Um criador de menos de dez éguas, mas que na temporada passada tirou duas ganhadoras de graduação máxima provenientes de uma mesma geração. Coisa que muito criador grande não conseguiu fazer durante toda uma vida. A curiosidade que querer saber. A necessidade de ter em mente que tudo é mutável e transitório, o ajuda na faina de criar cavalos de corrida. Outro dois, de poucas éguas e que iniciaram a pouco a função de criadores, o Aluízio Merlim Ribeiro e o Adolpho Smith de Vasconcellos, se mantém update diariamente. Cito três, que não chegam a uma dúzia de éguas, apenas para se ter um exemplo que tamanho, nesta atividade, nem sempre é documento. Tanto dentro como fora das pistas. O importante é querer acertar e o mais importante ainda: ter ciência do porque que acertou. Seja pela mítica quântica ou pela ciência das estrelas. Eles, como outros, acreditam que existe algo mais do que apenas sorte, no reino do capitão Abrantes.

O veterinário Fernando Perche é outro que não se limita apenas a exercer aquilo para o qu foi treinado. É um veterinário que tem uma muito boa noção do que acontece no mundo dos pedigrees e de suas teorias. As aplica e em Haras que não podem ser considerados da pujança dos maiores existentes em nosso território, conseguiu resultados bem acima da média. Quem se limita a apenas ao concernente a sua atividade, estagna. Não evolui. Com o tempo se intimida e se enclausura naquela imobilidade própria dos que se omitem. O Alexandre Garcez, o meu bom alemão Christian Schlegel e outros que minha pobre lembrança deva ter omitido, são igualmente exemplos de jovens em suas profissão de veterinários, que acreditam que as coisas não acontecem por obra do acaso. Uma escola iniciada, pelo Alceu, pelo Taranto e pelo Celso Bertolini, em nossos dois mais importantes centros turfísticos.

Não dá para falar de todos. Que os não citados me desculpem, o que interessa é que sinto um grande movimento de mudança em alguns setores de nosso mercado. e creio que isto seja salutar. Mas voltemos aos trilhos.

Este cavalo Desejado Thunder me parece um dos melhores velocistas que já pintaram pelo Brasil, nestes últimos tempos. É jovem e me parece ainda verde, mas a linha 16-h é um dos requintes da atualidade e creio que isto deva ajudar, mesmo tendo seu pai sido para mim, uma das mais gratas imagens que vi correr em terras brasileiras.

Por sua vez Belle Watling, acredito que deva ser considerado o melhor do que há no Chile no presente momento. Evidentemente que descender de Sadlers Wells ajuda, mas a 2-n também. Por outra fator de coincidência ou não, ambos tem pedigrees abertos e suas linhas maternas são numericamente, em questão de transmissão de classe, inferiores a 8-h, 14-c e a 9-c*. Não importa. Imperam da mesma forma, embora em conceitos distintos.

Acredito que seja hora de tornar maciço estes conceitos. Quantos mais batermos na tecla, melhor há ela de soar. Os números estão ai para provar. O que sugere, não ser mais uma questão de opinião.


Pode ter sido um fim de semana em mil. Não interessa. Foi.