MANDAMENTO NÚMERO 1: DE A SEU CLIENTE AQUILO QUE ELE PRECISA, NÃO NECESSÁRIAMENTE, O QUE ELE QUER.
O número 10, não é de hoje, tornou-se um símbolo. Um parâmetro. Uma verdadeira referência. E acredito, o que o fez ser o que é, não foram as notas dadas aos alunos na escola ou mesmo a camisa de Pelé, e sim aqueles mandamentos que Moisés trouxe às mãos, que a ele foram dados quando perdido em um morrinho, em noite de trovões.
As pessoas podem ter outras teorias, sobre a importância ou não do número dez, mas eu acredito que esta seja a básica, fundamental, já que ele, como número, foi criado, dentro um sistema, batizado de decimal.
Eu, particularmente, tenho uma verdadeira desconfiança em relação a sistemas. Não que eu seja um rebelde. Muito pelo contrário, nunca o fui, e dificilmente a esta altura da vida o serei. E também, não tenha ímpetos de querer mudar o mundo, mas acredito que sistemas melhores podem ser criados, no minuto seguinte, já que eles, em minha maneira de pensar, não são soluções perenes. Todos tem prazo de validade, no momento que a vida se ajusta as novas necessidades da modernidade.Veja o caso dos mandamentos. Aquele, se não me engano o sétimo, objetiva não desejar a mulher do próximo, a meu ver, caiu em completo desuso. E isto para citar apenas um. Concordo, que possa não ser aconselhavel, comete-lo, dependendo inclusive do tamanho do marido, todavia, não creio que alguém ainda tema ir para o inferno, pelo simples fato que ache a senhora do vizinho, um tesão.
Ficar preso a sistemas, por que de alguma forma chegaram a nosso conhecimento, me parece uma atitude de pouca lucidez. Devemos sim ter formas para montar toda e qualquer tecnologia, que possa nos auxiliar nesta ou naquela solução de um problema. Estagnar em sistemas pré-elaborados, ou tentar se adaptar aos mesmos, não o excluirá do mercado em que você milita, mas não o fará tornar-se, ou o produto que você criou, melhor ou pior. Sistemas tornam-se obsoletos antes mesmo do termino de seu prazo de validade. Métodos, nunca. Nisto consta toda a imensa diferença.
Pensando e agindo desta forma, eu criei, para aquilo que faço, meus próprios mandamentos, que como era de se esperar, não são dez. E é sobre eles, que sempre que puder tentarei aqui defender sua conceituação. Qual a validade? Talvez nenhuma, mas eles pelo menos criam para mim formas de trabalho e linhas de ação.
Desculpem se pareço pretensioso em me utilizar de meus próprios mandamentos e acha-los básicos, para se chegar onde pretendo chegar. Mas como eles são meus, tenho todo o direito de achar o que quizer dos mesmos.
O primeiro mandamento de meu método de trabalho é o seguinte: De a seu cliente aquilo que ele precisa, não necessáriamente aquilo que ele quer. É pretencioso? Sim, e o pior, afasta 80% daqueles que querem utilizar de seus serviços, pois muitos, no Brasil, ainda tratam esta atividade - a dos cavalos de corridas - como um hobby. E hobby, não ganha Olimpiadas, Copa do Mundo, Eleições e mesmo o King George VI. O que o faz chegar a poder pelo menos disputar, é profissionalismo, dedicação e metodologia. Você quando se consulta com um médico, ele lhe dá um diagnóstico, depois de analisar seus exames e sintomas. E se você não seguir suas precrições, conforme o tamanho de seu problema, há sempre uma possibilidade que você possa piorar ou mesmo morrer. Em meu caso, muitas vezes meus diagnósticos são encarados, não como uma tentativa de cura e sim como uma mera opinião. E está exatamente ai, o x do problema. Algumas vezes você tem que intervir, qual um médico cirurgião e extirpar o cancer que o prejudica. Muitas vezes, da mesma forma que um sacerdote, você tem que alertar a aquele, para quem trabalha, do que fazer e do que não o fazer. E na maioria das vezes como um consultor financeiro, voc~e é obrigado a delimitar opções e projetar um universo de gastos. e quando alguém o escuta, você tem que se policiar para não se tornar uma despota.
Muitos dos que atuam nesta atividade criam dogmas. Não confundi-los também com métodos. E entre estes dogmas o que esta na moda e não é de hoje, é aquele que defende a tese que tão somente o que é bonito, é o que funciona. Diria, com conhecimento de causa, que não é bem assim. Northern Dancer é a maior prova inequivoca, dentro de nossa atividade. Não era bonito, o Canadá nunca foi e nunca será a última Coca cola do deserto criatório e muito menos seu pai Nearctic ou sua mãe Natalma, estavam na moda, Mas, a verdade nua e crua, é que ele revolucionou o mundo turfístico. Mudou um biotipo, até então considerado como insubstituivel. Aquele biotipo que Henrique VIII desenvolveu, por acreditar ser, o que melhor coadunava com as necessidades de um equino se tornar mais veloz e staminado. Northern dancer fez as pessoas reestruturarem seus pensamentos e ações.
Logo, beleza não põe a mesa. Todavia, como diria Vinicius de Moraes, eu também não como no chão. Comentei da qualidade fisica de vários dos pretendentes do clássico Santos Dumont em Cidade Jardim, principalmente de seu vencedor, o Wyatt Earp. Pois é, o Eduardo Naufal sempre primou como criador, por produzir este tipo de cavalo. Já o fazia a 30 anos atrás, quando se mostrava mais ativo no turfe. Pelo que vi, ainda não esqueceu. No turfe beleza igualmente não põe a mesa, mas pelo menos ajuda, pois, para aqueles não dotados de pedigree, existe sempre a possibilidade que um bom proprietário, ou de um treinador mais atento, arrisque na compra. E um bom proprietário, normalmente trás com ele, uma boa equipe.
Como em diversas vezes já me pronunciei, cavalo de corrida é uma cadeia de aontecimentos. Do momento da fecundação do útero, à abertura oficial pela primeira vez do starting-gate, todo elo desta corrente, tem que ser bem trabalhado. Assim nos elos que compõem o final desta corrente, da aquisição à estreia, passando pelo treinamento - os lapidatores finais deste diamante - tem que ser, os melhores que você proprietário possa contratar. Steve Jobs, o celebre mago da Mac, em reportagem para a revista Times em 1999 assim o disse: minha função principal aqui na Apple é garantir que as cem pessoas mais importantes sejam excepcionais. E todo o resto se resolverá sózinho.
Esta forma de agir e pensar de Steve Jobs, para mim funciona igualmente em cruzamentos. Quantos mais pontos de força (chefes de raça e matriarcas) você colocar em um pedigree, maiores serão as suas chances de sucesso. Se você duplica certos deles, em forma de imbreeds e Rasmussen factors, o percentual cresce e quando você sabe exatamente como combiná-los, ai sim você dá inicio a um processo evolutivo em sua criação. A questão passa a ser, esperar pelo milagre genético, pois, como o mago da Machintosh frisou, e todo o resto se resolverá sózinho. Mas voltemos aos trilhos.
Mas por que um cavalo atleticamente convincente funciona - e uso como exemplo as penascas do sul do Brasil? Se um cavalo de pouca força genética, mas de indiscutível