Redattore
Comenta-se nas altas esferas religiosas, que Deus necessitou de seis dias para construir o mundo e no sétimo dia descansou. E assim foi formada a semana. Logo, mesmo ele, que detém todos os poderes, necessitou de tempo para completar a sua obra. Assim sendo, me dou ao direito de pensar que se necessita de tempo para que qualquer élèvage no mundo se forme e muita estratégia para que a mesma seja mantida.
Neste período do ano, inicia-se no Brasil a dança das cadeiras, só que ao contrário dos Estados Unidos, Europa, Ásia e até mesmo Oceânia, o número de machos levados a reprodução, não é grande, mas sim o volume de shuttles. Alguém pode perguntar, qual seria então a diferença? E eu responderia que abissal. Explicando-me melhor, a diferença está que no shuttle, os cavalos aterrissam de para-quedas em um haras, sem que exista uma preocupação de sequer se saber se eles se adequam ou não, as éguas que formam o plantel deste estabelecimento de cria, e na maioria das vezes, não voltam jamais. Seria como construir o mundo em cinco minutos e esperar que ele prosperasse eternamente.
Conclusivo
Desculpem aqueles que assim não o pensam, mas a base de qualquer centro de criação, é seu plantel. seja de éguas como de machos. No Brasil, temos um plantel de éguas, que embora não possa ser considerado de primeira, está acima da média. Outrossim, no tocante ao de reprodutores machos, infelizmente não posso dizer a mesma coisa, pois, hoje a febre do shuttle, infectou a mente da grande maioria de nossos criadores.
Eu particularmente não sou contra o shuttle. Sou sim, completamente contrário a forma pela qual está sendo conduzido. Em um almoço churrasco com profissionais em Bagé, quando levantei a hipótese de que deveríamos ter reprodutores fixos em haras, um criador, observou que isto era perigoso. Se é perigoso, porque a Coolmore, a Juddmonte farm e Aga Khan assim o fazem? Estariam estes importantes estabelecimentos jogando sua sorte, com tamanho risco? Pergunto eu, não seria mais perigoso, se pegar uma égua, cobri-la, um ano com Shirocco, no ano seguinte com Manduro, ai em sequência com Roderic O'Connor, Soldier of Fortune e Authorized? Que perfil estaríamos criando? estariamos apenas preocupados com o sucesso pontual?
Poucos, aliás, muito poucos são os cavalos de shuttle, que conseguem vingar em ambos hemisférios. Isto não deveria ser um fato a não ser levado em séria consideração. Mesmo na Austrália, onde os shuttle são organizados de uma forma bem mais racional que a nossa, certos sementais, voltam quatro, cinco, seis anos seguidos. Os que não voltam, pelo menos, são explorados em dois ou três. E estes que não voltam, por que não preencheram as necessidades exigidas, iniciam sua via crucix via Chile, Brasil e etc…
Nedawi
Hoje no Brasil, temos poucos reprodutores de valor, que estão sendo explorados convenientemente. Nedawi, um proscristo, vai este ano para São Paulo. Ele que talvez seja um dos maiores produtores de elementos ganhadores de nossas principais provas, parece que não "colou" ainda. Vamos receber, provavelmente o Kentucky derby winner Fusaichi Pegasus, que já correu o mundo, inclusive o Chile e outro ganhador do Arco, desta feita Dalakhani em solo paulistano. Bagé deve receber o derby winner Authorized, o não sei como qualificar Yes It's True que um dia se chamou Es Verdad, o champion sprinter Benny the Bull - em seu terceiro ano - e fala-se do pouco fértil Forestry para o Paraná. Ai, eu perguntaria será por ai? Não seria melhor se trazer Scatty Daddy que funcionou bem no Chile, do que alguém, que não?
Dalakani que está em baixa na Europa mesmo sendo um reprodutor de HH. Aga Khan, parece que vem de forma definitiva. Ele e Benny the Bull, que foi selecionado por gente que necessita de velocidade, e aqui aporta pelo terceiro ano consecutivo, me parecem as medidas mais racionais. Ele podem montar em nossas terra um perfil, como Ghadeer, Waldmeister, Earldom, Tumble Lark, Locris e tantos outros o fizeram. E coincidentemente ou não, Rpyal Academy, Spend a Buck e Northern Afleet, os únicos três shuttle que nos deixaram saudade, aqui aportaram em mais de uma oportunidade. Seria coincidência?
Sou ainda daqueles que acredita que certo está o Santa Maria de Araras, que tem seus garanhões, consegue fazer de alguns deles sucesso e ganha de manhã, de tarde e de noite, nossas principais carreiras, com elementos de sua criação, que nem sempre de sua propriedade. esta forma de agir, fez o Mondesir, o São José Expedictus, o Faxina e tantos outros, sedimentarem o pavimento de nossa evolução como criadores de cavalos de corrida.
São exemplos como estes, que levam tempo para erigir suas élèvages, como Deus o fez em relação ao mundo, que a meu ver, devem ser realmente copiados.
Kara de Birigui