PAPO DE BOTEQUIM: A POUCA VALIDADE ATUAL DO IRISH DERBY

Quem me conhece, e acompanha o que escrevo e seleciono para meus clientes, está ciente de meu respeito pelo form inglês. É total. Não há margem sequer a uma discussão  Mas há de se notar, que este respeito, que um dia se estendeu pela Europa, de uns tempos para cá, passou a se focar apenas na Inglaterra, França e Irlanda, outrossim, carreiras são dinâmicas e sua colocação dentro do calendário, torna-se importante. Hoje, sinto penalisado que somente o form inglês parece estar demonstrando ser capaz de balisar o futuro de parte da criação mundial. Aquela que olha para a pista de grama e distâncias acima da milha.

Feito-me entender, creio que seja necessário explicar, por que cada dia meu reconhecimento para com os forms, irlandeses e franceses, se tornam menores.

Desculpem a objetividade, mas uma carreira de grande dotação e importância como o Irish Derby, não pode ser vencida, por um mesmo treinador em 11 oportunidades. Como também uma carreira como esta, não pode ser disputada, como foi em duas, das três últimas oportunidades, por apenas 5 contendores. Algo cheira mal. Refrasiando, muito mal.

Eu não creio que seja a distância, pois, tanto o Derby, como os Oaks, o King George e o Arco, continuam atraindo a atenção de publico e de participantes. Logo, não é por ai. Cortar sua distância, como os franceses fizeram, pura e simplesmente, com o Prix du Jockey Club (Gr.1), o seu Derby, simplesmente não resolve a questão. Parece aquela solução antiga brasileira de se cortar zeros no valor de nossa moeda.

Acho que três fatores me parecem que devem ser estudados. Hoje, quem investe e corre o circuito europeu, está mais ligado no meeting de Royal Ascot e no King George. E o Irish Derby, está expremido pelos dois. A segunda questão, é de como se apresenta a pista. A Irlanda é um pais verde, pois chove um dia e o outro também, só que no verão, como é de conhecimento mundial, as chuvas são mais intensas e o estado da pista nem sempre se mostra propício. O mesmo acontece por exemplo no meeting de Deauville. 

Abro um parênteses. Que importância tem isto? Eu por exemplo quando analiso a campanha de uma cavalo, elimino as carreiras ganhas em terreno anormal. E nós brasileiros, durante anos, importamos para reprodução, cavalos que se saíram bem, em dias em que a pista se encontrava em estado anormal. Ou melhor, aqueles que "acharam" sua carreira. Fecho um parênteses.

Ademais o estado anormal da pista, em várias oportunidades afugenta aqueles que poderiam fazer a diferença.  Recapitulando de 10 anos para cá, Kingston Hill, segundo para Australia em Epson, foi retirado da carreira este ano, pelo estado em que se encontrava a pista. O mesmo aconteceu em 2009 com Sea the Stars, e igualmente no ano anterior com Dawn Approch, que também teve ser forfait declarado por uma lesão. O que estes três elementos tinham em comum? O fato de não serem treinados pelo treinador que venceu esta carreira em 11 oportunidades. 

E ai aparece o terceiro fator. Instituiu-se um temor comum, que as provas da tríplice coroa irlandesas, têm um dono, antes mesmo de serem disputadas: Ballydoyle. Existem até suspeitas de favorecimentos. Abstenho-me de discutir situações como estas, pois, sou ainda daqueles que acreditam, que a Coolmore está fazendo por ter o poder que detem. Mas que o medo existe, disto, não tenho o menor receio de afirmar.

Sou do tempo em que o Iish derby, era o tira teima, entre os ganhadores do derby francês e inglês. Uma carreira de alto valor técnico e clássico. Hoje a França tem um mini Derby, e o ganhador de Epson, quando não é treinado em Ballydoyle, normalmente opta por esperar o King George.

A verdade nua e crua, é que da agressividade com que a Coolmore está investindo, a forma com que Galileo e Montjeu produzem e da maneira que o Irish derby é hoje disputado, em pouco tempo tenderá a ser transformar em um St. Leger, do que a avant premiere de um King George ou de um Arco.

De Galileo, que venceu a carreira em 2001 para cá, em qual de seus ganhadores nerecem respeito para fins reprodutivos? Grey Swallow, Soldier of Fortune, Frozen Fire. Fame and Glory, Cape Blanco, Treasure Bench? Acredito que não.

Apreciem o quadro que se segue e vejam primeiramente a dominância de Northern Dancer, a seguir de seu filho Sadlers Wells e hoje dos filhos destes Galileo e Montjeu. Isto em uma mesma prova, se torna altamente suspeito. Não sobre a qualidade de Galileo, Montjeu, Sadlers Wells e Northern Dancer como reprodutores, que para mim estão acima de qualquer suspeita, mas pelo simples fato da grande maioria deles serem atualmente criados e treinados em mesmos lugares, com proprietários em comum.

Ai a gente tem que pensar.

NASRULLAH
.....NEVER BEND
..........Mill Reef
...............Doyoun
....................Daylami
.........................GREY SWALLOW (2004)

NORTHERN DANCER 
.....DANZIG
..........Chief's Crown
...............Grand Lodge
....................SINNDAR (2000) 
...............Key of Luck
....................ALAMSHAR (2003)
..........Danehill
...............DESERT KING (1997)
...............DYLAN THOMAS (2006)
.....LYPHARD
..........Dancing Brave
...............COMMANDER IN CHIEF (1993)
.....NIJINSKY
..........Caerleon
...............GENEROUS (1991)
.....NUREYEV
..........Theatrical
...............ZAGREB (1996) 
.....SADLERS WELLS
..........DREAM WELL (1978) 
..........GALILEO (2001)
...............AUSTRALIA (2014)
...............CAPE BLANCO (2010)
...............SOLDIER OF FORTUNE (2007) 
....................Teofilo
.........................TRADING LEATHER (2013)
...............TREASURE BENCH (2011)
..........HIGH CHAPARRAL (2002)
..........In the Wings
...............WINGED LOVE (1995)
..........MONTJEU (1979) 
...............CAMELOT (2012)
...............FAME AND GLORY (2009)
...............FROZEN FIRE (2008)
...............HURRICANE RUN (2005)
..........OLD VIC (1989)
..........SALSABIL (1990) 
.....STORM BIRD
..........BALANCHINE (1994)



RIBOT
.....HIS MAJESTY
..........Pleasant Colony
...............ST. JOVITE (1992)