Vocês com certeza não tem com esquecer aquela frase, que no etílico ex-presidente repete a cada minuto: nunca na história deste pais... Pois bem, depois dos escândalos do mensalão, da Petrobras e dos que hão de vir por ai com outras estatais, a gente tem certeza que sua frase tem um cunho de verdade. Diria até que histórico. Como também o tem no turfe, aquela que Aga Khan deixou para a história, ainda no início do século passado, quando definiu um cavalo de corrida como velocidade, velocidade e mais velocidade.
Ontem foi tornado publico que Leading Light estará sendo trazido direto para o grupo de reprodutores de hurdle e steeplechase da Coolmore. Eu diria ser um luxo, já que se trata de um filho de Montjeu, ganhador de mais de US$1,000,000 em prêmios, graduado em quatro oportunidades, sendo duas destas no patamar máximo, e que tem como mãe, uma ganhadora de cinco provas de grupo, filha do consagrado Gone West, numa estrutura genética formada por Irish River, Nijinsky, Buckpasser e Princequillo. E se isto não bastasse, descende por via direta da linha 2-f, por seu mais proeminente ramo de transmissão de classe, o formado por Feola.
Mas como ele, como a maioria dos filhos de Montjeu, não demonstrou velocidade, e sim uma forte aceleração média, vai seguir o destino dos demais. Montjeu era um cavalo para distâncias clássicas, mas com um pace forte e um final arrebatador. Quando no auge de sua forma, ele se desprendia dos demais como se estes estivessem parados. Foi um dos mais instigastes cavalos que vi correr, entre os modernos. Não é a toa que foi o reprodutor que foi. Mas seus filhos não saíram com estas características. São cavalos de um só pace, que na classe chegam ao disco, mas tão somente em sua grande maioria, em provas de 2.400m ou ainda com mais facilidade em distâncias ainda maiores. Pode-se se dizer ser ele um rei em Epson, onde as dificuldades do traçado do percurso, auxiliam cavalos com estas características.
E os criadores europeus já se deram conta do fato. Tanto assim que o ganhador da Ascot Gold Cup, Fame and Glory, o St. Leger winner, Scorpion, o ganhador do Grand Criterium de Saint-Cloud, Recital, para esta modalidade vieram a ser dirigidos em suas novas funções reprodutivas por dois motivos: primeiro pelas características descritas anteriormente e segundo por um filho de Montjeu, Hurricane Fly poder ser considerado um dos maiores cavalos de hurdles de todos os tempos. Venceu 24 de suas 37 saídas, sendo 20 delas de graduação máxima, sendo eleito o cavalo do ano em 2011 na Irlanda.
Hoje grande parte das éguas cobertas por Authorized, já são para produzir elementos para corridas com barreiras. E quando alertei meus clientes disto, pois, Authorized já estava fechado para servir no sistema de shuttle no Brasil, senti a perplexidade se abater em alguns deles. Pois, perplexo fiquei eu, pois, se Authorized fosse oferecido por uma mariola e duas bananadas, tudo bem. Outrossim, aos preços que estes elementos são oferecidos ao Brasil, arrisco a afirmar que talvez o mormo tenha vindo na hora certa.
Sei que alguns vão dizer que cavalos como estes funcionam no Brasil. E eu tenho que concordar. Porém, com a ressalva que eles funcionam, pois, seus adversários de breeding-shed - em sua grande maioria - assim o são também. Mas na hora que elementos dotados de velocidade como Royal Academy, Spend a Buck, Northern Afleet e Elusive Quality aqui entraram, o ball game se tornou outro.
Não tenho o dom de ter comigo as tábuas sagradas de Moisés, mas pelo menos Deus me deu um pouco de discernimento para sentir o que precisamos para melhorar a nossa élèvage. E a quem quiser ouvir, repito, pois, repetitivo sempre o fui. Necessitamos de velocidade, velocidade e mais velocidade!
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