Creio que alguns de vocês tiveram a oportunidade de assistir a Escolha de Sofia. Afinal não se trata de um filme trazido às telas em um período anti-diluviano. É um filme do inicio dos anos 80, com Meryl Streep - a Fernanda Montenegro daqui -, onde ela faz o papel de uma mãe polaca que tem que optar pela vida de um de seus dois filhos e ainda por cima, contando com o seguinte dilema. O soldado nazista diz que se ela se recusar a escolher, os dois irão morrer. Se vocês querem saber o que aconteceu, vejam o filme ou leiam o romance de William Styron, que diga-se de passagem, foi muito criticado na época. Só posso afirmar que a atuação de Meryl lhe valeu um dos seus Oscars,
Pois bem no turfe, você de vez em quando vive este dilema, com cavalos que contam com sua participação profissional e são apresentados em uma mesma carreira, por distintos proprietarios. Acontece também com treinadores e jockeys com até maior frequência. Logo, não chega a ser um dilema como o de Sofia, embora eu pense que todos os cavalos que participo, são meus filhos.
A semanas atrás comentei que haviam pelo menos dois cavalos que eu acreditava que poderiam chegar ao derby carioca e que acabavam de vencer seus respectivos maidens. Um por mim selecionado, Fantastic Boy, outro que teve a mãe por mim selecionada como também o cruzamento, Imperador Acteon.
Os dois quebraram seus maidens de forma convincente. Até diria com extrema facilidade, fazendo a todos que assistiram crer, que com o aumento da distância e o passar da idade, a idéia é melhorar. Os dois tem fisicos e pedigrees de cavalos que irão certamente a distância. Os dois são treinados e montados por profissionais de primeira linha. Como então separa-los?
Um leitor disse que este era um problema bom. Desculpe, volto a afirmar. Não existe problema bom. Existe sim problema e solução. Ter dois cavalos que você acredita que poderão chegar ao Derby carioca, é uma solução. Gostaria de ter seis ou sete, mas dois já dá para o gasto. O problema é que um deles está há cerca de oito semanas sem correr e o outro correu a apenas três semanas atrás. E isto, querendo ou não, pode ser visto sim com um problema.
Evidente que quando você faz a sua short list ou elababora um cruzamento, imagina que aquele que toma a sua atenção, vai correr isto ou aquilo, pelo que seu mapa genético assim o afirma. As vezes o cavalo o engana. Outrossim, no sentido de ser ruim, ao contrário de bom. Não são muitos os casos de um cavalo com o pedigree extremamente clássico para a distância, que se tornaram sprinters de primeira linha. Talvez, os por mim selecionados para Choque e Wild emotions, tenham sido as exceções em minha vida pofissional. Ao passo que já vi, elementos com pedigree de velocidade chegar a distância. Só no Guignoni presenciei vários. Querem um exemplo? Bal a Bali. E vocês imaginam o porque? Velocidade sempre foi e sempre será a mola mestra desta atividade. Se ela se manifesta através da distância, sopa no mel! O profissional que souber explorar estará com a mala cheia. E estes dois potros parecem ter este tipo de velocidade.
No futebol, você pode se dar ao luxo de torcer para um time. No turfe, o máximo direito que eu admito, é de torcer para um cavalo no qual sua participação profissional foi significativa. Se existem dois, com cheirinho de coisa boa, que vença o melhor.
