PAPO DE BOTEQUIM: O ENFRENTAMENTO DOS ELETRICISTAS

Em 1988, Nelson Bunker Hunt terminava com suas atividades no turfe. Ele era um dos melhores criadores em atividade nos Estados Unidos e seu plantel altamente cobiçado. Convenci ao senhor Geraldo Bordon, tentarmos comprar uma reprodutora e tive a felicidade de marcar três e adquirir logo a primeira a entrar no rin, quando as coisas estavam ainda claudicantes.

Era uma Hoist the Flag, em mãe Damascus na segunda linha que mais amo, a 13-c, chamada Miss Fritchie. Dona de um importante fisico, ela tinha sido terceira em uma de suas únicas três saidas as pistas. E como sua mãe era a Group 2 winner Honorable Miss, pensei tratar~se de uma importante aquisição. Como acabou sendo.

Ela estava cheia do Group 1 winner Diamond Schoal (Mill Reef) e deixava um produto, já corrido, por Quadratic, para trás. Pois bem este produto conhecido como Nassau Square, veio a ser quarto colocado, no Nassau Stakes (Gr.1), em sua primeira temporada.

Miss Fritchie, pariu em 1989 um macho que se chamou Kentucky Diamond, e cheia de Fast Gold partiu para o Brasil,  com seu produto ao pé, onde gerou a três ganhadores de grupo, a se conhecer: Tallon e Mr, Fritz, ambos ganhadores de graduação máxima e Miss Dance, ganhadora de grupo 3. Nenhum de seus filhos machos foi a meu ver convenientemente explorado em temos reprodutivos, como deveriam. E das duas únicas potrancas nascidas de seu ventre, Miss Dance foi capaz de gerar a duas fêmeas de valor clássico: Mia Roma, ganhadora do Grande Premio Luiz Fernando Cirne Lima (Gr.3) e de In the Stars, segunda colocada no Barão de Piracicaba, no Henrique de Toledo Lara e terceira no Diana. Exportado posteriormente para os Estados Unidos, foi segunda colocada na milha do Buena Vista Hcp. (Gr.2) em Santa Anita.

Pelo o que foi apresentado, creio que Miss Fritchie, foi uma grande importação, que simplesmente foi disperdiçada pela criação brasileira. Como tantas são. Deu ganhadores de grupo com reprodutores que nunca conseguiram se firmar, como Dance Bid e Janus. Chegou a ser coberta por Blue Stag, um tampinha filho de Sadlers Wells que havia sido segundo no Derby, para Quest for Fame., mas que em sua passagem pelo Brasil deixou oito gerações, 112 produtos registrados e nenhum ganhador de grupo.

Não podemos nos dar ao luxo, de disperdiçar mananciais genéticos como estes. Mananciais capazes de enfrentar até a furia dos eletricistas e ainda assim demonstraram capacidade de sobreviver.