Por mais que faça força, não consigo desassociar o turfe da realidade brasileira. Nossa atividade não corre solta, frouxa. Não tem a independência de poder agir sem arbitrariedade. Ela depende de vetores alheios a sua vontade, que vão de taxas destorcidas de importação de matéria prima a inadimplência na compra e pagamento de responsabilidades.
Em todo ramo de atividades, existem ações em que com uma cajadada se matam dois coelhos. Outrossim, em nosso turfe, é usual quebrarem-se dois cajados sem que nenhum coelho seja morto.
Não é exclusividade de nosso turfe. Trata-se de um cacoete nacional. Por exemplo na politica brasileira isto é usual. Lembram da revolução de 64? Os militares queriam destituir o Jango, mas não sabiam o que fazer depois. A esquerda por sua vez queria manter Jango, sem ter a mínima noção do que poderia acontecer depois. E para variar entramos naquele eterno dilema do se ficar o bicho come, mas se correr o bicho pega.
Aprende-se que no condicionamento de uma situação que declina, a inércia de seus participantes os levam da temeridade a vacilação, gerando o mal ainda maior, o total imobilismo. Temos situações que se não imobilizadas, parecem num beco sem saída, como a nossa obrigatoriedade em fazer uma quarentena de sete dias para o hemisfério norte. Nossos problemas com pyro e o mal que o mormo - inexistente em nossos hipódromos - agrega as nossas agruras de se importar ou exportar da Europa. Sofremos e não sinto reação de nossa parte. Sei que algo deva estar sendo feito. Pelo menos é assim que espero, mas acredito que para um turfe se desenvolver deveríamos ter as portas abertas para ir e vir.
Derrubar uma taxa não deve ser tão complicado assim. Basta provar que a importação de PSI do hemisfério norte é vital para o desenvolvimento de nossa industria. Que melhor genética, gera melhores cavalos e estes um aumento substancial de exportação. Acabar com carrapatos é uma questão de higiene. Mas ai é que entra a verdade e a ficção. A diferença entre ambas? A ficção tem que fazer nexo, para que pareça verdade. E na verdade, muitas vezes não há lógica. Passa, então, a ser importante a você saber quais as pontes a serem cruzadas e as serem destruídas.
Existe uma crença entre criadores brasileiros que uma ganhadora de graduação máxima pode ter sucesso no breeding-shed. Que ela pode, pode, mas não há garantia que ela seria melhor do que outras que não alcançaram este padrão em pista. Até hoje, com 2,607 individuais ganhadores de grupo, temos 130 destes gerados por ganhadoras de grupo 1. São não realidade 93 éguas, já que uma produziu a quatro individuais indivíduos, 11 a três individuais indivíduos e 10 a dois individuais indivíduos.
Com dois - Anilite, Bretagne, Creta, Dawn Avalon, Fausse Monaie, Hello Riso, Isola Lady, Met Blade, Outra Arumba, Special Lady e Vale Mas
Com três - Asola, Court Lady, Eternita, Hila Hoop, Juturna, One for the Road, Plus Vite, Queen Cell, So Beauty, Sweet Money e Zarzamora
Com quatro - Gás Mask (ARG)
Isto não perfaz 5% do universo de pesquisa e antes que os defensores venham com aquela que existem, mais não ganhadoras de grupo 1, que éguas normais, - o que é uma verdade - há igualmente de se crer que a grande maioria das ganhadoras de graduação máxima, pertencem aos melhores haras e cobrem com os mais conceituados reprodutores. Analisem a quem estas éguas pertenceram e imediatamente terão confirmadas minha última assertiva.Para o mesmo período, para a França, Inglaterra, Irlanda e o Japão, que considero turfes de primeiro mundo, este percentual fica em média na casa dos 15%. O que equivale a se dizer que se trata de três vezes maior. E três vezes, são três vezes.
Não há como ter certeza por que isto acontece, mas há de se acreditar, que para ganhar provas de graduação máxima nestes quatro centros de criação, a genética é essencial. No Brasil, a genética tem o seu peso, mas outros fatores interagem com mais ferocidade. Como se vê ate a verdade, as vezes, independe da lógica.