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quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

PAPO DE BOTEQUIM: DE A UM ARQUITETO UMA FOLHA EM BRANCO...


Vó Adelina sempre dizia que para morrer bastava estar vivo. Não creio que seja tão simples assim, mas não deixa de ser uma verdade. Mas aí, eu imediatamente penso que da mesma forma que é impossível se tentar debelar um incêndio de largas proporções com um copo de água, é factível inicia-lo com um simples riscar de um fósforo.

Assim sendo, uma pequena ação levada a efeito, por menor que possa ser é o início de algo, que pode se tornar grande, a medida que a ela sejam somadas outras ações com o mesmo objetivo. Não me lembro, nestas duas últimas décadas de ter deixado de expressar por escrito uma vez sequer neste blog. Minha caixa de recados encheu-se de gente que achou que eu havia morrido ou fora acometido de um mal súbito. Nem uma coisa, nem outra.

O cavalo de corrida o absorve e tentar entre eles separar o joio do trigo, quando jovens ainda são, me parece uma tarefa que necessita toda a sua atenção e consequentemente todo o seu tempo. Por isto nossos agentes "se especializam na importação de reprodutores". Seguem listas daqueles que se tornaram indesejáveis aos olhos dos mercados de primeiro mundo e como na terra do ninguém, alguém tem que ganhar, quando tiram um que excede ao normal, se julgam os reis da cocada preta.

Mas são incapazes de selecionar algo que mostre descência em pista... Mas apoiados que são por veterinários coniventes em propósitos, por que fazem parte de suas panelinhas, passam a ser bem falados, mesmo quando verdadeiros trens aqui aportam, por suas mãos.

Tive esta semana o ensejo de conversar por mais de duas horas com alguém que é totalmente avesso a entrevistas e quanto a fotos, nem pensar. Todavia, que nestes últimos anos manteve o saudável hábito de liderar todas as estatísticas de criadores em território nacional, Trazendo ele próprio, sem a intervenção de quem quer que seja, de seus reprodutores que se tornam leading sires. Seu nome, Julio de Aragáo Bozano. Seu haras o Santa Maria de Araras.

A coisa teve seu início quando me atrevi a pedir ao Joaquim Aida, amigo de antigas guerras, para fazer uma ponte de forma que eu pudesse entrevistar seu patrão, pois, acredito que o que falte ao turfe brasileiro, entre outras coisas, são depoimentos de gente que deu certo. E estas pessoas, as que realmente dão certo, - e são muito poucas - tem oportunidades perdidas, com seu silêncio e nem um pouco que seja, da forma de pensar que as fez chegar onde chegaram.

A minha vontade coincidiu com um momento distinto, . diria até que crucial - em que o Araras - que o Julio me desculpe a intimidade - que o haras irá mudar radicalmente à sua forma de comercializar seu produto, produto este que até que me possam provar em contrário, é o que melhor vende em nosso mercado.

O que aqui iriei apresentar no sistema de conta-gotas, nada mais é do que uma conversa onde alguém simplesmente expôs suas razões e convicções de uma maneira franca e simples, como simples sempre me pareceram as ações tomadas por este estabelecimento de cria. Parte desta conversação foi sobre o mercado. Outra sobre a importação de seus garanhões. Uma terceira levando-se em conta a crença que este homem tem na tecnologia moderna, mesmo tendo que enfrentar oposição de mercados que se sentem mais desenvolvidos que o nosso e quarto uma análise fria das razões que o levaram a dar inicio a um novo tipo de comercialização de seu produto, que como já disse, vendia tão bem quanto água no deserto.

Não gravei a conversação e por isto me sinto na obrigação de a cada texto escrito, levar uma cópia a aquele que é o alvo do mesmo, para a sua aprovação. De forma que o que eu tenha entendido seja na realidade, a forma dele se expressar, de como ele pensa, age e conduz seu império equino.

Desde já deixo os meus agradecimentos ao Joaquim e a Erika, por fixar esta ponte. Ao Fred e ao Mauro que participaram desta conversa informal e a enriqueceram com suas observações. Ao Julio que deu seu tempo e por um longo período abriu suas crenças da realidade que vive o nosso turfe. E principalmente ao leitor que irá ler no decorrer destes próximos meses de uma vivência vitoriosa e que contradiz muitos dogmas criados não só em relação a pessoa do Julio, bem como a forma com a qual ele encarou a conquista de um mercado, partindo exatamente do zero, como só os arquitetos são capazes de fazer.

Já dizia um professo meu, dê a um arquiteto uma folha em branco e ele lhe dará em troca o mundo...