Não me considero um cara compartimentado, mas confesso a vocês, com pureza de alma, que temo o eclético, como o diabo da cruz. Principalmente aquele de múltiplas funções que sabe um pouquinho de tudo mas na verdade não sabe quase nada. No Brasil, é o famoso deixe comigo!
Quando fiz testes no Flamengo, me deparei com um treinador chamado Modesto Bria, que um dia perguntou a um guri a meu lado com qual das pernas ele chutava. O guri, prontamente respondeu, faceiro com sua habilidade: com as duas! O que arrancou do velho treinador outra pergunta: ao mesmo tempo?
Na verdade o cara deve ter o canhão do Rivelino, do Pepe ou do Branco. Não importa que a outra perna sirva apenas de apoio.
O turfe é uma atividade complicada e por demais difícil. Para isto, no âmbito profissional da questão, teoricamente os jockey montam, os treinadores treinam, os veterinários medicam e os agentes selecionam. Porém, isto nem sempre se aplica ao mercado brasileiro. E para mim, quando qualquer de um destes profissionais se aventura a ser parte de outra das três funções, o bolo desanda e a massa sola...
Seria como eu quisesse de repente e decidisse ser um cirurgião ou montar um cavalo de corrida. Outrossim, vejo veterinários agindo com treinadores, e estes como agentes. Por incrível que possa parecer, são os jóqueis os mais comportados, nesta questão.
Eu admiro um treinador e um veterinário que conheçam pedigrees. Isto os ajuda em suas funções. Aliás, o treinador europeu - em relevo - sabe muito de pedigree e usa este conhecimento como ferramenta para treinar seus cavalos e entender-se com seu agente quando a ele um animal é oferecido. Sim, na Europa e em boa parte do mercado estadunidense, treinador tem agente, pois, para ele é mais importante ganhar corridas do que comissões de compra. Ele sabe que um bom cavalo acaba numa boa venda, e nesta sim ele recebe o seu quinhão.
Vejo veterinários em Keeneland e Tattersal, voando que nem uma abelhas, para charquear a sanidade de animais adquiridos. Agora aqueles que não tem clientes, estes sim circulam com catalogo na mão a examinar a aquilo que normalmente não é de sua competência.
São muitos poucos os veterinários que conheço que realmente entendem da morfologia de um atleta. E aqui, não pode ser confundida a morfologia, com defeitos aparentes que um cavalo possa ter. Aliás sobre este assunto, sempre é bom lembrar que os feios também ganham assim como os mal formados. Evidentemente que em menor escala dos morfologicamente de maior padrão. Eu me fixo, em equilíbrio, expressão e movimento. Quando o dono destes três predicados me convence, ai sim procuro por defeitos que acredite serem impeditivos, para que ele possa exercer com êxito as qualidades que me convenceu ter. Dou relativa bola para temperamento, mesmo tendo em conta que uns acalmam quando no hipódromo e outros, ao contrário, enlouquecem ou se apequenam.
Não existe um formula para o sucesso, todavia acredito que exista um manual do insucesso e este tem em sua primeira página a troca das funções dos quatro ramos profissionais que citei no inicio deste. Pois, como diria, vó Adelina, cada macaco no seu galho.
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