Secretariat
Educadamente, mas de uma forma revestida de sarcasmo, fui perguntado como pude identificar Frankel, como aquilo que poderia se transformar no novo Ribot. Resposta, não sei. Mas o certo é que acertei. E peço a devida vênia, de acrescentar que igualmente avisei, antes de se tornaram o que foram, que Camelot, Zarkava, Sea the Stars e Justify, e creio não ter errado em nenhum. Sorry!
O único ponto que considero nesta questão é a forma de se apresentar. Explico-me. O cavalo tem um galão, e posso dizer que alguns me impressionam de um forma mais do que significativa. Isto não é genialidade. É apenas observação.
Quando ainda usava calças curtas foi colocado por minha mãe a praticar piano. Era moda nas famílias de classe média no final dos anos 50. Não tinha o menor jeito para a coisa e graças a Deus imediatamente esta falta de dom foi detectada. Mas lembro qu-e naquela época aquele que toucava de ouvido era para mim um gênio. Evidentemente que era o raciocínio de uma criança de dez anos a completar. Mas ai eu cresci, amadureci e me instrui o que me facultou a possibilidade de descobrir que gênio era Mozart, que aos cinco anos de idade compôs obras para o violino e as apresentou a realeza européia.
Sou daqueles que acho que o mundo foi muito bem feito por um arquiteto maior. Que os humanos são máquinas perfeitas. E que fomos todos criados para dar certo. Outrossim, uns dão e outros não. Paciência. E parte desta disparidade é resultante da falta de observação de alguns em relação a detalhes.
Hoje existem métodos de se medir o stride de um cavalo de corrida e são sobejamente conhecidos as angulações conseguidas por grandes cavalos como Seattle Slew 83º, Man O´War 85º, Forego 90º, Affirmed 93º, Barbaro 105º, Secretariat 110º e mais recentemente American Pharoah com 112º. Outrossim, mesmo levando-se em consideração que a extensão deste stride, seja algo poderoso de se levar em consideração, existem dois outros detalhes que me comovem; o balance e a velocidade como que o cavalo recolhe e volta a lançar suas patas.
Seattle Slew
Eu me apaixonei por Seattle Slew, que como foi visto acima, não tinha um dos mais vistosos strides. Outrossim o equilíbrio de sua postura e principalmente a agilidade com que recolhia e lançava seus membros era assombrosa. A este fator rótulo como o cavalo que gosta de correr. Aquele que se entrega a sua faina, mesmo em muitos casos não tendo a habilidade de suplantar aos demais. Da Hoss, Clackson, Gloria de Campeão, Sabinus, Sunday Silence e Romarin são alguns que tenho gravado mem minha mente de possuirem este mesmo estilo. Já Secretariat é a máquina equina de maior padrão de desenvoltura. Seu stride reune a velocidade e amplitude. O atleta perfeito. Como o eram Estrela Monarchos, Bal a Bali, Itajara, Zarkava, Frankel e Much Better.
Se eu consigo captar a mensagem que alguns cavalos me passam, e eu prove a seguir por resultados obtidos pelos mesmos em pista, que não estava errado. Paciência. Quando faço afirmativas estrambólicas ainda no inicio de sua campanha, não é genialidade. É apenas produto de muita observação. Observação esta que de vez em quando é já transmitida por um potro ainda inédito quando se movimenta. A postura de como se equilibra em movimento rítmico, a amplitude e a constância de sua passada e a forma como amplia ou retrai seus músculos, podem ser indicadores. E ai cabe a você selecionar e torcer para que alguém acredite em você.
O resto é historinha para inglês ver.