PAPO DE BOTEQUIM: QUANDO O PRATO ESTÁ QUENTE, COME-SE PELAS BEIRADAS

Tenho minhas dúvidas se realmente houve aquele embate bíblico entre David e Golias e mesmo se o cavalo de Tróia foi o fator fundamental da queda da cidade de muros altos de mesmo nome. Mas há de se levar em consideração que sou uma pessoa receosa por natureza. E um de meus maiores receios, são as citações que soam como bíblicas. E entre as expressões que sempre tento evitar - muitas vezes não conseguindo - são o uso de palavras como nunca e sempre. 

A força do hábito as vezes o leva a cometer deslizes e usá-las, sem propósito aparente. Mas sempre que possível tento evita-las, pois, não acredito que talvez a exceção da matemática, tudo possa ser visto como impossível de sofrer mudanças. Por isto quando escuto alguém esbravejar: "nunca na história deste pais..." principalmente vindo de um analfabeto, abro desabalada carreira como Conde Drácula o faria, ao divisar uma cruz, um saco de alho,  a luz do dia ou mesmo um improviso da Dilma.

Li muito sobre a II Guerra Mundial e aprendi que existem ações - por muitos consideradas menores - que somadas e coordenadas, podem vencer um adversário muito mais forte e maior que você.  Que vó Adelina definiria "que quando o prato está quente, se come pelas beiradas."

Não estou aqui pregando que com uma funda, seria impossível a David derrubar Golias, mas que com atos coordenados e incisivos, até um gigante pode ser neutralizado. Uso sempre como exemplo aa Inglaterra, que na II Guerra mundial, neutralizou o avanço do gigante nazista, por alguns anos. Primeiramente bombardeando fábricas na extrema Noruega, e com isto obrigando que Hitler deslocasse um continente grande de tropas que ficaram paradas, por muito tempo, quando poderiam estar ajudando no esforço de conquistar a Russia ou a própria Inglaterra. Segundo criando uma planejamento de ajuda as resistências de países ocupados, que com isto sabotavam as tropas de ocupação, criando não só uma motivação interna, como também uma constante preocupação ocupacional. Terceiro aperfeiçoando o sistema de espionagem e de quebra de códigos de comunicação entre os inimigos, sem deixar que os mesmos soubessem que tinham seus passos minuto a minuto observados.  Quarto sempre tentando atrair a atenção de possíveis aliados para que no futuro, aquele gigante poderia se voltar contra eles. E quinto acionando propositalmente e de maneira constante a válvula de irritação dos soberbos, que tinham como certa o uso de expressões como nunca e sempre, e  não admitiam que seus egos fossem molestado com humilhações publicas.

Desta forma sempre acreditei que o cavalo brasileiro poderia brilhar em qualquer palco. Provei isto, ao ter selecionado alguns que venceram a Dubai Cup, o Santa Anita Handicap e quase no Kings George VI and Queen Elizabeth Stakes. Não consigo ver e nem concebo que alguém assim on façam como Galileo, Dubawi, Deep Impact, Tapit, Snitzel ou quem quer que seja um Golias, impossível de ser vencido. Impossível de sequer ser contestado. Eles, certamente são seres dominantes e como tal devem ser respeitados, mas longe de temidos. E é certo que aqueles que os exploram, levam uma grande vantagem, onde quer que seja, pois a seus nomes são trazidos outros de grandes éguas. 

Logo para quem quer permanecer no jogo, mas não conta com este acesso, vejo como uma das saídas, o uso de expedientes que reforcem o pedigree, tais como estruturas genéticas, imbreeds, duplicações e concentrações sejam de tribos ou famílias em linebreeds. Tesio soube fazer isto melhor do que ninguém, e se utilizando de muito menos dinheiro e muito mais imaginação, enfrentou e venceu a Lord Derby, Boussac e HH. Aga Khan.

Não será sempre, nem de uma forma constante. Outrossim, criará oportunidades de uma vez ou outra o colocar no podium.

Porque me refiro a isto? Pelo simples fato de ver pessoas não acreditarem, mesmo tendo décadas de resultados positivos a nosso favor. Certo que não são muitos, e possivelmente dificilmente serão, contudo, um que seja já é o início de uma oposição.