Mme Leon Volterra e Marcel Boussac
Gostos das estruturas genéticas. Elas são para mim as cordas, dentro da sinfonia um pedigree. Outrossim, dentro destas estruturas, dou ainda mais atenção aos imbreeds em chefes de raça, as duplicações em matriarcas e a constituição das famílias maternas. Um misto de Tesio, Derby e Boussac.
Grandes criadores como Paul Mellon, William Woodward, Edward P. Taylor, Ogden Phipps, François Dupré, Prince Khalid Abdullah, John Magnier e tantos outros que certamente estou esquecendo, igualmente instituiram seus métodos uns baseados nos quatro que considero grandes acima, outros por experiências próprias. Não importa o método. O importante é o poder de decisão de levar avante seu projeto.
Achar que as estruturas genéticas possam ser mais importantes que outros fatores, como estes grandes criadores acharam, cada um a sua maneira e a seus tempos, é um direito deles, como também é o meu de direcionar minha linha de raciocínio, que considero lógica. Como em qualquer situação da vida, estarei sujeito a estar certo ou redondamente errado. E diga-se de passagem, que existem ainda os Galileo e Northern Dancers da vida, que provam diariamente que com ele as coisas não funcionam da mesma forma que com outros.
Porém, uma das coisas que você tem que aprender nesta atividade é não temer. Acreditar piamente naquilo que está fazendo. Ter plena consciência que não é o dono da verdade e que sempre poderá estar certo ou errado. Quando acertar mais do que errar, terá chances de sobreviver e prosperar. E se errar, tem que ter a confiança de pensar que na seguinte sempre terá a oportunidade de estar certo. O que você deve evitar é estar errado seguidamente. Isto o desencoraja, como enfraquece a confiança que seu cliente está depositando em si. Logo, o sucesso na maioria das vezes tem que ser imediato, para que nas horas ruins haja benevolência daquele que o contrata. Todavia, certos cuidados você tem que tomar. A ânsia é um deles. A prepotência outro.
E, P. Taylor e sua obra maior, Northern Dancer
Eu inspeciono muitos cavalos e aprendi a conter a minha ânsia. Aquilo que está a sua frente, e o agrada, pode ser inferior a algo que você examinará depois e este da mesma forma com o seguinte. Trata-se de uma ação comparativa. Infelizmente no Brasil, você não tem uma venda como em Keeneland que lhe dá a oportunidade de examinar até 6,000 cavalos num período de tempo de duas semanas. Evidente que você não examinará a todos, e segundo que depois de um número x, os primeiros que viu começam a ser vendidos e você necessita decidir, mesmo ainda faltando centenas de elementos a serem inspecionados. Por isto Keeneland coloca os pedigrees que considera mais sólidos, ainda no início.
Mas a comparação o fortalece. O faz acreditar mais em sua opinião. O problema, por exemplo é quando você vê três potros que considera de alto nível e os três são filhos de um mesmo reprodutor. Reprodutor este que nunca gerou em sua existência três cavalos de alto nível advindos de uma mesma geração. Como é de domínio publico poucos são Galileo. Então como decidir pelo melhor? Adquiri-se os três?
Evidente que a segunda pergunta é aquela que contém a resposta de maior verdade. Mas se você estiver errado com os três? Bem ai, eu acho que você está na profissão errada.
Nesta minha última inspeção deparei com três elementos filhos de dois reprodutores, que me pareceram bem acima da média. Como um dos reprodutores já provou ser capaz de gerar a três ganhadores de grupo em uma mesma geração, alertei ao cliente que poderia compra-los. E ele o está fazendo. Mas e no caso do outro que nunca o fez? Afinal é licito se duvidar de três opções, se a raiz da questão é alguém que nunca provou ser capaz de uma geração, produzir três elementos diferenciados? Tive que decidir por um e consequentemente abrir mão de dos outros dois, por quem tinha igual respeito. Terei tido a opção certa? Como decidi? Pensei em Aga Khan e optei por aquele que fisicamente parecia ser mais portador de velocidade.
Atitudes geram consequências. O tempo dirá.
Continua amanhã
