Não acho que um jockey tem que parecer um artista, mas ele tem que ter, no mínimo, a maleabilidade de um camaleão e demonstrar a capacidade de transforma-se encima de um cavalo. Como o Juvenal fazia. Sua posição adaptava-se ao centro de gravidade de um cavalo e eles pareciam fazer parte de um só corpo. E desta forma o animal fluía sem desequilíbrio.
Se o jockey conseguir fazer que seu centro de gravidade emparelhe com o do animal que monta, as chances de ritmo se tornam maiores e consequentemente o desgaste menor. Isto é um dom que poucos tem.
Como uma soprano em uma ópera. Ela não basta ter a voz, e a capacidade de atuar, ela deve encarar a personificação de uma Violetta numa Traviata, ou de uma Maria em Simon Boccanegra, que é bastante distinta de uma Giulia em Rigoletto ou uma Luisa Miller da opera do mesmo nome. Tudo é Verdi (foto de abertura). Mas em situações distintas e o personagens distoantes.
Mike Smith, ao contrário tenta adaptar todo e qualquer cavalo a sua forma de atuar. Que não é ruim, mas longe de ser o melhor para o cavalo. O que para mim é um erro. Mas fez seu nome assim e agora fica difícil de mudar a concepção de suas performances. Piggott era outro que embora não pudesse em diversas vezes se integrar ao centro de gravidade do animal, por causa de sua estatura, mas tendia o aceitar as características daqueles que montava. Apenas no Derby, em Epsom, exercia seu direito estar sempre no mesmo lugar no final do Tattenham Corner.
O Mauro Silva que trabalha comigo no H e R, sugeriu o nome de um jockey brasileiro, ainda muito jovem, que estava atuando no Uruguai. E com a mudança de treinamento efetuada em Maronas, pelo stud, foi a ele ofertada a primeira chance em las Piedras, esta última segunda-feira. Com a potranca Princess Hope, uma potranca tida em alta conta mas que não havia confirmado até então, José da Silva não desperdiçou a chance.
Fiquei extasiado da forma como se comportou encima da potranca e guardada as devidas proporções, me fez lembrar de Juvenal, ainda jovem na Gávea. Se vai fazer o mesmo com outros cavalos? Não sei. Espero que sim, pois, se o fizer, guardem este nome, pois, ele há de ser algo neste esporte.
Uma vez um treinador norte-americano que trabalhei disse algo que é a mais dura verdade. Alguém estuda um pedigree, analisa a formação fisica de um cavalo, seleciona-o, adquiri-o, escolhe um treinador e no final o futuro deste cavalo, fica nas mãos de um cara com um metro e meio de altura e que muitas vezes não é dotado de um bom QI. Eu que não tenho nada contra as pessoas de baixa estatura - física - tenho que aceitar o fato que muitos dos jóqueis, o são, pelo simples fato de suas constituições físicas. Tentam a profissão sem ter a habilidade para o serviço. Mas cito que mesmo acontece com os bem altos, afinal não todos que se credenciam a ser grandes jogadores de basquete ou vôlei. Se não tiverem habilidade para tal, de nada servem para estes esportes.
Vi grandes jóqueis atuar nos dois hemisférios e posso dizer que o jóquei brasileiro, tem tudo contra si e mesmo assim quando exportados, tem provado seja na Inglaterra, em Hong Long, no Canadá, na Argentina, em Macau ou no Uruguai, qualidades maiores que seus coetâneos de outros países. Por incrível que possa parecer somos exportadores deste tipo de mão de obra.
Muitos deles não tem grande formação, com certeza não gozam das mínimas condições de desenvolverem suas profissiões, mas luzem, como os de Porto Rico e Panamá, que luzem nos Estados Unidos.
Que tal dentro das medidas a serem adotadas em nossa atividade, não atentemos para uma melhor formação destes profissionais? Esta parece ser uma medida bem mais simples, mas que acabará ajudando na melhoria do movimento de apostas e do investimento daquele que quer ser proprietário em nossa atividade. Que os dois candidatos as eleições da Gávea, tenham isto em suas pautas.
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