Podem dizer o que quiser, mas para mim, corridas de cavalos, são corridas de cavalo, onde aquele que cruza na frente em 99,99% dos casos é sagrado vencedor. Seja ele favorito ou azarão. Não importa.
Mas existem cavalos, que teimam chegar mais vezes a frente de outros, pois, cada um deles, traz consigo pedigrees, assim como carros formulas 1, dependem de seus desenhos e uma plena interação com potentes motores.
Cabe ao criador de cavalos de corrida, tentar criar um atleta que esteja apto ao treinamento e com possibilidades de suplantar o maior número de adversários. Foi o que os grandes criadores da primeira metade do século passado desenvolveram e criaram com isto a base do que temos até hoje.
Aos novos criadores, resta aperfeiçoar esta base e tentar criar alternativas de linhas que possam funcionar, pelo menos em uma ou mais gerações de uma forma linear. Nas linhas maternas este trabalho tem menos atenuantes, pois, existem famílias, que já trazem esta características, Basta se reconhecer as linhas que batizei como troncos, e tentar desvendar quais de suas veredas permanecerão ainda sólidas na capacidade de transmissão. Em relação as tribos, a tarefa parece ser mais complicada,
Northern Dancer, foi o grande chefe de raça do turfe moderno. Todavia hoje não são muitos, os veios seus de ampla penetração. Diria que os mais acentuados são os de Saldlers Wells, com ampla predominância de Galileo; de Danzig - este com duas vertentes importantes, Green Desert e Danehill, e diria que com dois veios menos concorridos mas que demonstram estar ainda vivos, o de Nureyev, via Pivotal que volta a crescer dia após dia o mesmo acontecendo em relação a Try My Best, via Dark Angel.
Mr. Prospector, em muito menos escala tem vários de seus filhos com esta capacidade de transmissão, aparecendo com maior proeminência elementos como Fappiano, Gone West, Machiavellian e Seeking the Gold. Melhor que Nasrullah, que parece depender apenas de Seattle Slew e Royal Charger de Halo, com dois tentáculos de transmissão Sunday Silence em maior escala e More Than Ready e em uma situação esporádica e geográfica, via Sir Tristram, na Austrália.
Você arriscaria a colocar outras tribos neste patamar?
Grande parte deste vazio criado, foi a falta de aproveitamento do elemento nacional. Nós do hemisfério sul, somos o que mais sofremos com esta incapacidade de conseguir uma transmissão linear por mais de três gerações via masculina. A Argentina foi o único pais de nosso continente a consegui-lo no meio do século passado, mas abandonou a faina, por querer adequar-se mais ao lado comercial do que propriamente funcional. O sucesso do La Quebrada, "quebrou" com o sistema que vinha sendo desenvolvido em haras tradicionais como o Abolengo, Ojo de Agua, Las Ortigas e Comalal.
Não possuímos um sólido veio nacional em termos de tribos. E por isto, continuamos a nos manter reféns de reprodutores importados que dificilmente poderão criar vertentes que possam crescer dentro do criatório nacional. E são ações que não parecem ser de agora, pois não conseguimos extrair de elementos importados como Formasterus, Fort Napoleon, King Salmon, Swallow Tail, Adil (no ventre), Coaraze, Quiproquó (no ventre) e mais recentemente Locris, Ghadeer, Roi Normand quase nada. Redattore talvez seja a grande exceção.
Japão e Austrália hoje fazem seus próprios reprodutores, e até os exportam. Logo, impossível não é. Mas que para isto tenha que vir a acontecer, deverá haver uma esforço comum. Esforço este que deveria ser feito no Chile. Contudo não tenho certeza que será adotado.
Porque então não irmos ao Chile e trazer-mos um grande Scat Daddy? Poucos foram os reprodutores chilenos que aqui aportaram e dentro de uma outra realidade, muito inferior ao que o país andino vive no momento. E acho que mesmo assim, dos poucos que vieram, Figuron, esteve acima da média. Patio de Naranjos, nem tanto, mas se vocês atentarem para os números deste último e a qualidade das éguas a ele ofertadas, terão uma surpresa.