Eu, por mais força que faça, não consigo admitir que como prega a doutrina consequencialista, que no âmbito da filosofia moral e da ética, afirma que o valor moral de um ato - seja ele qualquer que seja - é determinado EXCLUSIVAMENTE por sua consequências. Para mim isto soa estridentemente, como um salvo conduto de pensar que os fins justificam os meios. E creio que a história da humanidade, já em diversas vezes provou que não é assim que a banda toca.
Você quer se livrar da corrupção, não é mandando para a guilhotina aquele que a organizou no Brasil, que você resolverá o problema. Você apenas o transferirá de mãos. Outro assumirá e irá trazer de volta a corrupção e suas más consequências por ela geradas. Assim sendo, o certo e eliminar o poder daqueles que tem a capacidade de gerar a corrupção, e no sistema da democracia, isto se dá por meio do voto. Como aconteceu no Brasil. Apenas que os corruptores, e os corruptíveis - que são muitos - não aceitam o fato. Outrossim, há de se levar em consideração que mesmo atos bem pensados, as vezes geram más consequências e outros muitas vezes os improvisados, as vezes funcionam melhor. Logo, a meu ver, cada caso será um caso.
Tento fazer do Ninho, uma tribuna onde as pessoas possam defender as suas teses de uma maneira livre e expontânea. Apenas me dou o direito - como dono da banda - de filtrar as pessoas. Estas passa a ser colaboradores. Mas nunca suas formas de pensar são reprimidas ou influenciadas . Recentemente, dois colaboradores - o Marcel e o Marcelo - apresentaram aqui estudos diferentes, um sobre 12 potrancas européias importadas pela ABCOCC tempos atrás e outro especificamente sobre um determinado reprodutor e por estas coincidências da vida que nada tem de coincidentes, ambos emergiram em um mesmo nome ao detectar a força: Locris (foto de abertura).
Sim aquele elemento criado por Boussac, cuja mãe era produto de um "famigerado" imbreed. Ormara, a mãe de Locris trazia em seu código genético um Tourbillon 2x2, que para muitos - principalmente os consequncialistas - deveria soar como coisa elaborado pelo demônio. Pois é Locris tinha apenas uma cabeça, dois olhos e quatro patas, foi um mais do que descente cavalo em pista e uma jóia de valor inestimável em nosso parque reprodutivo.
Sem a convicção da certeza creio que foi trazido pelos Seabras e depois respectivamente usado por Mariano Raggio e a seguir por Nagi Nahas. Não importa, o âmago da questão é que ele funcionou e teria funcionado melhor, se fosse mais explorado e não tivesse nos abandonado vitima de um acidente; úm incêncio em sua cocheira.
Nunca me esqueço do Alejandro Lillienfield me descrevendo os olhos de Locris. Nunca tive o ensejo de conhecer o filho de Ormara, pessoalmente, pois, na época a que estamos nos referindo, Bagé ficava do outro lado do planeta. E sinto bastante por tal. Na única foto que tive acesso, ele me pareceu a expressão do equilíbrio.
Numa criação que prezasse pelas consequências, as filhas de Locris deveriam ser tratadas como rainhas, da mesma forma que hoje deveríamos fazê-lo com as de Elusive Quality e Forestry. Veios de valor inestimável tendem a se esvair na criação brasileira, como se nada valessem, ou na infundada crença que outros do mesmo nível hão de vir. Da mesma forma que um raio dificilmente volta a cair no mesmo lugar, o trem em Londres, não espera um segundo sequer. Somos penalizados por nossas omissões e incapacidades de diferenciar, muitas vezes, o joio do trigo.
Atos geram consequências. Não há dúvidas sobre este fato. Mas fins, de maneira alguma justificam os meios. E o bom entendedor há de sacar onde quero chegar...