Alguns importantes leilões serão levados a efeito, nestas duas próximas semanas. E fica uma pergunta no ar.
Porque os leilões brasileiros ainda funcionam?
Evidente que eles funcionam, dentro da realidade brasileira onde por US$12,000 você compra em 15 suaves prestações pagas em Reias, um potro de nível físico internacional. A resposta é apenas uma: baixa oferta.
Produzimos poucos cavalos e vendemos menos ainda. E se não fosse a inventiva das agências que orquestram os leilões, nosso mercado já estaria extinto. Morto, sepultado e esquecido, como na Colômbia...
Na semana passada ver a Rainha, uma senhora de 100 anos, em plena pandemia, semanas depois de perder seu companheiro de décadas de jornada, sorrir em Royal Ascot, por simplesmente ter um cavalo seu em uma prova de baixa envergadura, simplesmente define o que pessoas tem no coração, é sempre mais importante do que carregam em seus bolsos.
Infelizmente no Brasil, não sinto, pelo menos do circulo que conheço, muitos que ajam como a Rainha, principalmente em momentos difíceis. Esta semana, por exemplo, perdemos um grande criador paulista, de segunda geração. Mas não creio que o turfe brasileiro, verá uma terceira geração, principalmente pelo valor que suas terras tem hoje no mercado do Estado de São Paulo. Tudo será rifado, para ontem. Como o foi no caso do Estrela Energia. Sonhos transformados em cifras, e o mais importante, abandonados por serem parte de um projeto financeiro a fundo perdido
Confesso que já me passou pela cabeça, dedicar-me ao estudo sobre aves. Já imaginaram ser um ornitologista de alta reputação mundial? Deve ser muito menos complicado do que catalogar pedigrees, distingui-los e classifica-los por regiões. Vocês não acham?
Temo por nossa atividade. Eu e toda a torcida do Flamengo. A verdade nua e crua, é que vamos de mal a pior e sem um horizonte que nos faça pelo menos sonhar. Profissionais jovens ainda possuem válvulas de escape. Uruguai, por exemplo. Porém gente de certa idade, já não se vê morando no pais vizinho e torcendo pelo Nacional de Montevideo! Ainda bem, que os profissionais brasileiros de maior gabarito - principalmente em treinamento - até agora no Brasil permaneceram. Mas até quando?
Segundo a Agência de maior repercução no mercado, a APPS, menos de 400 potros anos, vieram a ser vendidos em 2019 - antes da pandemia - e 2020 - durante a pandemia - e como pode ser constatado nos quadros a mim gentilmente cedidos, a média subiu de preço. de pouco mais de 34.000 Reais para acima de 46,000 Reais.
Nota-se igualmente que o mercado de desmamados cresceu de 87 oferecidos em 2019, para 155 e, 2020. Ou melhor quase dobrou a sua oferta, o que naturalmente afeta o mercado dos inéditos com dois anos.
As médias obtidas pelos reprodutores refletem que quanto menor o número de oferecidos, maiores chances serão para ele estar no topo da lista, o que é algo completamente contrário ao que acontece no mercado internacional. Put it Back com uma média de pouco mais de 20 produtos anos, é o que maior consistência demonstra em suas médias de vendas.
Evidentemente que estamos nos referindo a apenas uma agência. Se somarmos o restante de outras vendas - em outras agências - creio que estaremos entre 500 a 600 potros de dois anos, ofertados no mercado. I na verdade representa algo em torno de 25% de nossa produção. Não seria esta uma das razões dos reservados estarem dominando o mercado atual, nas pistas? Principalmente no mercado de fêmeas?
Mas nesta semana teremos as vendas dos haras Anderson (sexto colocado por número de individuais ganhadores de grupo de nossa história), haras São José da Serra (nono), Fronteira (décimo segundo), Santa Rita de Serra (vigésimo sexto), Eternamente Rio (trigézimo segundo), Cruz de Pedra (quadragésimo terceiro) e Estrela Nova (quadragésimo quinto).
Sinto muito pela morte de Kuki Giobbi, e pela provável venda de liquidação que o mercado terá que absorver. A saturação está difícil de ser aceita.