Posso ser considerado, na nova nomenclatura politica nacional como um conservador. Aliás a grande maioria dos monarquistas - como eu - assim o são.
Porque sou monarquista?
Dá para se aquilatar a felicidade desta senhora de quase 100 anos, na foto de abertura, em tempos de pandemia e que recentemente perdeu seu companheiro de anos de jornada, apenas por ter um cavalo de sua criação inscrito em um pequeno stakes, no meeting de Royal Ascot? Mas não é apenas isto.
Porque também acho que os grandes monarcas contribuíram em muito com a cultura e deixaram legados que hoje até socialistas se locupletam, legados estes como palácios, museus, centros urbanos, música clássica, eterno patrocinadores das artes e até organizaram o turfe. Sim, exatamente o turfe, pois, ele foi organizado e transformado numa atividade por reis. Hoje, alguns reis, continuam a participar do mesmo, mas em muito menor escala, pois, poucas foram as famílias reais que sobreviveram, ao mundo moderno. Uma pena...
O mundo está hoje dividido em pobres e ricos, como na verdade sempre o foi, outrossim uma outra gama de pobres e ricos instintunalizou-se na era moderna com certo vigor. A classe dos pobres e ricos de espirito. Para mim, as pessoas são pobres não apenas pela forma que vivem, são sim pobres pela forma como pensam. E infelizmente em nosso turfe, a existência de muitos destes, denigre a sua imagem como atividade esportiva.
Quando resolvi diminuir minha carga de escriba para com meios de comunicação e criei o Ninho do Albatroz, o fiz com o intuito de abrir um espaço a aqueles que quisessem emitir opiniões e até então não tinham espaço para tal. Infelizmente houve uma inibição geral, digna de uma atividade reclusa dentro de si própria. Aprendi que as pessoas preferem um correio do leitor, onde possam rapidamente intrigar e fofocar, do que estabelecer notas mais longas, que façam outras pessoas pensarem. Não sou contra se dar espaços para quem intriga e fofoca, pois existem também os bem situados que emitem ótimas opiniões. Apenas acho um desperdício de tempo e como já existem outras fontes interessadas, que elas as explorem a seu belo prazer.
Abrir espaços, funciona na arquitetura, no futebol, nas mentes humanas mas parece não querer funcionar em nosso turfe, onde o contraditório é tratado como negacionismo e adversários passam a ser vistos como inimigos. Quem tratar aquele que diverge de suas posições, como um negacionista ou terraplanista, está incutindo na mente dos mais jovens, que o enfrentamento sempre será a melhor solução e a simples troca de idéias, uma perda de tempo. Estes são os pobres de espírito a quem me refiro.
Já passei a muitas décadas, de minha fase "pobre" das picuinhas pessoais, e da condução de embolar em um mesmo saco, conexões e cavalos de corrida. Cavalos de corrida, ao sentirem a sua frente a abertura da porta de seu partidor, só pensam em correr. Para eles, seu pedigree e conexões não existem, só uma verdadeira conexão, a vontade de vencer.
Por isto dou tanto valor a vontade de vencer. De criar. de inovar. A Coolmore, que está dominando o cenário clássico, agora não só em solo britânico, mas também do outro lado do canal, é um exemplo de inovação, iniciado desde os tempos de Robert Sangster. este ano, dois de seus pupilos acabam de levar a Poule e o derby entre os potros e o Diane entre as potrancas. Eles desde cedo construíram pontes entre os diferentes mercados. Antes compravam em Keeneland, para brilhar em Epsom, e vendiam de volta depois de próspera campanha na Europa, o que investiram em médios seis dígitos, em sindicalizações de sete dígitos.
Os criadores norte-americanos, antes mesmo do evento Sangster, sentiram a necessidade de reforçar-se com a genética européia e assim trouxeram entre outros a Blenheim, Sir Gallahad III, Bull Dog, Mahmoud e Nasrullah entre outros, O grupo Sangster-O´Brien-Magner sentiram a oportunidade e colocaram em prática seu plano, que surtiu efeitos positivos e mudou a configuração do cavalo de corrida no mundo.
Depois ficou claro para eles, que na segunda etapa, com os lucros aferidos, não deveriam mais vender seu craques e sim explora-los no mercado e assim foi estabelecido a maior força genética em solos bretões. Os árabes os acompanharam e hoje o centro genético do mundo, não é mais os Estados Unidos e sim Irlanda e Inglaterra.
Mas dizem os antigos que quem espera sempre alcança, e quem ficar parado perde seu lugar na fila, quando esta anda. Visualizaram unir grandezas maiores do tipo Deep Impact e Galileo. Hoje uma realidade. O mundo se tornou melhor. Austrália por sua vez foi usada como potencial genético em outro hemisfério, e o reprodutor moderno passou a fazer shuttles. Enquanto nós permanecemos arraigados a intrigas e fofocas matinais...
Não tenho vergonha de dizer-me monarquista e conservador dentro da nova nomenclatura separatista da politica brasileira. Tenho apenas o cuidado que com o avanço da idade, perder-me em meus conceitos e tornar-me um pobre de espírito.
Afinal, como diria vó Adelina, uns são felizes pelo que tem no bolso. Outros pelo que trazem no coração.