Confesso que eu andava preocupado com o silêncio do Montenegro. Fazia realmente muito tempo que ele não se pronunciava, com suas perguntas incisivas e que geralmente miram o alvo, bem no seu centro. Teria ele sido pego pela COVID? Graças a Deus não o foi, pois, esta semana ele desferiu mais de um dos seus balaços. Demonstrando mais uma vez estar dotado de sua eterna objetividade. O que faz um garanhão tornar-se diferenciado?
Eu não teria a resposta exata, mas acredito que o número e a qualidade das éguas, embora importantes, não são exatamente os pontos crucias de fazer um garanhão revelar.se e sim ele ter luz própria, pois, revelando-se um "potencializador" de indivíduos, isto lhe atraíra as éguas - de forma quantitativa e qualitativa - e então ai advirão as transformações de um muito bom garanhão num leading sire.
Para exemplificar esta linha de raciocínio, diria que Sadler´s Wells, Galileo, Tapit e Into Michief, não tiveram um inicio estelar pelas éguas que receberam e sim por estarem dotados da capacidade de transmitir mais qualidades do que defeitos. Ao contrário de Dubawi que sai recebendo o que de melhor a família Maktoun tinha em mãos. Os citados, explodiram no mercado por conta própria. Dubawi com a ajuda de éguas extraordinárias. E quando demonstraram esta potencialidade, foram abraçados pelos principais criadores, que apenas os mantiveram na posição conquistada, por esforço particular próprio, com aquelas éguas que deveriam ter recebido desde o inicio.
Já elementos como Frankel, Dubawi e Kingman, usando dois exemplos de reprodutores da Juddmonte, já saíram recebendo o que de melhor havia no mercado e demonstraram de cara todo o seu potencial. Um Kingman em Enable, já tem credencias suficientes para ser recebido por um grande número de breeding-sheds. Mas seria o suficiente? Afinal, o mesmo poderia ser dito em relação a Arrogate, só que seu desempenho, até aqui, foi bem abaixo do esperado e o pior, não há como se inverter a situação..
E ai entra o fator momento. O maior adversário de Frankel, evidentemente que foi seu pai Galileo, já que quando você tinha uma super égua, a matriz parecia ser a solução mais plausível que a filial. Li recentemente um dado deveras impressionante. O de Kingman ser o único garanhão dm atividade na Europa, a cobrir 300 stakes winners, sendo 200 delas ganhadoras de grupo, nas temporadas de 2019, 2020 e 2021. E pasmem 80 Group 1 winners, inclusive, como foi frisado anteriormente, a excepcional Enable e 51 mães de ganhadores de grupo 1. Isto ajuda ou não ajuda a um reprodutor? Seria diferente em relação a Dubawi? Acho que não, afinal 31 destes 147, tinham como mãe, ganhadoras de grupo 1. Isto representa mais de 20%, o que para mim, é por demais significativo. Aliás, você tem idéia do percentual de filhos dele, ganhadores de grupo, filhos de reprodutoras que em pista ganharam ou se colocaram em segundo e terceiro em provas de grupo? Mais 27%. Logo quase 50% dos filhos de Dubawi que se tornaram ganhadores de grupo, tem mães clássicas.
Dubawi, que é um grande reprodutor, evidentemente que sem o brilho ofuscante de Galileo. Desde o inicio recebeu a nata das éguas da família Maktoum. Com certeza em quantidades e qualidades maiores que o garanhão da Coolmore, em seu inicio. Todavia, isto não foi o suficiente, até o presente momento, para brindar aqueles que nele acreditam com um Derby ou um Oaks. Repito.
Gun Runner, No This Time, Constitution e Practical Joke, deste lado do lago, passaram a receber um reforço - tanto qualitativo, quanto quantitativo - de éguas especias, depois que por esforço próprio provaram suas qualidades e devem com isto entrar no mesmo patamar de Tapit e de Unto Mischief.
Pronto falei !
Logo, Montenegro, não é tarefa simples se fazer um leading sire, mesmo com a prestimosa ajuda das éguas. Ele tem que ter algo a mais, que o diferencie. Tem que nascer com isto. Mas que um belo plantel e cruzamentos estudados como no caso do filho de Zarkava, Zarak, ajudam, disto eu não tenho a menor dúvida.
