Somos brasileiros. E talvez seja este o problema que nos envolva em tantos disse e não me disse.
Deus criou o mundo e a ele quiz dar uma forma de esfera. Logo, sempre existirão os que são criados em cima e os que terão que viver em baixo. A eles foram dados os nomes de hemisférios.
Nós nascemos na parte inferior do planeta. Paciência. Pode ter uma razão, pois, Deus sempre sabe o que faz.
Em quase todo nosso território não possuímos sequer as quatro estações do ano, a não ser no extremo sul. Falamos uma língua, que ainda é considerada código por grande parte da humanidade. E vivemos nossas próprias realidades, que para muitos de outros países, não passam de "irrealidades". Quando nos fazemos conhecidos, nos tornamos para os olhos de muitos, exóticos.
Certa ou não, ninguém pode duvidar que temos uma realidade: ela é nossa, é própria e pode ser até irreal. Mas nos pertence. Só nós mesmos a poderemos mudar. Depende, única e exclusivamente de nossa vontade e de nossa sabedoria. Lembrem sempre: querer é poder. Mas no turfe, nem sempre ganhar. Mas com sabedoria, paciência e por que não dizer didática, pode-se inclusive se ganhar uma prova de US$10 milhões.
Acho que este ponto já foi devidamente provado quando Gloria de Campeão o fez em Dubai. Fico feliz que ele tenha sido um cavalo por mim selecionado. Sua recente venda, é que mostra quão valor damos a aqueles que chegaram ao cume da montanha, sendo ele nosso conterrâneo.
Afivelados os comedimentos exigidos pela infausta necessidade de comunicação, copio nosso atual presidente, que certamente diria, que nunca na história deste mercado – o de cavalos de corrida – foi tão difícil se adquirir elementos em Keeneland.
Ano após ano, esta vitrine de exposição do produto do norte hemisfério, vem subindo a ladeira e nos dois primeiros catálogos – os considerados de seleção - mantendo a mesma tendência de uma subida vertiginosa e ao visto, duradoura. Para quem acredita no turfe, e mesmo em um mercado que um dia voltará a tona, eu creio licito se afirmar, que a hora de se investir é agora. Antes que se atinja a um limite, inatingível. Não ontem, não amanhã. Eu diria agora! Só que no mercado brasileiro, que jºa provou estar apto a produzir cavalos capazes de ganhar as provas mais renhidas no henisfério norte.,
Não consigo imaginar esta situação duradoura: a da crescente de nossa criação no Brasil e o poder de compra atual do Dólar. Os astros de alguma forma se uniram na atual situação e quem não aproveitar, pode se arrepender. Confesso que qualquer espera de resultado imediatista no turfe é um tiro no pé. Não existe outra forma que a tradicional paciência: você planta e começa a colher em 3 anos. E aí até chegar a boas safras constantes se levam mais 3 ou 4 anos. Impossível se tentar mudar a direção dos ventos. Perigoso estagnar e deixar que aqueles que são seus adversários sigam adiante.
Por isto a maioria dos agentes prefere a compra de garanhões. Levam-se pelo menos 5 anos, para aquele que confiou em seu trabalho ter uma noção, se este trabalho foi bem feito ou não. Ai entra em situação análoga, a das reprodutoras. Tudo a longo prazo. O difícil é se comprar inéditos e estes se transformarem em verdadeiros cavalos de corrida. Em um ano você já conhece a boca do baralho. Para tal o agente tem que ter algo de ator. Principalmente aqueles que não tem os resultados para provar a importância de seu trabalho. Impõem a celebrada postura de gênio eqüino inflexível, dotado de inteligência superior, de mente perspicaz, intransigente em suas convicções, que são inabaláveis e eternas enquanto houverem loucos a o ouvir, acento oratório, presente mesmo nas mais corriqueiras frases jogadas ao vento. Ah! Eu já ia me esquecendo: o olhar inquisidor e aquela grande capacidade de vislumbrar o que os outros não conseguem sequer notar, a alma do cavalo. P visionário. O ungido dos Deuses. Pois, o tempo o torna categórico, afinal de contas trata.se de um ser infalível.
Estes vôos alucinatórios e pinaculares, podem então esconder seus pífios sentimentos. Quanto menos opiniático, mas respeitado o será. Se for mudo, melhor ainda. Mesmo permeável a cabalas e conluios, seu caráter será sempre considerado ilibado. E quando a eles é perguntado quais foram os bons cavalos que selecionou, fenecem em compunções fingidas e partem para frases lapidares, que o afastem de responder aquilo que não tem resposta. Mas voltemos aos trilhos
É necessário muita paciência e força de vontade. Dinheiro é importante, mas no turfe você não compra resultados. Esta é a grande beleza do mesmo. Ganha quem cruza na frente, não quem possui o maior saldo bancário. Vide a família Maktoun. Investem uma barbaridade, mas não são eles – pelo menos neste século - os que tem colhido as melhores safras. Participam, mas não ganham as provas que deveriam ganhar. E quando se acercam do pico do sucesso, eis que vem a Coolmore, e com um projeto arrebatador ganha um 2,000 Guineas e um Derby com filhos de Deep Impact em mães Galileo, exportadas para a terra do sol nascente, numa aventura corajosa, mas que provou ser bem sucedido. Trata-se do poder do conhecimento, sendo ajudado pelo da imaginação.
Só espero que este poder de conhecimento aliado ao da imaginação um dia cheguem as mentes investidoras do hemisfério norte, em relação ao Brasil, pois, ano após ano, vamos lá, com poucos parelheirois,e damos conta de nosso recado. Este anos estamos de Filó, Macadâmias e Planetário, que não podem ser considerados, bal a Balis e Einsteins da vida. Que já provamos serem capazes de ganhar de quem quer que seja, em que pese a fraca qualidade de suas genéticas.
Já neste fim de semana, estarei ai no Brasil revendo a tropa que examinei no inicio do ano em minha peregrinação pelos haras e conhecendo os que não tive o ensejo de ver, por total falta de tempo. Criamos cavalos de corrida competitivos em qualquer ponto do planeta, em que pese, muitos não acreditarem sequer que estes depois de terminadas suas campanhas, possam reeditar no breeding-shed, o que foram em pista. Pensem nisto, pois, nossos criadores merecem que nossos bonés sejam retirados em suas homenagens.
Boa sorte, nas vendas para todos.