Não creio que caiba dentro das obrigações de um profissional, julgar as atitudes daquele que investe e usa seus serviços, principalmente numa atividade tão incerta e efervescente como a do turfe.
Há de se convir, que na maioria das vezes existem razões que a própria razão desconhece. Veja o caso recente do vencedor do Belmont stakes, Arcangelo, adquirido ainda como yearling, pela ridícula quantia de US$35,000. Sendo ele um elemento filho de Arrogate, cuja cobertura custara, bem mais do que isto. Havia uma razão, o preço do risco? Evidente que sim.
Archangelo trazia problemas de OCD, com previsões boas de não afetar sua vida atlética. Porém a sombra do risco, existia. E afugentou muita gente, sabedora do problema. E este é na minha opinião a validade de se ter um repositório de X-Rays, pois, evita que o mercado na ignorância do fato, faça alguém gastar US$500,000 para depois simplesmente devolve-lo e privar a aquele que não termia a arriscar US$35,000, de adquiri-lo. E a história talvez tivesse uma direção distinta.
Risco tem preço. Pois há de se convir, que uma coisa é assumi-lo por US$35,000. Outra por US$500,000. Certamente foi o que norteou o Old Friends e seu grupo em arriscar US$45,000 em uma potranca reconhecida de antemão como portadora de riscos. E o resultado da coragem de enfrenta-los? Muito alegria com o passar do tempo. Imaginem o que seria de Farda Amiga se não houvesse um depositário. Seria devolvida horas depois de examinada e talvez nada houvesse acontecido em sua vida.
Seattle Slew custou US$17,000, Sea Girl tão somente US$1,000 e Holy Bull nem sequer passou de um presente, e todos, e eu digo TODOS, sem exceção, foram champions em suas categorias. Lembrando que estes por serem portadores de outro mal: o da falta de genética para o conceito de suas respectivas épocas.
Preço não define qualidade e risco deve ser medido individualmente. Porém, o certo é que se sabendo antes, evita-se surpresas posteriores. Há custo? Evidentemente que sempre haverá. Mas aquilatar o preço do risco, coíbe desmandos e devoluções, inerentes aos casos que desvirtuaria o destino de qualquer animal. No momento que quem investe em algo a custo menor, portador de um risco, o faz como sendo este uma pedra preciosa que necessita de toda a atenção. Enquanto para aquele que investe neste mesmo animal uma quantia considerada cara, não é obrigação demonstrar coragem e desrespeito ao dinheiro.
Devolve-se algo que na realidade não vale o preço despendido para uns, mas que ajuda a outros a arriscar na esperança que as coisas convirjam para uma direção mais certeira.
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