Quando a manifestação ser torna maior do que o motivo do manifesto, não creio que as coisas possam ser colocadas em seus devidos lugares. A não ser se dissecadas de maneira cirúrgica. A que me refiro? A grande manifestação popular eclodida com a não desclassificação do cavalo Mandrake, no Grande Prêmio Major Suckow. Foi realmente estrondosa. Em mais de 50 anos de final de semanas do Grande Prêmio Brasil, nunca vi uma igual. Reverbera até agora no ouvido de todos.
Resta saber se foi justa ou não.
Eu aceito qualquer tipo de manifestação e procuro tentar descobrir o cerna da mesma, seja ela qual for. Mesmo que possam me considerar parte do problema, já que mantenho laços profissionais com a turma do H e R, creio que ainda sou capaz de separar o crível, do incrível e analisar com justiça situações como estas. Afinal ambos são patrocinadores deste blog.
Entendo as razões que levaram a tal explosão e as enunciarei no decorrer deste, mesmo num ambiente sóbrio, onde o publico dos hipódromos, tende a se comportar com maior altivez, do que o dos estádios, como se comportou este sábado. Coisa que na citada situação infelizmente se verificou.
Quando o Moreira sentiu a incomoda presença de um adversário, com maior ação, a seu encalço, faltando menos de 400 metros para o disco, espertamente sai das cerca e trás a favorita Oriana do Iguassu na direção de Mandrake. De maneira alguma com a intensão de chocar-se com este, mas para demonstrar a força de sua pupila e quem sabe com isto, diminuir o ímpeto do empenho de seu adversário. E nota-se que para que isto viesse a acontecer, o brilhante jockey brasileiro, não apenas troca o chicote de mão, transferindo-o para a mão esquerda, bem como com a direita faz com que a favorita venha a encarar o perigo e com isto a tirou momentaneamente da cerca..
O não menos brilhante Gil, sentindo a ação, errôneamente deixa seu pupilo colar na adversária e parece ter êxito, a ultrapassando, porém, Oriana não se deu por vencida e voltou a reacionar por dentro e ambos cruzaram o disco, com diferença mínima em favor do potro, que levava uma descarga relativa a idade.
Porque digo erroneamente? Porque em linha reta o cavalo pode exercer uma ação maior do que simplesmente mudando de pista. Logo, se mantivesse seu curso normal, talvez tivesse ganho por cabeça
Resumindo, se houve dolo, a meu ver o houve de ambas as partes e como acho que os ingleses estão certos quando priorizam o ato da desclassificação apenas em situações quando fica claro aos membros da comissão da carreira, que o prejudicado diminuiu sua ação dado ao prejuízo unilateral de seu adversário, incorrendo assim na perda da corrida, concluiria, que eu manteria o resultado da carreira.
Outrossim, igualmente entendo que se desclassificado fosse, não seria um absurdo, pois, o enlace esteve sempre sujeito a interpretação daqueles responsáveis pelo julgamento da questão. Como no VAR, quando a adoção ou não de um pênalti.
Já presenciei várias desclassificações por muito menos e a manutenção de resultado por bem mais. Logo, o que me resta pensar, foi a razão que levou o publico a tão uníssona vaia. E creio que o simples fato de Oriana ser - com toda justiça - a crava do dia, tenha contribuído de forma significativa para a estrondosa vaia nunca antes ouvida em fim de semana de tanta importância. Sair de um bolo de sete pontos ou de um Betting, justamente em sua crava e em situação tão controversa, incita tanto a gregos como a troianos, a agirem de uma mesma forma.
Numa prova com final tão renhido como este, acredito que não se possa afiançar, quem foi o melhor, embora tenha havido um vencedor. Apenas quem foi o vencedor. Oriana em momento algum deixou de ser o monumento a velocidade que o é, mas há de se convir, que se ela reedita a carreira do ano anterior, teria mais chances de sair-se vencedora este ano. Mandrake, como num passo de mágica, avançou vários degraus. Isto foi a opinião minha, do José Carlos Fragoso Pires Junior, de seu filho Zequinha, e dos integrantes do Ninho do Albatroz, o Gil e o Marcel, quando reunidos no camarote do Figueira do Lago.
Não creio que houve desabono nenhum na derrota de Oriana, muito menos certeza absoluta de superioridade de Mandrake na vitória. Houve sim a apresentação de dois excelentes animais. E o turfe certamente teria ganho ainda muito mais, se não houvesse tido, tão perepitória vaia.
No mais há de ser ressaltado, o reprodutor Tiger Heart - por nós importado a mais de uma década atrás - ser o pai dos três primeiros colocados, num resultado que creio eu, nunca ter visto acontecer no Brasil, em prova de graduação máxima.
Na outra prova de graduação máxima, o Grande Prêmio Roberto e Nelson Seabra, sem a presença daquela que parece ser o melhor cavalo em treinamento no turfe brasileiro, High Wire, uma confirmação do resultado da prova análoga este ano disputada na festa do Grande Prêmio São Paulo: Kenlove na cabeça!
Ser filha de um reprodutor nacional, no caso Didimo, por si só já chama a atenção. Mas quando vemos as chances até agora a ele oferecidos, a meu ver, engrandece ainda mais o fato em si. Agora sobre nova administração, do Cifra no Paraná, espero que chances maiores a ele sejam dadas.
Oportunamente falaremos da Orla de Ipanema, onde atualmente me encontro escrevendo este na varanda do Edson, uma potranca que em sua terceira saída as pistas, deixou lavrada em ato, publico que a tríplice coroa carioca, a ser disputada, dificilmente lhe escapará de suas patas...