Da varanda do Tio Edson, ao amanhecer de cada dia, muita coisa tem vindo a dar à minha cabeça. Reflexões e auto criticas. Porque? Pois ela, a varanda, descortina com imagens e sons, o que foi minha infância e juventude. Aquele que foi o meu playground maior. As praias de Ipanema e Leblon.
Quero que entendam, desde já, que Copacabana e São Conrado, tem seu charme, mas meu coração pertencem a Ipanema e Leblon. São coisas incomparáveis, porém sensíveis a quem delas se aproveitou e viveu seus melhores momentos. Só o Renato Portalupi aplaude quando leva um chocolate...
Mas não importa. Seria como querer julgar se a xícara de cafezinho fosse melhor que a cuia de chimarrão, cedo pela manhã. Porém de uma coisa tenham plena certeza, dependendo do que foi a sua infância e juventude, a preferência se dará pelo resto de sua existência. Mas você tem que respeitar aqueles que pensam de forma distinta de voce. E admirar até o contraditório.
Volto a perguntar, sobre uma divergência que ora impera no turfe mundial. Quem poderia vir a ser o melhor fora da pista, Gunner Run ou Arrogate. Eu diria como um antigo porteiro do prédio de meus pais, ressalva com um sorriso nos lábios: seja loura ou morena, qualquer prazer me adverte.
Pois a mim também acontece, apenas com um pouco mais de reserva...
Eu sinto o desaparecimento prematuro de um, e a estancada dada pelo outro, que espero que seja apenas momentânea. na pista foram sublimes, e pelo que foi demonstrado no breeding-shed até aqui, também o são.
Temos que ser criteriosos naquilo que selecionamos, dentro e fora de nossas vidas. No caso de cavalos de corrida, poucos são aqueles que se referem as linhas baixas ou mesmo as estruturas genéticas, da mesma forma que o fazem com os garanhões. E eu em meu conceito pessoal, não diria que deva ser assim.
O pedigree de um cavalo tem que ser analisado como um todo, pois, ele como sempre defendo, é o mapa da mina. Possui todas as instruções que o levarão ao tesouro, mas precisa ser entendido, pois aquele que o criou, o fez com um único intuito: suplantar seu adversário. E a reciproca passa a ser mesma.
Nestas vendas, existem lotes não compreendidos a primeira vista, mas depois de dissecados, se tornam fáceis de ser entendidos, aos examina-los, fisicamente. O problema são aqueles investidores, que se deixam levar, pela negatividade antecipada. Aquele que simplesmente muda de página, na ânsia de achar no catalogo, tão somente aquilo que está disposto a achar. O mente aberta parece ser algo difícil de se encontrar no mundo do investidor do mercado brasileiro do cavalo de corrida.
Eu acho errado aqueles que pensam que a ocasião faz o ladrão, pelo simples fato que acho que nada deve ser roubado e sim conquistado, se não pela força do dinheiro, que seja pela força do conhecimento e da imaginação. Ou seria que Quari Bravo, Cacique Negro, El Santarém e Riadhis, para se citar os quatro cavaleiros do apocalipse genético. foram produtos do inimaginável?
Não cabe. mim, desenterrar cadáveres, pois, eles não trarão mais aquilo que anseio: o grande cavalo de corrida. mas pelo menos eles deixam ensinamentos de pecados que não deveríamos ter cometido, Pois, na era antiga, onde não havia um DNA que concluísse, verdadeiras filiações, haviam aqueles boatos que In Command era na verdade Egoísmo e Santo\io, era apenas um nome dado a um desconhecido viajante.
Não podemos crescer como atividade, se não houver transparência e conhecimento de causa. A transparência hoje existe, o conhecimento ainda está fraco. Mas a imaginação pode imperar mesmo entre os mais ignorantes, por ser um dom nato. Usem-no, enquanto o conhecimento não nos nutre de insumos e deixemos de querer comparar a xícara do café com a cuia do chimarrão.
