O que faz do turfe uma atividade milenar? Creio que a imprevisibilidade associada a emoção da conquista.
O pequeno ganhando do grande, o fato do importante investidor nem sempre se transformar no dono absoluto da disputa. Enfim, nunca se sabendo com certeza o dia de amanha. Afinal, a história já provou que um dia você pode estar a meio passo de ser tornar o cavalo do século e um dia depois, apenas o cavalo que perdeu sua invencibilidade para Sassafrás.
A qualidade do espetáculo é primordial.
Não há sexualidade num coito em Javalis nem para tarados sexuais, como não existe um Lago dos Cisnes que resista a mais de uma apresentação, tendo como bailarina principal, uma Dilma Roussef. Como disse, a qualidade em um espetáculo é primordial, logo os que os integram tem que ter um mínimo de classe.
O que apresento a seguir é recorrente de vários comentários que fiz durante quase uma década e que volto, volta a meia, a ter que refazê-los. E o faço, ciente da importância dos mesmos, pois, o são em toda e qualquer atividade que participamos.
Hoje vivemos Copas América e torneios classificatórios para a Copa do mundo, na América do Sul, deploráveis. Logo, foi-se todo e qualquer respeito que outrora uma seleção brasileira exercia, em nosso povo. Perdemos, este respeito, pois, ninguém mesmo com um nome um dia idolatrado, mas que de anos para cá caiu na vala comum, resiste. Imaginem um Bolivia contra Venezuela. Eu preferiria o coito dos javalis...
No turfe, são os Flightlines, Frankels e Ribots, que harmonizam e perpetuam a festa. Que criam na cabeça dos sonhadores, a possibilidade de um dia ter algo assim em suas mãos. Não importe a análise de custos ou o número de tentativas necessário para se atingir o objetivo. Eles são palpáveis e poderiam ser seus.
Tudo no turfe já provou ser possivel. Variam, os percentuais de acerto, mas não existem impossibilidades. Quem diria que Nureyev, um dos maiores garanhões da história e com a pinta de ser um tremendo sire of sires, não tenha ido para frente? Ai, ao apagar das luzes, eis que um neto seu sprinter, chamado Pivotal, ressurge o segmento das cinzas e cria um novo alento. Passa o tempo e quando este parecia fadado a desaparecer, eis que um filho seu volta a ressurgir das cinzas e se transforma numa sensação a ser regiamente explorada daqui para frente. Sim estamos falando de Siyouni, que nós brasileiros rejeitamos a um oferecimento de shuttle.
Seriam as histórias de Tapit, Into Mischief e Woottom Bassett distintas? Qual a certeza que aqueles que neles acreditaram no inicio, tinham deles se transformarem nos sucesso que são? Poucas, para não se dizer na verdade, nenhumas.
Alguns destes sucessos podem até ser explicados. Outros não. Outrossim, o que importa, é que aos primeiros indícios da possibilidade de acerto, aqueles que tiveram a vivacidade de perceber, caim de cabeça. E não meçam esforços. Existe um preço de risco? Evidente que sempre existirá. Mas com certeza com muito maior chance de acerto, que trazer fracassados ganhadores do Arco, em haras de muito maior potencial genético em suas éguas.
Volto a minha guerra particular, pois, acho que o que foi feito com filhos de Ghadeer, Waldmeister, Roi Normand, Locris e Earldom, para se citar apenas alguns, foi no mínimo um crime de lesa a pátria. Um desperdício, inimaginável. Ignora-los em detrimentos de coisas cheirosas mas de nenhum valor, trazidas do exterior a peso de ouro, são a razão de termos diminuído abruptamente nossa produção anual e de limitarmos o número de bons cavalos que somos capazes de produzir. E por incrível que pareça, ainda somos capazes de produzir.
Pesquisem, quantos filhos de Tapit, Into Mischief, Siyouni e Woottom Basset entraram recentemente na reprodução e quantos de Gunner Run irão entrar. Meus caros navegantes, não se faz um verão com apenas uma andorinha. Logo, não se faz um Tapit e um Into Michief, sem testar dezenas de Pulpits e Harlan´s Holidays. E quantos filhos de Agnes Gold e Wild Event, serão testados no Brasil? Vamos dizer com mais de 20 éguas. Espero por suas observações, mas imagino quais repostas irão vir..
Logo, o problema do garanhão nacional, é complexo. Pois, não depende apenas dele e daquele que nele confiou. Mas sim da adesão de um mercado do qual depende, e que em muitos casos por gente que possa ser capaz de se encantar com um coito entre javalis ou deliciar-ser de ver a Dilma de sapatilhas, representado um cisne no palco.
Triste realidade...