Sou da era em que a comunicação se transformou do ouvir e ler, para o ver e comentar. Isto para a nossa atividade, foi simplesmente um verdadeiro absurdo. Inclusive nesta última live, o jovem Gil Moss, em seu depoimento, dá como um dos marcadores de suas fronteiras, as conversas que ouvia de seu pai e de seu avô, ambos turfístas, sobre Baronius e aquele Grande Prêmio Brasil, onde ficou devidamente provado e sacramentado, que mesmo o fora da curva, nem sempre pode bater a tudo e a todos, se um complô for montado contra ele, em seus domínios, por forças tão fortes como as suas.
Pois bem, eu não só estava presente na Gávea, como escrevi sobre a carreira. Como fica aqui bastante claro, sou do tempo do ouvir e ler e iniciando meus estudos ouvindo os antigos turfístas e lendo livros e revistas especializadas, que graças ao senhor Atualpa Soares, tomei conhecimento existir, na Europa, passei desde o inicio a compreender que os resultados em pista, não eram uma versão do acaso do Espírito Santo. Haviam pedigrees e físicos a serem estudados. As corridas de cavalo eram mais complexas que uma simples demonstração de velocidade.
E, neste período, vinha de tomar conhecimento que a superioridade argentina, sobre a brasileira em provas internacionais de stamina e mesmo velocidade era absoluta. Para se ter uma idéia, de 1950 - quando nasci e Tirolesa ganhou - a 1961, - quando passei a ouvir e entender a a vitória coube a Arturo A - na lista de vencedores de nossa prova mais importante, o Grande Prêmio Brasil, constavam os argentinos, em nada menos que dez, das doze oportunidades, ficando a cargo de um geração que tivemos impar de ganhar nas duas que nos sobraram, com Narvik e Farwell.
O que fazia dos argentinos tão poderosos? Genética.
Estudando com afinco, tutelado pelo senhor Atualpa Soares e lendo as revistas européias e os livros que tive o ensejo de conseguir, descobri algo chamado Ojo de Agua, uma haras argentino, que na minha concepção foi o mais importante que tivemos na América do Sul. E assim, quando arrumei um espaço para escrever na Turfe e Fomento e posteriormente na Hippus, fui uma dia a Balcarce conhecer o haras que um dia alojou, Cyllene (foto acima), Congreve (foto abaixo) e Aristophanes, e que na época já em queda vertical, alojava Good Manners e Babas Fables. Mesmo assim, lá voltei por mais quatro vezes, três das quais para fazer estágios.
Hoje você pode tomar conhecimento da história de quem quer que seja, com um toque no Google. Na minha época você tinha que ir lá e dar uma de São Tomé, para não só ver, como para poder crer e escrever.
A partir dos próximos dias, vou trazer a saga de Aristophanes, que embora tenha vindo antes do último grande reprodutor do Ojo de Agua, Good Manners, foi graças as suas filhas, que o sucesso do último se deu. Espero que os navegantes desta página apreciem.