Sempre acreditei que uma noite mal dormida num avião, não deve ser de toda perdida. E também, que um projeto bem bolado e executado acaba dando frutos, se não imediatamente, mas em um futuro de médio ou longo prazo. Outrossim, o mais importante, a meu ver, é que este projeto, torna-se eterno a medida que os anos passam e as gerações se modificam, mesmo que ele não venha a ter a objetividade de outras obras, como as pirâmides de Giza, nas cercanias do Cairo.
Hoje o mundo vai a Cheops, Kephren e Mykerinus, mesmo levando-se em conta que o conjunto arquitetônico possa a desejar e sua função nunca tenha na realidade existido para o bem da humanidade. Mas elas estão lá, o mundo as venera e o quer visitar.
Quando o jovem Edward Stanley (1893 - 1948) consolidou-se como o 17th Earl of Derby, um de seus atos mais corretos, foi adquirir, já aos dez anos de idade, a reprodutora Gondolette, cheia de Minoru, pela quantia de 1550 Guineas, nas vendas de Dezembro de Newmarket. Foi um ato pensado, como anos antes também o fora de seu pai, ao adquirir a Canterbury Pilgrim. A razão básica de adquirir a uma égua corredora de claimings, foi surpreendentemente não entendida por muitos para a época, por ser ela uma filha do apagado Loved One, este um filho de Pilgrimage (The Palmer) e assim fortalecer o imbreed na mesma, com os cruzamentos de Gondolette, com dois netos desta filha de The Palmer, Chaucer e Swynford. ambos filhos da Oaks winner Canterbury Pilgrim. Era o conceito daquilo que um dia viria a ser conhecido mundialmente como o Rasmussen Factor. Sendo aplicado, enquanto nós ainda vivíamos o governo do marechal Hermes da Fonseca, sem ainda a existência sequer de Gávea e Cidade Jardim. Imaginem quantos anos luz os britânicos já estavam à nossas frente.
Pilgrimage, sempre fora vista pelo staff técnico de Lord Derby, como um must, pelo que apresentara em pista, ganhando seis de seus oito compromissos, entre os quais ambos os Guineas e que além de ser segunda no Oaks, onde mancou quando a corrida parecia estar à sua mercê, Pilgrimage, era imbreed numa das mais respeitadas reprodutoras do planeta, em sua época, Banter e reprodutivamente ela própria já havia se consagrado na produção do Derby winner Jeddah e da já citada Oaks winner, Canterbury Pilgrim. Mas até que ponto o apagado Loved One, poderia funcionar como mensageiro? Esta era a questão.
A verdade é que ele funcionou, pois, Gondolette - ela própria imbreed nos irmãos inteiros The Palmer e Rosicrucian - produziu a sete produtos, sendo um deles seu primeiro ganhador de Derby, - para Lord Derby - Sansovino, e a ganhadora dos Guineas e do Oaks, Ferry. Ambos filhos de Swynford. Ambos imbreeds em Pilgrimage. Outrossim, o maior legado deixado por Gondolette para o élèvage Derby, foi justamente o que ela trouxera na barriga quando adquirida: a égua Sereníssima.
Serenissima produziu a nove produtos para o élèvage Derby. O seu terceiro foi a tríplice coroada Tranquil (1,000 Guineas - Oaks - St. Leger), o quarto o ganhador da Liverpool Cup. Schiavoni e o sexto o ganhador da Ascot Gold Cup, Bosworth. Os dois primeiros por Swynford e o último pelo rei dos stayers, Son-in-Law. Mas foi na realidade seu segundo produto Selene, por Charcer, que veio a fazer desta linha um marco da criação mundial.
Nascida pequena como seu pai e como a mãe do mesmo Camterbury Pilgrim, Selene não veio a ser inscrita nos clássicos ingleses. Big Mistake ! Pois, além dela ser a melhor dois anos de sua geração, onde venceu o Cheveley Park Stakes de Newmarket e foi segunda no Queen Mary Stakes em Royal Ascot, aos três anos ela venceu o Park Hill Stakes de Doncaster, a prova para fêmeas disputada no mesmo dia e na mesma distância do St. Leger.
Continua no sábado