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quarta-feira, 11 de setembro de 2024

PAPO DE BOTEQUIM: O ÙLTIMO DOS MOICANOS

Nesta última segunda feira na live do Ninho, foi aventada a possibilidade na queda da graduação de uma um dia importante carreira em 2,400m na areia, o Bento Gonçalves do Cristal.  Algo a se lamentar, mas que dificilmente será evitado, partindo-se dos preceitos atuais da permanência dos grades internacionais. O Edson Alexandre está coberto de razão. Otrossim, não deixa dele ser algo a ser lamentado.

O Brasil, principalmente seus dois principais hipódromos, Gávea e Cidade Jardim, tiveram seus calendários moldados, tendo como base o calendário francês, cotado no inicio do século passado, como o mais importante de nosso planeta. A grama era a pista e a milha e meia a distância primordialmente clássica. 

Outrossim, isto de maneira alguma impedia das principais provas de nossos dois subsequentes hipódromos oficiais, Taruma e Cristal, tivessem no Grande Prêmio Paraná e no Bento Gonçalves, suas provas de maior expressão. Ambos disputados na areia. E isto de uma forma de outra, não descaracterizou o perfil principal de nosso cavalo de corrida, melhor adequado a grama. Lembram de Dilema, Arnaldo, Grão de Bico, Riadhis, Clackson, Kigrandi e outros que possam sr colocados neste mesmo patamar? Todos ganharam o Paraná, quando o mesmo tinha suas premissas iniciais: areia e milha e meia. E foram Champions na grama.

Com muito menor ênfase, também o Bento teve seus momentos de brilho do cavalo de grama na areia, porém coisas diferentes sempre aconteceram no Cristal, que para muitos, tem uma pista diferente. É a nossa Aqueduct, daqui. Zirbo, por exemplo, ganhador de três Bentos, o fez, encima de três grandes cavalos de grama: Clackson, El Santarem e Reichmark. Lembram? Como três foram também os Bentos, levantados por El Asteroide, Hiper Gênio e Ilustre Senador, estes sim considerados cavalos de areia. N'ao pertenceriam eles também ao patamar de grandes cavalos, mesmo que melhor versados na areia?

Não entrarei no mérito da questão, porém, o Grande Prêmio Paraná, hoje é disputado na grama e se não me engano em 2,000 metros. Vocês acham um desserviço para a história uma mudança tão radical? A tradicionalista França mesmo diminuiu a distância do Prix du Jockey Club - seu Derby - de 2,400 pra 2,100 metros, assim como de seu um dia mais importante do mundo, Grand Prix de Paris, de 3,000 metros para os 2,400m. E nenhuma destas duas provas tiveram seus grades rebaixados.

Vou ter dificuldades iniciais de me acostumar com um Grande Prêmio Paraná, na grama e em 2,000 metros. Mas o que fazer? Me acostumei com o Derby francês, porque não o faria para com a prova do Tarumã? 

Não temos o perfil do cavalo de areia. Mas creio que já fomos capazes de gerar alguns especialistas nesta questão. Não muitos, mas expressivos. Estentor em sua época. Mr. Nedawi décadas depois. E creio que o fato de importarmos para nossos breeding-sheds mais elementos testados no dirt que na grama, não influi em nada, pois, dirt nada tem a ver com areia. Pisos diferentes. E mesmo nos diversos tipos de areia, são notadas significativas diferenças.

Acho válida a manutenção da distância e pista de areia no Bento, embora deverá ser tratada em termos de prova, como o último dos moicanos, na literatura. Paciência. Gauchos amam "desbragadamente" o Bento, o Protetora, o Turfe gaucho, assim como outra gama de turfistas, as pencas de Carazinho e demais canchas retas. E não seria uma questão do "tem gosto para tudo". Apenas o homem tende a ser produto de seu meio.