Creio ser louvável, um cavalo de nacionalidade brasileira, sair de suas fronteiras continentais, e superar o coetâneo do hemisfério norte, dotado de um maior poder genético, completamente aclimatado e na grande maioria das vezes, detentor de mais competentes conexões. Logo, o que Pico Central, Einstein, Riboletta, Leroidesanimaux, Siphon, Ivar, In Love, Sandpit e Bal a Bali conquistaram, fora de seu hemisfério, os colocam num patamar mais alto entre os nacionais que enfrentaram o mundo.
Não é nacionalismo pensar assim. É apenas ter uma verdadeira noção da dificuldade que é desbravar nos Estados Unidos e roçar pelo, na grama e no dirt, qualquer que seja o hipódromo, e em distâncias até mais apetitosas ao elemento local. Só quem não participou, ousa duvidar.
Assim sendo, estes e mais Hard Buck pelo que fez no King George, Duplex tendo em vista o rapa que impetrou na Argentina, no Uruguay e no Peru, Much Better no Brasil e Argentina, somados a Gloria de Campeão pelo consagração obtida em Dubai, seriam para mim, os mais importantes cavalos brasileiros de nossa história. Não que Itajara, Falcon Jet, Quari Bravo, Palemon, Derek, Cacique Negro, Immesity, Riboletta e outros que não me venham neste momento a memória, não mereçam também partilhar do mesmo patamar. Certamente não incluo Farwell, Escorial, Adil, Albatroz, Heliaco, e antigos que não vi correr, para manter um mesmo critério de avaliação e afirmo sem receio algum de estar cometendo uma falácia, que o turfe brasileiro merecia um muito maior respeito, pelo que conquistou fora de suas fronteiras, com condições, quase sempre inferiores a de seus adversários. Respeito por parte de nossos governantes.
Quantas nações foram capazes de ganhar um Metropolitan Handicap, ou ter dois vencedores de um Santa Anita Handicap? Qual outra nação fora da Europa foi capaz de conseguir uma segunda colocação em um King George?
Isto não é nacionalismo hipócrita. Isto é observação lúcida.
Nossos profissionais, em que pese as condições em que são obrigados a trabalhar, demonstram dia após dia, capacidade técnica. Com todo respeito à nossos campos, citei até aqui cavalos criados nas mais dispares regiões do pais. Em quase todas, e ressalvo QUASE TODAS, pois, de Bananal a Bagé. De Cesario Lange a São José dos Pinhais, o tiro veio certeiro e mortal.
Fico perplexo, não apenas pela capacidade técnica de nossos veterinários, estejam eles atuando dentro ou fora das pistas, assim como com o resultado de nossos jockeys em diversas partes do mundo. Paulo Lobo nos Estados Unidos é a prova viva que também neste setor, exalamos qualidade. Assim sendo, pergunto, porque o desrespeito? Porque a indiferença? O que está acontecendo? Uma ojeriza por um esporte, de elite, mas levado avante por profissionais de carne e osso, a maioria dos quais advindos das mesmas regiões de nossos futebolistas? O que nós faz, sentir-me-nos inferiores? Nosso eterno complexo de vira-latas?
Não ofertamos a nenhum de nossos profissionais a qualidade de formação e treinamento, ofertada pelos principais centros turfísticos do hemisfério norte, a aqueles que por lá nascem. Nem mesmo da Austrália, África do Sul e Argentina, entre os de mesmo hemisfério, houve tanto sucesso em provas da mais alta qualificação. Desculpem a audácia, todavia, competimos no mesmo padrão e em diversas oportunidades nos saímos melhor. O que isto prenuncia? Talento.
Senhores hoje a politica brasileira está estupefata com a atenção de uma pessoa que até poucos anos atrás o nome nem era reconhecido pela grande maioria, tem exigido a postura de um novo M em nossas vidas. O talento o leva ao sucesso independentemente que este possa ser sua ambição maior. E nós no turfe, desafiando toda e qualquer ação de raciocínio lógico, conseguimos sucesso internacional.
A vida é uma dança, como afirma o respeitável bovino, na introdução desta nota. Para saber dançar, é necessário ritmo e ritmo é parte do talento. A técnica vem com o treinamento, outrossim sem talento o máximo que se chega é ao Irajá.