O que me surpreende foi receber um email, de um confesso navegante de pouco mais de 15 anos, segundo ele próprio apaixonado pelo turfe, com um pedido inusitado. Inusitado por um simples motivo: agradeço, mas não mereço. Simples assim.
E qual foi este pedido? Um autografo.
Sim, isto mesmo que vocês estão lendo. Um autografo. Aos 74 anos completados, fui convidado a dar um autógrafo. Para mim, este pedido é de um ineditismo assombroso. Como uma resposta lógica da Dilma ou uma confissão de seus crime por parte de Lula.
Pois bem, combinamos que um dia que nos encontrarmos, e ele ainda quiser, autografo meu livro, O Submarino da Lagoa Rodrigo de Freitas. Até lá espero estar vivo.
Não creio que alguém outro do turfe, que não seja jockey ou treinador militante do turfe brasileiro, tenha recebido tão inusitada solicitação. É para ir para um livro de recordes. Mas fico lisongeado, embora nada mude essencialmente em minha vida.
Uma vez conversando com Bobby Frankel em seu barn em Saratoga, vimos a aproximação de um casal, que educadamente pediu ao treinador por um autografo e uma foto. Ele olhou para mim, com aquela cara de poucos amigos, e atendeu a solicitação, enquanto eu servia de fotografo, numa época que as pessoas ainda usavam máquinas fotográficas em fotos de turismo. Estamos nos reportamos ao inicio deste século.
Bobby que era um cara de larga experiência, com formação no Brooklyn, New York, me contou que quando jovem, aceitou a solicitação de um pedido de autografo e esta sua assinatura foi usada para uma tentativa de falsificação. Por isto, dispensava situações como aquelas.
O Edson Alexandre, instituiu recentemente o prêmio da ferradura de ouro, para o mais incompetente treinador da temporada internacional e ele mesmo escolheu o Steve Assmussem, pois Chad Brown que vinha liderando o ano com ampla vantagem sobre os demais, - e seria o meu escolhido - redimiu-se ganhando a Classic, quando ninguém mais acreditava que Sierra Leone o conseguisse. Eu por sua vez, aproveitei a onda e criei o prêmio bridão de Prata, para o jockey que mais tenha decepcionado na temporada, e escolhi o Mike Smith, que aos cinquenta e poucos anos, podre de rico e ainda decantado em odes e versos pela imprensa especializada, só teve uma única montaria no programa da Breeders. Não seria uma passagem apenas de ida para o Irajá?
O turfe norte-americano não perdoa. Grandes nomes como Leroy Jolley, John Veitch e Nick Zico, para se citar apenas três, conheceram o pico do sucesso e afundaram-se na areia movediça do fracasso. Vivemos hoje, dias distintos. Chad Brown, Steve Assmussem e mesmo Aiden O´Brien podem cometer os erros que comentam, que dificilmente irão chafurdar na lama. Estão bem escorados.
Anos Atras, grandes cavalos corriam mais de 15 corridas para provar seu valor. Man O´War ganhou 20 de suas 21 disputas. Secretriat 16 de igualmente 21. Citation 32 de 45. Kelso 39 de 63. Count Fleet com números idênticos a Secretariat. Dr. Fager 18 de 23. Native Dancer, 21 de 22 e Forego, 34 de 57. Pois bem isso era uma era. Que não vii. Apenas li ou vi filmes e videos da época.
Mas de Seattle Slew, Spectacular Bid e Affirmed, posso falar. O primeiro fechou com 14 de 17. O segundo 26 de 30 e o terceiro 22 de 29. Seria o que acontece nos dias de hoje? Vejam quantas correram Flightline, Arrogate, Gunner Run, Justify e American Pharoah? Será que a criação norte-americana decaiu, ou a qualidade dos treinadores atuais e o receio dos proprietários, a verdadeira razão deste êxodo precoce das pistas?