Bom dia. Continuando por nossa passagem por Lexington, chegamos na famosa Darley @jonabell, a estação de garanhões do Sheikh Mohammed responsável por toda operação da marca Godolphin no mundo. Como não poderia deixar de ser, tratamento real em uma fazenda impecável! Aqui vimos MIDSHIPMAN: equilibrado, com centro de gravidade até baixo, sem problemas de conformação e bem musculado para a idade que tem. A produção dele no Brasil e no Chile é conhecida. Para nós particularmente foi especial pois pudemos recordar as vitórias de sua filha TWEET, que deu grandes alegrias aos amigos da cocheira. E em seguida pedimos para ver CODY'S WISH. Tivemos que esperar alguns minutos pela preparação do jovem reprodutor, pois aqui a palavra é excelência, ou seja, enquanto ele não estivesse impecavelmente arrumado, eles não iriam nos apresentar ao animal. O filho de Curlin, em uma excelente família materna, realmente surpreende ao vivo. Cavalo de paleta poderosa, grande, muito proporcional e com empurradores potentíssimos. Fisicamente foi um dos melhores que vimos. Além da maravilhosa história que envolve a escolha do seu nome pelo menino Cody original e cuja história em breve irá para as telas de cinema. Garanhão que deve receber bastante apoio e merece ser acompanhado de perto. Depois vimos o destacado NYQUIST e o iniciante ESSENTIAL QUALITY em piquetes. Como já tinham feito seus serviços pela manhã, foram recuperar as forças para voltar à monta na parte da tarde. Nesse quesito, o sistema lá fora realmente está em torno de 3 a 5 saltos por dia para os garanhões mais demandados. Tem que ter muito profissional competente e todas as engrenagens funcionando para a roda girar perfeitamente. Tivemos pouca possibilidade de compará-los com os demais, pois estavam soltos no piquete. Além deles, pudemos ver o MEDAGLIA D’ORO, que estava bem sentido de um problema na vista e não é nenhum jovem em serviço. Ele demonstra claros sinais da passagem do tempo e dos anos de serviço. Obviamente muito bem cuidado, apenas espero que se recupere logo do pequeno inconveniente e volte para cobrir o seu limitado número de matrizes que, salvo engano, se encontra em 50. Esta é a meta por lá. Minha esposa também procurou pelo tordilho FROSTED, que acompanhamos em seus embates contra o tríplice coroado AMERICAN PHAROAH e durante a sua entrada na reprodução. Ele se encontrava na cocheira, sob os serviços do ferrador. Belo animal, que não atingiu os patamares esperados em sua produção, mas que vai encontrando seu lugar com a queda do preço de cobertura e com menos expectativa em seus produtos. O mercado aposta, avalia e ajusta. Não tem outra forma de trabalhar na América.
Na manhã seguinte acordei bem cedo para acompanhar os aprontos de dois animais do Paulinho Lobo e conhecer o centro de treinamento. Conheci o jóquei Hecto Lazo, que veio lá do Uruguai e tem trabalhado animais em Keeneland e no CT. Vi, claro, também o nosso Marcelinho Almeida. Foi bem legal ver os dois aprontando juntos uma parelha do Lobo. Pista boa, muito frio na madrugada de Lexington e muito cavalo em pista. Piso muito bom, shade row (área coberta) para caminhar e aquecer os animais antes dos trabalhos no piso sintético e duas raias para galope. O que posso dizer de ponto negativo na estrutura de treinamento dos EUA é que os tempos ainda são de cronometragem manual, sistema bem arcaico. Não vi o uso regular de microchips e cintas para coleta de dados. Os países mais evoluídos em treinamento adotam sistemas mais modernos, que acabam com o chamado “guessing game” dos treinadores e veterinários. Ou seja, se apareceu nos dados biomecânicos realmente está lá. Com certeza o treinamento terá que evoluir para esse novo paradigma. Japão, Austrália e a cocheira do O’Brien usam (já há algum tempo) o que há de mais moderno em coleta de parâmetros biomecânicos. Com as propagandas que a HISA tem posto no ar, imaginei que a coleta de dados estivesse mais avançada na América. Vamos ver como esse importante mercado fará para alcançar os países que estão mais avançados. Fico por aqui dizendo que escrevi essa coluna ainda na cocheira da minha casa em São Paulo e agora estou em plena "Caravana do Albatroz" pelo Sul do país, na inspeção anual de potros. Trajeto Pelotas - Bagé - Curitiba. Até a próxima oportunidade.
Abs, Baronius
