Não o faço em tom de brincadeira quando afirmo que ser velho é uma merda ! Garanto aos mais novos que é mesmo, porem muito melhor do que morrer jovem. Logo, cuidem-se.
Outrossim, ser velho tem as suas vantagens e um delas é de ter visto mais coisas do que aqueles que ainda estão no processo de envelhecimento. O problema passa a ser então, lembrar delas...
Escrevi recentemente, dois ou três artigos sobre os tordilhos e não é que me esqueci de dois, que realmente tiveram importância em minha formação? Um que deu inicio a meu pensamento que o tiro pode vir de qualquer lugar. Seu nome Chubasco.
Nascido em Mato Grosso, naquele que um dia passaria a ser nome importante na história de nosso turfe, o haras Ponta Porã, o filho do já citado anteriormente Don Bolinha, quase foi tríplice coroado em São Paulo, sendo segundo nos 3,000 metros do Consagração para Zémario. Cabe-se notar que nos moldes atuais, ele já seria considerado tríplice coroado, pois entre suas seis vitórias constou os 2,000 metros do Grande Prêmio Jockey Club de São Paulo. E de quebra ele foi terceiro no Derby carioca e quarto no Grande Prêmio São Paulo. Talvez Old Master tenha tido mais títulos que ele.
O pedigree de Chubasco era de uma pobreza genética sem precedentes. Seu pai Don Bolinha, que foi igualmente bom em pista, todavia portador de um pedigree zero a esquerda, foi de onde ele herdou a pelagem. Sua mãe, Fifia, era filha do alemão Wilderer na francesa La Sana, esta uma Norseman em mãe Rose Prince. Na linha 3-c. Resumindo um nada. Mas ele assim mesmo dominou sua geração e em 1978 foi quarto naquela que era uma das duas principais carreiras do circuito nacional, o Grande Prêmio São Paulo. Que nesta oportunidade - no chamado ano das éguas - apresentou um campo fortíssimo, composto pela ganhadora do OSAF do ano anterior, a crioula do Malurica, Donética. De um segundo colocado chamado Tibetano, do São José e Expedictus, que no ano seguinte se sagraria vencedor desta mesma prova. De um terceiro colocado, que no ano anterior, havia ganho esta mesma prova, o uruguaio, Mogambo de propriedade do haras SantaAna do Rio Grande. E estes foram os que chegaram a frente de Chubasco, a menos de dois corpos. Atrás, imaginem, o vencedor desta prova em 1976, Big Poker. A seguir o ganhador do Derby carioca, Agente. O ganhador do Grande Prêmio Estado do Rio de Janeiro, Kopá. E ainda em sequência outro 11 elementos, sendo dois deles, ganhadores do Grande Prêmio Brasil, Big Lark e Janus e um ganhador da tríplice coroa uruguaia, Hampstead, este um irmão materno de Immensity.
Imaginem o que era o Grande Prêmio São Paulo no final dos anos 70. Compare seu campo com no disputado semanas atrás. Quem é novo pode apenas, ouvir, meditar e acreditar: Cidade Jardim, já foi um dos pilares do turfe brasileiro. Lembrem isto a este prefeitozinho banana que hoje comanda a cidade de São Paulo, por falta de opções.
E o que dizer de Lucarno?
Terceiro colocado no Grande Premio São Paulo, para a dupla argentina, El Virtuoso (25 de Maio) e Locomotor (Chacabuco). O tordilho filho de Fort Napoleon de criação e propriedade do haras São José e Expedictus, corria na primeira turma sul-americana, da milha a milha e meia. Sua mãe era uma tordilha, pelo tordilho Blackamor, em éguas filhas de Maranta, Formasterus e Trinidad. Leia-se pilares fundamentais da criação da família Paula Machado.
Ambos foram modestamente explorados na reprodução e como era esperado, nada produziram, Chubasco com 54 produtos em três gerações. E Lucarno com 58 produtos em sete gerações.
Apenas uma pergunta, que não quer se calar.
Não seria hora de nossa ABCPCC contratar gente que possa contar a história do que fomos, para os jovens que não tiveram a oportunidade de participar e desta forma também deixarmos um legado a aqueles que hão de vir?